Coluna Pomerana
WEEGE – Empreendedorismo Pomerano
Publicado em 18/11/2020 às 12:13
Em 1916, a Firma Weege construiu a primeira usina elétrica, visando tando a automação em seu maquinário e também a iluminação pública, tendo ainda vendido o excedente para a vila Rio do Testo.
Por volta de 1918 Hermann implantou uma pequena indústria de laticínios e uma fábrica de gelo, “exportando” gelo para várias cidades de Santa Catarina. Na produção de lácteos Hermann foi extremamente exitoso, em parte, por estar localizado numa das maiores bacias leiteiras do estado naquela época. Nos tempos de máxima produção, coletavam por dia 15.000 litros de leite no verão e 10.000 no inverno, incluindo vários municípios vizinhos. Com isso, em 1980 foi construído e equipado uma das mais modernas indústrias de lacticínios do país, com capacidade para beneficiar 60.000 litros de leite por dia.
Os principais produtos eram a manteiga, o queijo prato, queijo minas frescal e outros queijos mais seletos com maturação avançada como parmesão, pecorino, e o queijo gouda. Cabe destacar os queijos fundidos que, derivavam de outros queijos manufaturados (geralmente prato e pecorino) que eram cortados em pedaços, triturados e depois fundidos em autoclaves. O queijo de ervas (Kräuterkäse) em bisnagas se tornou um ícone. A sua receita teria vinda dos ancestrais da Pomerânia e que durante muito tempo ficou sob a regência de Guilherme Ziehlsdorff, o mestre na arte de confecção de queijos, que trabalhou na indústria Weege por mais de 60 anos. Aos queijos Weege e demais produtos foi conferida a marca “Olho” que também compreendia uma ampla variedade de embutidos oriundos de carnes bovina e suína.
O pioneirismo de Hermann espandiu o complexo Weege. Em 1925 também participou da composição societária da famosa fábrica de chapéus Nelsa S.A em Blumenau (ficava localizada próximo à FURB). O chapéu era um acessório importante naquele período e a fábrica era uma referência, inclusive premiada em 1926 em Florianópolis na exposição Industrial e Agropecuária.
O instinto empreendedor de Hermann não parava. Em 1931 patrocinou a implantação da primeira linha telefônica entre Blumenau e Pomerode, distribuindo 07 aparelhos pela cidade, além do número instalado na Firma Weege. Até o surgimento da Companhia Telefônica Catarinense, Weege custeou os materiais e a manutenção da linha. Mais tarde, a estrutura foi doada para a concessionária estadual de telefonia.
Sem parar de pensar no futuro e demonstrando já naquele tempo preocupação ambiental, em 1932 Hermann fundou o primeiro Zoológico de Santa Catarina. O Zoo foi oficialmente registrado em 1936 e convertido em fundação no ano de 1977. Aqui, cabe uma reflexão sobre a ligação dos pomeranos com a natureza. O historiador Ivan Seibel destaca que os habitantes da Pomerânia tinham um estreito vínculo com o mar, lagos e floresta. Antes da cristianização dos habitantes desta região que ocorreu por volta de 1168, aconteciam cultos dedicados às divindades da natureza. Então, “onde tem pomeranos, tem lagos”. O Zoo de Pomerode foi instalado em torno de um lago.
a mesma forma, Wolfgang Weege inaugurou em Jaraguá do Sul (1978) um parque compreendendo 1,5 milhão de m² de área preservada com mais de 35.000 árvores, 17 lagos e 133 espécies de aves catalogadas (Parque da Malwee). Retomando sobre o pioneirismo de Hermann, a Firma também adquiriu os primeiros caminhões de Pomerode, em destaque o seu pioneiro da marca Mercedes Benz. Engajado, Hermann não se limitava na atuação de seus negócios, participou ativamente do cenário político. Sendo Pomerode distrito de Blumenau, ele foi vereador de Blumenau nas gestões 1911 a 1915 e 1919 a 1927, bem como, deputado estadual na gestão de 1927 a 1930. Entre as conquistas como deputado estão as melhorias na estrada Blumenau/Pomerode e a estrada Pomerode/Jaraguá.
Já em 1936, a Firma de Hermann Weege foi transformada em Sociedade Anônima e passou a chamar-se Indústria e Comércio Hermann Weege S.A., foi quando os filhos Victor e Arno assumiram a direção. Na família Weege também havia vários outros negócios como áreas de apoio, entre eles uma fábrica própria de latas e caixas de madeira para embalagens, a usina hidrelétrica, o setor de transporte com caminhões próprios, oficina de manutenção, criação de suínos e de gado holandês. Ainda é importante destacar que a esposa de Hermann, Pauline Karsten Weege, realizou ações importantes para a comunidade de Pomerode. Em 1955 doou um terreno à comunidade para a construção de uma praça de esportes, atual Sociedade Esportiva Floresta. Em 1973, também doou aos funcionários um terreno e materiais para a construção de uma sede esportiva, a Associação Atlética Hermann Weege.
Como já mencionamos, o imigrante Carl, abalado com a morte da esposa, migrou para Jaraguá do Sul, passando a morar com seu filho Wilhelm. Wilhelm Weege, já tinha comprovado o seu espírito empreendedor na região de Jaraguá do Sul. Mas, em 06 de janeiro de 1906, instalalou um comércio de secos e molhados associado a uma queijaria. Mais tarde, estabeleceu uma indústria de laticínios, sob a marca Tabu, que alcançou prestígio fora de Santa Catarina.
Os negócios do “tronco” da família Weege em Jaraguá do Sul prosperaram em vários segmentos, como na agricultura, na área frigorífica e posto de gasolina. Em 1960 o comércio foi modernizado e de forma pioneira surgiu uma super loja de departamentos que funcionou até 1976. Em 1967 também chegou a instalar um engenho de arroz próprio que funcionou até 1972.
Em 1968, como empreendiemento de Wolfgang Weege, filho de Wilhelm, nascia a Malwee Malhas. A Malwee (composição das palavras malha e Weege), chegou a se tornar uma das maiores indústrias têxteis do Brasil. Wandér Weege, filho de Wolfgang que continuou e expandiu os negócios da família, também demonstrou grande apreço às suas origens e à valorização da cultura. Foi o idealizar do Museu do Imigrante na localidade onde seu bisavô Carl havia se estabelecido, quando chegou da Pomerânia.
Wandér, por intermédio dessa e inúmeras outras iniciativas, contribui, para o restabelecendo da memória da cidade de Pomerode, realçando a relevância dessa família empreendedora pomerana, a qual. durante muito tempo, foi o alicerce econômico dessa cidade e parte da região de Jaraguá do Sul.