Vereador grava vídeo e acusa prefeito de tentativa de suborno

Publicado em 29/10/2020 às 14:49

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O vereador Josimar Neves da Silva (Republicanos), o Tilim, de Afonso Cláudio, denunciou o prefeito do município, Edélio Francisco Guedes (MDB), de tentativa de suborno em troca de apoio político. Edélio, que está em seu quarto mandato de prefeito, tenta a reeleição pela quinta vez. Para sustentar sua acusação, o vereador gravou um vídeo, de aproximadamente uma hora e meia, em que o prefeito supostamente aparece se oferecendo para pagar uma conta do vereador, no valor de R$ 6 mil.

Vereador grava vídeo e acusa prefeito de tentativa de suborno 2O prefeito Edélio negou todas as acusações e disse que tudo foi armado contra ele

De acordo a denúncia feita pelo vereador, em troca do suposto oferecimento de pagamento da conta, o prefeito pede para Tilim “ficar ao seu lado”. Na última terça-feira (27), o vereador registrou a denúncia no Ministério Público. Na manhã de hoje (29), durante a sessão na Câmara de Vereadores, o parlamentar tentaria ler a representação contra o prefeito e iria pedir o afastamento do chefe do Executivo. Entretanto, não houve sessão, por falta de quórum, já que apenas cinco dos 13 vereadores compareceram à Câmara.

Além de Tilim, compareceram à Câmara os seguintes vereadores: Adeilde Davel de Oliveira (PODEMOS), João Luciano Belisario (PV), Lucivan Hease (PC do B) e Márcio Rosa Santos (PSB). Os parlamentaram lamentaram a falta dos vereadores. “Essa é primeira vez nesse mandato de quatro anos que não temos uma sessão por falta de quórum, disse Márcio”. A próxima sessão será realizada no dia 10 de novembro.

VÍDEO – O vídeo do diálogo entre o vereador e o prefeito foi gravado em junho por Tilim. Ele contou que o apresentou só agora porque estava com medo de represarias e até de algo contra a sua vida. Entretanto, segundo ele, após supostas perseguições a candidatos de seu partido, ele decidiu fazer a denúncia.

O vereador contou que foi convidado por um secretário municipal a conversar com o prefeito. Como ele e Edélio já tiveram embates políticos, inclusive o vereador alega que é perseguido pelo prefeito, Tilim resolveu levar uma câmera para registrar a conversa.

 

No vídeo, entregue ao Ministério Público, é possível ouvir que o vereador foi convidado a não entrar no gabinete com o celular. Entretanto, o prefeito não sabia que toda a conversa estava sendo gravada em áudio e vídeo.

Durante o diálogo entre o prefeito e o vereador, Tilim comentou que gastou R$ 6 mil com trabalhos advocatícios para se defender de acusações, segundo ele, feitas pelo partido do prefeito. Após 47 minutos de conversa, o prefeito pediu ao vereador para que ele entregasse a conta a ele.

“Nesse momento, eu perguntei para quê ele queria a conta. Indaguei se ele queria pagar”, comenta Tilim. Em resposta, o prefeito disse: “você quer?”. O vereador recusou a oferta do prefeito, mas o diálogo continuou. Em aproximadamente 52 minutos de gravação, o prefeito pergunta se o vereador iria ficar do seu lado nas eleições, e perguntou, quanto que o vereador queria. “R$ 6 mil eu arrumo”, enfatizou Edélio.

Prefeito diz que armaram contra ele e nega tentativa de suborno

O prefeito de Afonso Cláudio, Edélio Guedes, negou que tenha tentado subornar o vereador. Ele afirma que foi vítima de uma armação. “Eu nunca tentei subornar ninguém. Ele (Tilim) é quem queria me subornar. Eu não me ofereci para pagar nada. Ele que reclamou que gastou R$ 6 mil para se defender de uma ação que o meu partido moveu contra ele. Eu não tenho nada a ver com isso”, disse o prefeito.

Vereador grava vídeo e acusa prefeito de tentativa de subornoO vereador Tilim protocolou a acusação contra o prefeito no Ministério Público

O prefeito afirmou que o vereador é quem vai se dar mal, pois seus advogados já entraram com sua defesa. “Ele foi eleito no meu palanque na última eleição. Eu fazia tudo que ele pedia, mas quando ele virou oposição, passei a não fazer nada. O vereador que é contra mim, eu não vou atender nenhum pedido dele”, disse Edélio.

O prefeito ainda acusou Tilim de pedir a ele que funcionários da Prefeitura trabalhassem em uma obra particular na casa dele e de ter pedido cargos comissionados. “Tenho quatro mandatos de prefeito e já fui presidente da Câmara. Trabalho muito sério e não aceito nada errado. Não tenho nada para esconder”, afirmou.

O vereador negou as acusações. “De janeiro a junho de 2017 eu tinha um irmão de parte de mãe que foi nomeado em um cargo comissionado, mas ele saiu. Eu nunca pedi cargo e muito menos funcionários para trabalhar na obra da minha casa, que inclusive está inacabada. Ele precisa provar essa acusação”, disse Tilim.

CONFLITOS – De acordo com o vereador Tilim, no último ano, ele participou de uma reunião no gabinete do prefeito, juntamente com outros vereadores, para solicitar que a Prefeitura autorizasse um homem que faz trabalho voluntário na cidade a ir até as escolas fotografar os alunos. A foto custaria R$ 20,00 e, desse valor, a metade ficaria para a escola e a metade seria usada para a compra de presentes para doar a crianças do município.

“O prefeito não permitiu que o Papai Noel voluntário fizesse esse trabalho nas escolas e eu fiquei emocionado. Fiquei nervoso e dei dois tapas em cima da mesa. Por conta disso, o partido do prefeito entrou com um pedido na Câmara de quebra de decoro parlamentar e pedindo meu afastamento. Felizmente o partido do prefeito não estava regular e o processo foi arquivado”, disse Tilim.

O prefeito reforçou que não foi ele quem entrou com a representação, mas o seu partido. “Ele bateu na mesa em cima da minha mão. Ele queria vantagens a uma pessoa para fazer algo irregular, e eu não aceitei”, afirmou Edélio.

Sobre a representação que o vereador ainda deve fazer contra o prefeito na Câmara, pedindo seu afastamento, Edélio disse que está tranquilo. “Eu nunca precisei dar nada para vereador votar projetos meus. Ele pode representar, eu tenho a maioria na Câmara”, desafiou Edélio.

Tilim também alega que o prefeito o retirou de seu local de trabalho, já que ele é funcionário público, após ele se declarar de oposição. “Eu trabalhava na praça, mas fui retirado de lá. Voltei por decisão do Ministério Público”, alegou. O prefeito disse que “o cargo dele é braçal e ele pode trabalhar em qualquer local”.

 

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