Coluna Pomerana
Uma síntese da história da Pomerânia e o porquê da sua divisão no pós-guerra
Publicado em 02/04/2019 às 13:25
A Segunda Guerra Mundial terminou há setenta e três anos e já faz quase sete décadas que os alemães foram desalojados da região oriental da Alemanha, da terra dos sudetos e das áreas de assentamento no leste europeu. A Pomerânia foi profundamente atingida pelo desastre de 1945 e com o verdadeiro esfacelamento da então província prussiana. Isto teve repercussões muito maiores do que qualquer uma das tantas divisões dinásticas ocorridas ao longa da existência dos ducados pomeranos. Mas, temos que nos perguntar: como foi que em 1945 se marcaram essas novas fronteiras no meio da Pomerânia e o que levou a esse compartilhamento ser reconhecido, em 1990, pela própria República Federal da Alemanha?
Sob domínio dos duques grifos
Já no ano de 1170, os príncipes pomeranos se uniram ao Sacro Império Romano Germânico e em 1181 se tornaram vassalos desse império. Até a primeira metade do século XII, a maior parte do que hoje é a Pomerânia Ocidental (Vorpommern) passou a integrar o ducado da Pomerânia. Em 1317, depois de uma breve permanência sob domínio dos brandemburgueses, os territórios de Schlawe e Stolp e também, com a extinção da dinastia dos seus príncipes regentes, o Principado de Rügen, que compreendia a ilha com esse nome e a parte do seu território no continente, em 1323 passaram para o domínio pomerano.
No passado a Pomerânia já tinha vivenciado diversas divisões, entre as linhas dinásticas de Pomerânia-Stettin e Pomerania-Volgast. De 1325 até a morte de Bogislaw XIV, em 1637, o último duque da dinastia dos grifos, a Pomerânia permaneceu com um único regente.
O Bispado de Camin sempre teve um papel muito própria dentro do território da Pomerânia, sobretudo a partir do ano de 1422. Isso, porque, no Concílio de Constança de 1417, os bispos foram reconhecidos como príncipes imperiais independentes. Com isso, Camin, a partir dessa data até a sua incorporação à Pomerânia em 1545 vivenciou uma época sem qualquer vinculação com o poder temporal.
A divisão entre Brandemburgo e a Suécia
Com o tratado de paz da Westfália, em 1648, extinta a dinastia dos grifos, a Pomerânia Oriental, incluindo a diocese de Cammin, terminou sendo incorporada ao território do Principado de Brandemburgo (Kurfürstentum Brandenburg). O restante da Pomerânia, incluindo Rügen passou para a Suécia. O território anexado por Brandemburgo correspondia ao que hoje faz parte da Polônia.
Em 1637, os territórios de Bütov e Lauenburg tinham sido cedidos à Polônia, mas, com o Tratado de Bromberg em 1657 novamente retornaram à Pomerânia.
No ano de 1720, com o Tratado de paz de Estocolmo, o território da assim chamada Pomerânia Ocidental Antiga, ao sul do Rio Peene, incluindo Stettin voltou para Brandemburgo. Em 1816 o reino da Prússia também incorporou a nova Pomerânia Ocidental e o restante da Pomerânia com Rügen e Stralsund, que durante um ano pertencera à Dinamarca.
Pomerânia até a Segunda Guerra Mundial
Entre 1816 e a Segunda Guerra Mundial, o traçado externo das fronteiras da Pomerânia sofreu poucas alterações. Apenas em 1915, atendendo a uma necessidade de ajuste administrativo da província, as comunidades de Draamburg e Schivelbein terminaram sendo incorporadas à Pomerânia. Depois da Primeira Guerra, a província foi transformada em território de fronteira da Alemanha e, com isso, atendendo ao estabelecido pela Tratado de Versalhes, terminou cedendo à Polônia uma área de 10 km2 (1014 ha) e com 224 habitantes, ao mesmo tempo em que recebeu da Prússia Ocidental uma área de 64,5 km2, com uma população de 1657 habitantes a qual, nessa redistribuição geográfica, não tinha sido repassada à Polônia. Muitas áreas do império alemão terminaram sendo perdidos no final da Primeira Guerra Mundial, também como imposição do Tratado de Versalhes.
Nos anos que se seguiram a província da Pomerânia foi subdividida em três regiões administrativas, Stetin, Köslin e Stralsund. Mais tarde, no decorrer da década de 1930 ainda aconteceram outros pequenos arranjos internos.
Após a Segunda Guerra Mundial
A Pomerânia foi novamente dividida. A parte ocidental foi integrada à zona de ocupação soviética (SBZ) e a região central e a do leste, incluindo Stettin e Swinnemünde passaram à administração da República Popular da Polônia. A região urbana de Stettin, embora tivesse ficada vinculada à zona de ocupação soviética (SBZ), por exigência dos poloneses terminou sendo incorporado à própria Polônia, apesar de o protocolo de Potsdam, de 2 agosto 1945 ter previsto que apenas a região de Swinemünde ficaria para os poloneses.
Em outubro de 1945, a Polônia ocupou outras áreas nos arredores de Stettin (ver “a linha Oder-Neiße e Stettin”, folha pomerana, n º 267, 8 de dezembro de 2018). A transferência oficial das áreas ocupadas pelos soviéticos para a Polônia, teve lugar em 19 de novembro de 1945. Entretanto, somente em 1951 o território administrado pelos poloneses terminou adquirindo a sua configuração definitiva. As regiões da “Pomerânia Ocidental” e “Pomerânia”, na Polônia conhecidas como as voivodias “Zachodniopomorskie” e “Pomorskie”, hoje são territórios integrados ao território da Polônia. A parte pomerana do estado de Mecklenburg-Vorpommern, hoje é formada pelas comunidades da Pomerânia Ocidental Norte, da Pomerânia Ocidental Sul, e pela chamada plataforma marítima de Mecklenburgo e uma pequena área em torno de Demmin.
Depois da segunda guerra, o protocolo de Potsdam previa que as áreas a leste da linha de Oder-Neiße deveriam passar para a administração polonesa e russa. Já com os chamados tratados orientais, o Tratado de Moscou de 12 de agosto de 1970 e o Tratado de Varsóvia de 7 de dezembro de 1970, a República Federal da Alemanha aceitou a linha Oder-Neiße como fronteira ocidental da República Popular da Polônia. Com o tratado de confirmação de fronteiras, o assim chamado “Grenzbestätigungsvertrag ” de 14 novembro 1990, a República Federal da Alemanha novamente fez uma clara renúncia aos territórios alemães do Leste, como também da maior parte do território da Pomerânia.