Coluna Pomerana
UMA GRANDE BIBLIOTECA POMERANA
Publicado em 12/04/2022 às 10:47
Alguém já imaginou poder consultar um grande banco de dados, onde são disponibilizados milhares de arquivos, com temas relacionados à história, à música e à literatura da região da antiga Pomerânia e do Brasil?
Até parece um sonho! Digo isto, porque, há pouco mais de um ano atrás, quando uma dúzia de representantes das comunidades pomeranas de Espírito Santo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul se reuniram em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, tivemos a oportunidade de ver uma
pequena biblioteca de cerca de um mil títulos sendo criada no Instituto Cultural Pomerano, daquela cidade. Eram livros, trabalhos de conclusão de cursos de graduação, dissertações de mestrado, teses de doutorado e pós doutorado. Ou seja, era apenas uma pequena coletânea, mas que, naquele momento, representava um sonho dos seus organizadores, sobretudo, do nosso grande colaborador e historiador Jose Carlos Heinemann.
Mas, aqui vem a grande e boa novidade: em junho estará sendo embarcado na Alemanha, um novo acervo para o Instituto Cultural Pomerano. São cerca de dez mil e quinhentos volumes de uma biblioteca doada para os pomeranos brasileiros. Trata-se de um acervo obtido com o auxílio do Sr. Helmuth Kirsch, editor da parte alemã da Folha Pomerana. A partir do dia 05 de junho, este fantástico material estará sendo selecionado e acomodado em embalagens próprias para o transporte até o Brasil.
Depois da chegada deste acervo no Instituto Cultural Pomerano, teremos que começar a pensar na sua efetiva utilização. Falaria em utilização ou destino, pois, penso no seu melhor aproveitamento pelos nossos futuros pesquisadores brasileiros.
A cidade de Jaraguá do Sul, dentro de um aspecto logístico para a extensão do território brasileiro, está relativamente bem localizada. Porém, o deslocamento físico de pesquisadores de Espírito Santo, de Rondônia e mesmo, do Rio Grande do Sul, sempre irá gerar grandes despesas, tanto pecuniárias como de tempo. O resultado prático, certamente, será a subutilização dessa biblioteca. Portanto, temos que encontrar soluções para contornar esse problema.
A partir do final dos anos 1990, a internet passou a oportunizar às mento de conhecimento. Milhões de arquivos que até lá estavam disponíveis apenas na forma física, poderão ser acessados à distância. Grandes bibliotecas, que antes ocupavam, centenas ou até milhares de metros quadrados em grandes prédios, hoje podem ser armazenadas em arquivos eletrônicos passíveis de serem guardados em HDs, pesando poucas gramas. Portanto, toda essa modernidade da tecnologia da informação do século XXI nos oferece infinitas opções e que podem contornar as nossas dificuldades, através de diferentes ferramentas, sobretudo, da digitalização, se não total, pelo menos parcial das obras hoje disponibilizadas.
Esse recurso poderá transformar essa nossa biblioteca física em uma biblioteca virtual, permitindo assim, infinitas possibilidades de acesso aos usuários, independente da distância que se encontrem de Jaraguá do Sul.
Se de um lado temos a redução do espaço físico necessário para reunir grandes obras literárias, o seu armazenamento em portais de fácil acesso aos usuários também favorecerá um aprendizado da utilização desses recursos. Em continuidade da sua utilização, as ferramentas de comunicação e de videoconferência, irão oferecer infindáveis oportunidades de discussão dos mais variados temas, cuja finalidade poderá ser a produção de novos materiais científicos.
Fica aqui lançado o desafio, para que possamos encontrar as ferramentas adequadas para o nosso projeto de desenvolvimento desse grande portal de geração de informações sobre a história e a cultura dos pomeranos na Europa, como também, sobre a história, a cultura e a produção científica nos nossos descendentes pomeranos no Brasil.
A Língua Pomerana ganha espaço nas escolas.
PROJETO PLURILÍNGUE NAS ESCOLAS
Aloi Schneider
aloischneider@gmail.com
Vivemos em um país com múltiplas línguas. Isso se deve, em parte, a inúmeros imigrantes que vieram ao Brasil de diversas raças, origens e com isso trouxeram sua forma de viver, sua cultura e, principalmente, a língua falada, que se manteve em família e suas comunidades, porque em espaços, como a escola, precisavam aprender português, língua oficial do Brasil.
Entre todos os imigrantes, venho destacar os Pomeranos. Chegaram ao Brasil há mais de 160 anos e ainda mantém e celebram suas tradições, especialmente a língua. No RS, SC, ES e RO, encontramos comunidades inteiras falantes de pomerano.
Em 2006 o professor Ismael Tressmann publicou um dicionário enciclopédico, logo alguns municípios se aventuraram a ensinar escrever a língua pomerana nas escolas. Em 2019 foi lançado pela professora Aloi Schneider, um dicionário conciso português-pomerano – pomerano-português, o que abriu perspectivas para novos projetos.
Com a intenção de fomentar e alavancar o ensino da língua pomerana, surgiu o Projeto “Educação Plurilíngue no Contexto de Imigração” uma proposta para ensino plurilíngue nas escolas, sendo os proponentes: Mônica Maria Guimarães Savedra (UFF-CNPq-FAPERJ); Peter Rosenberg (Europa-Universität
Viadrina / Frankfurt (Oder); Reseda Streb (DAAD/UFC); Síntia Bausen (SMJ/UFF) e mais instituições colaboradoras: Technische Universität Darmstadt (TU- Darmstadt); Universidade Federal de Pelotas (UFPEL); Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Ensino de Idiomas Aloi Schneider do RS e Ensino de Idiomas Lília Jonat Stein do ES.
O projeto nominado “Educação Plurilíngue no Contexto de Imigração” visa lançar a língua pomerana como língua ponte para o alemão seguido do inglês nas escolas. O projeto prevê a introdução da língua alemã no terceiro ano e a partir do quinto ano a introdução do inglês como língua estrangeira. Para as ambas as línguas o pomerano servirá como “língua-ponte”.
No dia 11 de abril de 2022 o “Projeto Plurilíngue no Contexto de Imigração” dá início à formação de professores para a educação plurilíngue na escola. Inicialmente, com o curso Educação Plurilíngue para Professores, que será ministrado pela professora Reseda Streb, seguido do curso de Alfabetização e Formação dos Professores na Língua Pomerana que, no RS, será ministrado pelas professoras Gisleia Blank e Aloi Schneider.
No RS, três municípios participarão do projeto piloto, Arroio do Padre, Canguçu e Turuçu. No ES participarão dois municípios, Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá.
De antemão cabem honrosos cumprimentos aos professores que participarão do projeto piloto em sala de aula. Os professores participantes do curso preparatório para implementação do projeto serão peças fundamentais para o sucesso do projeto. Além da própria formação que receberão, eles também serão agentes da promoção e manutenção da língua pomerana.
Maiores Informações com Laboratório de pesquisas em contato linguístico – LABPEC –
E-mail: [email protected]