Arte, Crônicas e Poesia
Um dia somos rocha e no outro somos poeira ao bel sabor do vento
Publicado em 18/04/2023 às 15:25
A vida diariamente nos surpreende, não existe um roteiro, mesmo que com afinco desejamos ter o mínimo controle. Vemos escorrer por entre os dedos nossas certezas e principalmente nossa vaidade e orgulho.
Quando criança, acreditamos que seremos donos do mundo e a tudo dominaremos. Quando a crença caiu? Cada qual, eventualmente no seu tempo, descobre não ser dono de nada, nem mesmo de si mesmo. Os grandes erros provam isso, sempre tem a vaidade, orgulho e a lascívia dominando e estimulando. Ao rasgar o véu revela o rosto frio da culpa. Sentimento esse que marca toda a existência. Somos todos culpados de certa forma, seja pela ação consciente ou inconsciente, seja pela omissão…
O sopro da mudança sempre manda ruídos, mas sempre estamos surdos e desatentos demais para ouvir, por isso C.S Lewis nos adverte sobre o megafone, que grita avisando sobre nossa desatenção e traz consigo a dor e desse modo, a percepção da vida. Muito se fala e é bastante perceptível, a vitória é prazerosa, mas vazia de sabedoria. A euforia e o sorriso largo não nos move um milímetro. E isso é externalizado no adágio popular, “time que está ganhando não se mexe”.
Indubitavelmente é muito difícil, quase impossível, ter serenidade quando tudo vai bem, uns acreditam piamente que vai continuar sempre daquele jeito e outros tantos, por mais que sabem que podem mudar, acostumaram com o sorriso constante e principalmente com o conforto. Vi muitas pessoas que tiveram grande fortuna durante muitos anos e quando veio a escassez desistiram da vida, não aceitaram viver de modo mais sóbrio.
A autoanálise sobre o poder do dinheiro é um exercício quase inexistente hoje em dia. Nesse capitalismo feroz, o acúmulo nunca parece ter um ponto de suficiência. Aliás, a sensação de vazio é uma das bases do capitalismo, diariamente é inoculado pela mídia o anseio de ter coisas novas, ter desejos infindáveis e sempre comparar nossa vida nos aspectos que o outro é melhor.
O resultado disso tudo é pungente; quem hoje não padece de grande ansiedade? Quem não tem desejo de ter produtos sempre novos e atuais? Quem não acha a vida nas mídias sociais mais bela e colorida?
O dinheiro e o consumismo assumiram proeminência na existência. Ser virtuoso, ter compaixão, sabedoria, está em uma estante abaixo do sucesso financeiro, não sendo relevante às maneiras que atingiu isso. Cabe a cada um refletir sobre qual caminho vai seguir e que vida quer para si, tendo em mente que tudo tem consequências.