Tradição do Panevin é celebrada em Venda Nova do Imigrante
Publicado em 06/01/2022 às 10:20
Texto: Rádio FMZ / Fotos: Divulgação
Herdada dos imigrantes italianos, a tradição do Panevin (pão e vinho) se mantém viva em Venda Nova do Imigrante. A celebração que ocorre na véspera da Epifania do Senhor (visita dos Reis Magos ao Menino Jesus, de acordo com o calendário litúrgico católico) encerra as comemorações do Natal. O momento é composto por orações, hinos religiosos, superstições e confraternização entre famílias.
Na noite dessa quarta-feira (5), o ritual ocorreu na comunidade de Bananeiras, no campo de bocha do anfitrião Ambrósio Falqueto, de 101 anos. O ritual irá se repetir no próximo sábado (8), na área de lazer Vicente Falqueto, em Lavrinhas. A recomendação é que os participantes levem algum petisco e uma bebida para confraternizar após o momento de oração.
Como manda a tradição, na celebração do Panevin, na noite de ontem, foi rezado o terço acompanhado de cânticos em língua vêneta e ladainha de Nossa Senhora em latim. Após as orações, uma grande fogueira foi abençoada e acesa, representando a luz que guiou os Reis Magos até Belém. A tradição diz que o lado para onde a fumaça sopra anuncia se o ano será de fartura ou de escassez e muito trabalho. De acordo com o pressagio da fogueira, o ano de 2022 será de fartura e boas colheitas.
A celebração foi conduzida pelo vendanovense e bispo emérito da Diocesse de Colatina, Dom Décio Sossai Zandonadi e teve a participação de três irmãs religiosas: Angela Maria Falchetto, irmã salesiana e missionária na Amazônia; Alzira Falqueto, irmã da congregação dos Santos Anjos, com missão no Rio de Janeiro e Catarina Falqueto também da ordem dos Santos Anjos.
Tradição trazida do Vêneto
No norte da Itália, a festa do Panevin era celebrada em todas as vilas, mas com o advento da urbanização, a tradição está, atualmente, restrita a área trevisana, onde é mantida com vigor não só esse costume, mas também uma série complexa de usos e crenças ligados a tal celebração.
Com a vinda para o Brasil, os imigrantes trouxeram, dentre tantos costumes e rituais, a tradição do Panevin assim como era realizado na Província de Treviso, na Região do Vêneto, origem da maior parte dos descendentes de italianos de Venda Nova. A tradição ainda está presente nas memórias dos idosos que viveram sua infância na década de 1920, em Venda Nova. Com o passar das décadas e pelas restrições impostas pelo regime do Estado Novo devido à 2ª Guerra Mundial, bem como o desenvolvimento local com a abertura da BR 262, o Panevim deixou de ser realizado.
Na década de 1980, a tradição ressurgiu com o incentivo de Banjamin Falchetto, padre Cleto Caliman e demais entusiastas da cultura do imigrante italiano e permanece até os dias atuais, envolvendo as novas gerações e novos moradores da cidade.