“Temos de ter preocupação grande com desabastecimento”, diz ministro

Publicado em 09/11/2021 às 16:21

Compartilhe

104172


source
Ministro Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia
Agência Brasil

Ministro Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, alertou nesta terça-feira (9) para o risco de desabastecimento de combustíveis, ao defender a política de preços da Petrobras, que prevê paridade com os valores do barril de petróleo no mercado internacional e o dólar.

“Temos de ter preocupação grande com desabastecimento. Porque a importação leva no mínimo 90 dias. Temos uma parcela do mercado, cerca de 20%, que não é da Petrobras. Mudar qualquer coisa, tem que ser com critério, transparência e governança”, disse o ministro, em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, acrescentando:

“Todos estamos trabalhando nisso para que a gente possa dar uma resposta à sociedade, e tenho certeza que vai ocorrer.”

Albuquerque falava sobre o período em que a estatal segurou o preço da gasolina, do diesel, e do gás de cozinha, o que ocorreu principalmente durante o governo Dilma Rousseff. Para o ministro, a lei não pemite situações como essa.

“A política de controle de preços levou a Petrobras a pagar multas bilionárias e a ser a empresa de petróleo e gás mais endividada do mundo”, disse.

Em entrevista ao EXTRA, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, também citou recentemente a possibilidade de desabastecimento de combustíveis causado por uma eventual mudança na política de preços da estatal.

Albuquerque revelou que o governo avalia criar o que chamou de “colchão tributário” e também uma “reserva estabilizadora” para conter a volatilidade do preço dos combustíveis. Ele também afirmou que está em avaliação reduzir impostos federais, mas ressaltando que para isso é preciso uma compensação.

“O  colchão tributário é uma medida que possa permitir que, ao longo do tempo, que essas variações dos preços do petróleo e também dos combustíveis possa ser compensada de alguma forma. E uma reserva estabilizadora de preço, que seria de capital, que seria aplicada quando houvesse uma volatilidade muito grande”, disse o ministro.

Albuquerque não disse qual a previsão das medidas serem anunciadas oficialmente, nem o eventual impacto das ações.

Os preços da gasolina, do diesel e do gás de botijão voltaram a subir na última semana, de acordo com o levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O litro da gasolina já é vendido por até R$ 7,99 no país.

Segundo a ANP, o preço do litro médio da gasolina passou de R$ 6,562 há duas semanas para R$ 6,710 na última semana. É uma alta de 2,25%, sendo a quinta semana seguida de aumento nos preços. No ano, o valor da gasolina acumula avanço de 49,6%.

O ministro culpou a alta do petróleo no mercado internacional e também a disparada do dólar como justificativa para o aumento dos preços no Brasil.

“Por que houve aumento nesses valores? Principalmente pela alta do petróleo, que só em 2021, (subiu) 60%. E com tendência agora, com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, do preço do petróleo subir um pouco mais”, afirmou.

Albuquerque disse também há uma crise de oferta e demanda de petróleo no mercado internacional que explica o aumento.

“O preço do barril do petróleo em abril de 2020 chegou a 17 dólares. Aí veio o aumento da demanda e o valor subiram para 83 dólares”, afirmou.

Leia Também

O ministro também culpou a desvalorização do real frente ao dólar:

“O nosso câmbio (dólar) saiu, em janeiro de 2020, de R$ 4 e hoje está na ordem de R$ 5,55. Isso tudo leva a esse aumento no preço dos combustíveis.”

A política de preços da Petrobras, principal fornecedora do produto no Brasil, prevê repasses automáticos aos preços das variações do petróleo e do dólar. O ministro citou a Lei do Petróleo, a Lei das Sociedades por Ações e a Lei das Estatais para dizer que não é possível interferir na Petrobras e defender as medidas da estatal.

“Não pode haver interferência na Petrobras, não há e nunca houve”, afirmou, acrescentando:

“A lei das estatais diz que as ações do órgão de controle não podem implicar interferência na gestão de empresas públicas. O estatuto da Petrobras diz que, quando orientada pela União a contribuir para o interesse público, a companhia somente assumirá obrigações ou responsabilidade que respeitem as condições de mercado e que a União compensará a companhia pela diferença entre as condições de mercado e a obrigação assumida.”

O ministro citou ainda que o Brasil importa cerca de 30% do consumo de GLP (gás de cozinha), 25% do diesel e 6% a 8% da gasolina.

“Só lembrando que somos o quarto maior consumidor de combustíveis automotivos do mundo.”

Medidas tributárias

O ministro de Minas e Energia também citou que existe a “questão tributária” como causa da alta dos preços, com os governos estaduais cobrando ICMS por fora do preço do litro, sistema chamado “ad valorem”.

A Câmara dos Deputados aprovou em outubro um projeto que muda esse cálculo da tributação dos combustíveis para tentar baixar o preço cobrado ao consumidor final. Para ter validade, o texto ainda precisa passar pelo Senado.

Ele lembrou, também, a decisão do governo e estados de congelar por 90 dias do chamado “preço médio ponderado ao consumidor final” para aliviar os repasses das altas aos consumidores. É sobre esse preço médio que incide o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual cobrado nas vendas de combustíveis.

Sem racionamento e apagão

Durante a audiência pública no Senado, o ministro também reafirmou que não há nenhuma indicação de “qualquer problema em termos de racionamento ou apagão” neste ano. Ele avaliou que, com as medidas adotadas pelo governo, o país segue com segurança energética e fornecimento estável aos consumidores.

“E para 2022, que é a grande questão? Como eu falei, as medidas começaram a ser adotadas em outubro de 2020 e visavam não só 2021, mas os anos vindouros. Se tivermos a mesma escassez hídrica, que foi a pior em 90 anos, vamos chegar a 42,6% em maio de 2022 (nível de reservatórios), o que nos permite a governança com certa tranquilidade em relação ao ano de 2022. E se as condições forem iguais à média histórica, chegaremos em 51% em maio de 2022”, afirmou.

O ministro disse, porém, que sem medidas, o país teria enfrentado um racionamento neste ano.

“Com crise hídrica, prevíamos perda de governança, com racionamento e apagão. Mas as medidas adotadas pelo governo surtiram efeito. Agora, não há nenhuma indicação de que possamos ter algum desses problemas”, concluiu.

Veja também

agroindustrias

Agroindústrias apostam em minimamente processados para alimentação escolar no Espírito Santo

chuva

Quando volta a chover? Forte frente fria avança no fim do mês

hospital-amigo-da-crianca

Sesa mobiliza hospitais sobre selo Hospital Amigo da Criança

ruraltures

RuralturES promete explorar o turismo de experiência com estrutura imersiva

Governo-realiza-entrega-de-uniformes-e-materiais-esportivos-para-a-Copa-Sesport

Governo realiza entrega de uniformes e materiais esportivos para a Copa Sesport

Fundo-de-investimento-do-agro-cresce-147-nos-ultimos-12-meses

Fundo de investimento do agro cresce 147% nos últimos 12 meses

prefeitura-de-marechal-1

Moradores de Marechal Floriano podem sugerir propostas para o orçamento de 2025

desenvolvimento-de-produtos

Governo abre novo edital para desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores