Tecnologia revoluciona produção de alho na região serrana do Espírito Santo
Publicado em 11/04/2025 às 13:28

Agricultores de Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá foram selecionados para participar de um projeto inovador de multiplicação de alho-semente livre de vírus, um material genético de alta qualidade e grande potencial produtivo. A ação visa fortalecer a cadeia produtiva do alho no Espírito Santo, promovendo o repasse da tecnologia a outros produtores da região serrana.
O projeto é desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) em parceria com a Embrapa Hortaliças, sob coordenação dos pesquisadores Andréa Ferreira da Costa (Incaper) e Francisco Vilela Resende (Embrapa). Os agricultores receberam entre 5 kg e 15 kg de alho-semente das variedades Gigante Roxo, Gigante Ouro Branco e Amarante, entregues no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CPDI) Serrano, em Domingos Martins.
Devido à forma de propagação vegetativa, o alho tende a acumular vírus ao longo do tempo, comprometendo o desenvolvimento das plantas, reduzindo a produtividade e levando muitos agricultores a abandonarem a cultura. A tecnologia do alho-semente livre de vírus, desenvolvida pela Embrapa, está mudando esse cenário. Utilizando células meristemáticas isentas de vírus, o processo envolve regeneração, testes sorológicos e multiplicação em ambiente controlado — um ciclo que pode levar até cinco anos, mas que oferece ganhos de produtividade de até 100%.
O material entregue aos produtores passou por limpeza viral em laboratório da Embrapa, em Brasília, e foi multiplicado em estufas protegidas no CPDI Serrano. A seleção dos agricultores multiplicadores foi feita pelos extensionistas Tiago Monteiro e Protaze Magevski, considerando a experiência e o envolvimento prévio com a cultura do alho.


A expectativa é que, já na próxima safra, esses produtores iniciem a distribuição do material para outros agricultores, ampliando o alcance da tecnologia. “Essa etapa é essencial para aumentar a escala de produção e garantir a difusão do alho-semente livre de vírus no Estado”, afirma a pesquisadora Andréa Costa.
Além de aumentar a produtividade, a iniciativa tem impacto econômico relevante. O alho-semente representa até 30% do custo de produção, e sua distribuição gratuita reduz o risco e o investimento inicial para quem deseja começar ou retomar o cultivo. “Estamos democratizando o acesso a sementes de qualidade e fortalecendo a agricultura familiar”, complementa Andréa.
Experiências bem-sucedidas em estados como Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal mostram que essa tecnologia transformou a produção local de alho. Agricultores estruturaram seus próprios telados e passaram a atuar como fornecedores de sementes, agregando valor ao negócio. No Espírito Santo, a expectativa é que o projeto siga o mesmo caminho, gerando renda, fortalecendo a agricultura familiar e reposicionando a região serrana como referência nacional em alho de qualidade.
“Nos últimos anos, o alho perdeu produtividade e muitos agricultores desistiram da cultura. Com essa tecnologia, voltamos a enxergar um futuro promissor e competitivo para o alho capixaba”, conclui Andréa Costa.
Fonte: Coordenação de Comunicação e Marketing do Incaper