Secretaria da Saúde inicia atividades do Setembro Verde

Publicado em 03/09/2017 às 12:16

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A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) realizou, na manhã desta sexta-feira (01), a abertura oficial do Setembro Verde, um mês comemorativo instituído pela Lei Estadual nº 10.374/2015 com o objetivo de intensificar o debate sobre a importância da doação de órgãos e tecidos para transplante. A solenidade aconteceu no auditório da Sesa na Enseada do Suá, em Vitória, e reuniu familiares de doadores e de receptores de órgãos; profissionais de saúde, entre eles médicos transplantadores; parceiros da Central de Transplantes; e equipe de gestores e técnicos do nível central da Sesa.

O assessor especial da Vice-Governadoria, Ruy Marcos Gonçalves, representou o Governo do Estado na solenidade. Em seu discurso, ele destacou o que, para ele, é o ingrediente mais importante do processo de doação de órgãos: o sentimento fraterno. Gonçalves ressaltou também que, junto com a boa técnica, é necessário haver sensibilização das pessoas com relação à importância da doação.

“Ontem, no Salão São Tiago, fizemos um evento promovido pela Vice-Governadoria e pela Federação das Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Foi um evento fantástico, no qual uma questão estava colocada: o amor como as famílias tratam os seus entes. Pensando na doação, não existe órgão disponível se não houver um sentimento fraterno, um sentimento de solidariedade. E acho que, junto com esse imenso trabalho técnico que a Secretaria vem realizando tão competentemente, é fundamental sensibilizar a sociedade para essa necessidade. São vidas que vão salvar vidas”, destacou.

O subsecretário de Gestão Estratégica e Inovação e secretário de Estado da Saúde interino, Francisco José Dias da Silva, acredita que o processo de notificação, captação e transplante de órgãos seja um dos melhores exemplos de como se deve fazer saúde. “A doação de órgãos é uma intervenção que a gente faz no campo da saúde que só se consegue desta forma, com profissionais de saúde, sociedade organizada e gestores trabalhando juntos por uma mesma causa. Esse modo de trabalhar deveria valer para tudo o que a gente faz em saúde”, avaliou.

Para o secretário interino, a cerimônia de lançamento do Setembro Verde foi um momento que simbolizou muito bem como a união é necessária e dá certo. “O ambiente aqui mostra isso. Famílias de doadores, famílias de receptores, os profissionais de saúde, os serviços que estão trabalhando e se dedicando a essa causa, a equipe de gestão da Secretaria e da Central de Transplantes, que coordena todo esse processo, as equipes de cada hospital que trabalha para motivar as famílias para que autorizem a doação de órgãos. Ou seja, a gente está aqui nesse ambiente vivenciando a melhor forma de se produzir saúde para a população”, disse.

A coordenadora da Central de Transplantes, Raquel Duarte Corrêa Matiello, informou que, neste ano, novos hospitais foram credenciados para realizar transplante: Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes, credenciado para transplante renal; Santa Casa de Misericórdia de Vitória, credenciada para transplante de córnea; e Hospital Santa Rita de Cássia, credenciado para transplante de medula óssea halogênico aparentado, que é o transplante feito entre pessoas da mesma família.

“Sentimo-nos orgulhosos com estes avanços, mas há muitos desafios a superar. O maior deles é sensibilizar a sociedade para aumentar o número de doações efetivas, diminuindo, assim, a espera dos 1.100 cidadãos que estão hoje na fila por um transplante”, comentou Raquel Matiello.

Emoção

O depoimento de uma família beneficiada pela doação de órgãos e de uma família que disse “sim” para a doação emocionou a todos e fez a plateia aplaudir com vigor as histórias de superação e solidariedade. A jovem dona de casa Daniela dos Santos Barbosa, de 25 anos, recebeu um novo coração há quatro meses, após ser diagnosticada com cardiomegalia (coração grande). Ela mora na Bahia, mas veio se tratar no Espírito Santo, pois não descobria qual problema de saúde tinha.

Daniela contou que desde muito nova tinha problemas no coração e já havia feito uma cirurgia anos antes. No entanto, no ano passado ela começou a sentir desconfortos para respirar e viu que a barriga estava crescendo muito. “Os médicos disseram que eu tinha líquido na barriga, e isso causava o crescimento. Mas eu sentia muito desconforto, pesava muito e eu tinha muita falta de ar quando ia dormir. Vim para o Espírito Santo e no Hospital das Clínicas foi diagnosticado que eu tinha coração grande e precisava de um transplante”, contou.

Daniela lembrou que ficou com medo, pois sabia da dificuldade para conseguir um doador de coração. “Fui fazendo o acompanhamento, passando por internações. Fiquei cinco meses esperando para conseguir um coração, e há quatro meses consegui um doador. A única coisa que sei é que era uma pessoa de 21 anos que morreu em um acidente. Só sei isso sobre esse doador”, disse.

A jovem afirma que a família autorizar a doação de órgãos de um parente em um momento de dor é um ato de amor, e, mesmo sem conhecer a família do doador, sente-se grata e faz planos para o futuro. “Sou muito grata pela família que autorizou a doação. Se todos tivessem essa mesma atitude seria ótimo para todo mundo. Agora, fico esperando terminar esse processo para voltar para casa e ver meu filho, que tem 2 anos, e está na Bahia. Não vejo a hora de encontrá-lo. Tem oito meses que estou aqui, mas só posso ir embora depois de um ano por conta do acompanhamento. É um alívio muito grande ter conseguido um doador. Descobrir que se precisa de um coração não é fácil e achei que seria um longo processo. No meu caso foi até rápido e fiquei muito feliz”, contou.

A pequena Lorrany Neiva Scatamburlo, de 5 anos, foi beneficiada com transplante de córnea e também participou da solenidade de lançamento do Setembro Verde. A mãe dela, Rosemeri Tavares Neiva, falou um pouco sobre como foi vivenciar a espera de uma córnea para a filha, que sofreu um acidente com objeto perfurocortante.

“Quando o médico falou que ela teria que fazer transplante meu mundo caiu, porque eu ouvia falar da lista de espera, que às vezes demorava anos e anos. Eu falei: meu Deus, e a minha filha, uma criança que era saudável, enxergava direito, vai ficar sem enxergar? Mas, graças a Deus, teve uma família que, mesmo num momento de dor pensou no próximo. Minha irmã comentou comigo que não teria coragem de doar algo de um filho. E eu respondi: minha irmã, se aquela família não tivesse doado a sua sobrinha não iria enxergar”, contou emocionada a mãe, que veio com a filha de Cachoeiro de Itapemirim para dar seu testemunho na esperança de sensibilizar outras pessoas.

O outro lado do processo de doação de órgãos também foi ouvido. Soraya Rodrigues Ribeiro, filha que assinou a autorização para doação das córneas da mãe, explicou que precisou respeitar o sentimento do pai e de uma irmã, que eram contrários à doação, e teve que convencê-los de que o gesto de solidariedade seria como que um alívio para a dor da perda.

“Diante da dor vem a preocupação com relação à mutilação do corpo. A alma se vai e a família fica presa ao corpo. A questão não é nem doar o órgão, mas é o sentimento de que vai arrancar um pedaço da pessoa e é como se fosse arrancar um pedaço da gente também. Mas eu já havia conversado com minha mãe no período em que ela ficou internada e ela havia dito que podíamos doar tudo. Então, tive que ter todo um cuidado com a minha família, e a equipe foi maravilhosa. Os médicos fizeram o máximo que eles puderam e eu sabia que eles fariam o máximo. Eu agradeço toda a equipe médica pela compreensão nesse sentido, porque realmente não é fácil, mas é muito gratificante. Hoje, minha irmã ficou chateada por não poder estar aqui”, contou.

Ao término da solenidade, a equipe da Central de Transplantes interagiu com o público por meio de jogos educativos. As pessoas puderam testar seus conhecimentos sobre o processo de doação de órgãos de forma lúdica.

Saiba mais

A coordenadora da Central de Transplantes do Espírito Santo, Raquel Duarte Corrêa Matiello, comenta que o índice de recusa familiar no estado é o principal empecilho ao avanço dos transplantes. De janeiro a julho de 2017, dos 156 pacientes falecidos que estavam aptos a ter seus órgãos captados, 50 não puderam doar porque a família, que é quem autoriza a doação, recusou.

Tomando a maior fila de espera, que é de rim – atualmente com 958 pessoas, no Espírito Santo, à espera do órgão para transplante –, e considerando que cada paciente poderia doar os dois rins, mais 100 pessoas poderiam ter sido beneficiadas caso as famílias desses 50 pacientes tivessem dito “sim”.

“Diante desse cenário, é importante continuarmos discutindo esse tema com a população para incentivarmos as pessoas que apoiam este ato de amor ao próximo a conversarem com suas famílias e enfatizarem sua vontade de ser doador de órgãos. Será muito mais tranquilo para os familiares tomarem a decisão de doar se souberem da vontade do ente querido”, comentou a coordenadora da Central de Transplantes, Raquel Duarte Corrêa Matiello.

Comparativo do número de transplantes realizados no Espírito Santo

Secretaria da Saude inicia atividades do Setembro VerdeLista de espera (atualizada em 29/08/2017)
Coração: 07
Fígado: 57
Córnea: 78
Rim: 958
Total: 1.100

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