Saúde mental de agentes de segurança preocupa

Publicado em 23/08/2023 às 09:48

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Foto: Ellen Companharo

Dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger) chamam a atenção para o número de casos de afastamento de agentes de segurança por problemas de saúde mental no Espírito Santo. De janeiro a maio deste ano foram registrados 295 casos só na Polícia Militar (PMES). As principais causas são transtornos de ansiedade (70 casos), episódios depressivos (58 casos) e transtornos neuróticos (37 casos). O assunto foi pauta na reunião da Comissão de Segurança, realizada nesta terça-feira (22).

O problema não é exclusivo das forças militares, como lembrou o presidente do colegiado, deputado Delegado Danilo Bahiense (PL). “Reconhecemos os desafios que enfrentam nossos policiais civis, militares, penais, técnico-científicos e guardas municipais, em relação às demandas diárias da própria profissão, que por natureza, naturalmente, é colocada entre as atividades laborativas mais estressantes e resultantes de doenças profissionais, sobretudo de ordem psíquica”, argumentou o parlamentar.

Pressão e demanda

A pressão no trabalho e a alta demanda diária foram apontadas pelo presidente da Associação de Escrivães de Polícia Civil do Estado do Espírito Santo (Aepes), Clovis Ferreira Guioto, como as principais causas dos afastamentos. “Nossos profissionais estão adoecendo. (…) As cobranças hoje são digitais, ninguém desliga do trabalho mais, whatsapp, mídias sociais, o telefone é um computador. Então, nós vamos ser demandados e cobrados diuturnamente, vinte e quatro horas por dia”, pontuou.

A defasagem no efetivo acaba gerando mais estresse para os profissionais de segurança, conforme pontuou o deputado Coronel Weliton (PTB). “Nós estamos vendo hoje, que na realidade o governo assumiu uma situação caótica quanto ao efetivo da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e também outras unidades”, alarmou. 

“Na própria definição de saúde, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é dito que saúde é um bem-estar físico, mental, social, não é simplesmente uma ausência de doenças. Isso nos leva a fazer uma reflexão de que nós precisamos definitivamente nos preocupar com o profissional que exerce a função pública, independente que ele seja da saúde, da educação ou da segurança pública, que é o caso que nós estamos tratando aqui”, complementou.

O presidente do colegiado concordou. “É necessário estabelecer verdadeiras políticas públicas que identifiquem estratégias para promover a saúde mental, prevenir o estresse ocupacional e garantir um ambiente de trabalho saudável e de apoio para todos os policiais”, disse Bahiense.

Atendimento

A demanda não é alta somente para os agentes de segurança, mas também para os profissionais de saúde que atendem esses agentes, como esclareceu a coordenadora do Serviço Psicológico da Divisão de Promoção Social da Polícia Civil (PCES), Maria Teresa Borges. A psicóloga afirmou que o número de profissionais e a estrutura não são suficientes.

“A gente tem um espaço físico limitado, temos que dividir as salas para o atendimento. (…) O número de técnicos é muito limitado, nós somos seis psicólogos e cinco assistentes sociais, considerando que nós temos um público, só de policiais, de pelo menos 2 mil, fora os aposentados”, lamentou.

O presidente Danilo Bahiense lembrou também da situação da Divisão de Promoção Social (DPS), da PCES, especialmente no interior do estado.

“Outra coisa visível é que nossos policiais do interior são ainda mais prejudicados, pois a DPS necessita ser ampliada. Ao menos com equipes nas regiões Norte, Sul, Noroeste e nas montanhas, contemplados com espaços próprios e independentes das unidades policiais, possibilitando aos policiais, acesso, sem constrangimentos, para procurarem orientação e atendimento”, opinou.

Legislação

O representante da Associação dos Investigadores da Polícia Civil do Espírito, Antônio Fialho Garcia Júnior, afirmou que a legislação que rege a progressão de carreira dos agentes de segurança pune os profissionais que adoecem. “Se o policial estiver doente, lamentavelmente ele perde promoção, perde progressão na tabela, dependendo do tempo que ele ficar afastado. (…) Ele esconde isso da própria chefia imediata porque ele não pode deixar de ser promovido. (…) São problemas gravíssimos”, avaliou.

Outra queixa dos policiais civis é a diferença do tratamento da corporação em relação à Polícia Militar. A diretora do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol), Paola Ruzenne, comentou a situação. “Principalmente em relação ao hospital, que nós não temos também. (…) A Polícia Civil não tem plano de saúde, não tem hospital, enfim, nenhuma assistência por parte do Estado”, queixou-se. 

“Se o policial civil adoecer, como também foi falado, ele é punido, não é promovido. A aposentadoria decorrente de doença ocupacional e acidente de trabalho, ela não é integral, o policial vai receber menos do que o salário normal dele. Então, por muitas vezes, o policial trabalha adoecido, ele não procura uma assistência, não procura uma licença, porque ele vai ser punido”, concluiu a diretora.

Fonte: Ales

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