Santa Maria de Jetibá alcança primeiro lugar na produção de ovos no Brasil
Publicado em 02/10/2018 às 13:00
O município de Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo, assumiu o posto de maior produtor de ovos do Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última quinta-feira (27).
Segundo o levantamento da Pesquisa de Pecuária Municipal (PPM), a cidade capixaba, que ocupava a segunda colocação em 2016, passou a produzir de 250,4 milhões de dúzias para 340,0 milhões em 2017, enquanto Bastos (SP) aumentou de 250,5 milhões de dúzias para 286,0 milhões, no mesmo período. Em terceiro lugar, Primavera do Leste (MT) saiu de 76,9 para 81,2 milhões.
Além disso, o município das montanhas do Estado também é o que mais fatura com a venda de ovos, com números da ordem de R$ 931,3 milhões por ano.
Para o diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES), Nélio Hand, o resultado mostra não só a pujança de um setor organizado, mas a luta diária de todos os envolvidos no grande complexo do agronegócio.
“São dados de orgulho para o setor e toda a sociedade capixaba. Eles refletem a coragem e a persistência de uma cadeia que luta em muitos momentos contra situações negativas”, ressalta.
Nélio comenta que os dados comprovam o crescimento da postura capixaba que, entre 2006 e 2017, aumentou 174%, índice muito acima da média nacional e dos principais estados produtores.
A avicultura desempenha um importante papel socioeconômico no Estado. Através de investimentos em manejo e nutrição das aves, além do emprego de mecanismos de genética e tecnologia, o ovo capixaba é cada vez mais presente e benquisto na mesa do brasileiro. O Espírito Santo possui atualmente 162 granjas de postura comercial, 18 de codornas.
Início com 500 pintinhos
Há 50 anos, as granjas de Santa Maria de Jetibá, hoje em boa parte mecanizadas e com tecnologia de ponta, davam lugar a pequenas produções, no quintal dos primeiros avicultores. O produtor Everdan Berger conta que o pai, Erasmo Berger, deu início ao setor, em 1964.
Na época, recém-formado técnico no Rio de Janeiro e muito interessado no assunto, Erasmo voltou à terra natal com 500 pintinhos. “Ele teve mente aberta e bastante disposição”, garante o filho.
O pai de Erasmo, Florêncio Berger, que era comerciante, vendia os ovos. O esterco produzido nas granjas, ideal como adubo orgânico para horticultura, colaborou para o município se tornar o verdadeiro “celeiro do Estado”, sendo atualmente o maior responsável por abastecer a Ceasa de Vitória com produtos hortifrutigranjeiros.
Em média, Santa Maria de Jetibá produziu 12,4 milhões de ovos por dia em 2017, atendendo o mercado do Estado e de todo o Brasil.
Setor convive com desafios
O diretor executivo da AVES, Nélio Hand, comemora o avanço na produção estadual, mas também avalia que é preciso atenção frente aos desafios, entre os quais estão a burocracia, a logística precária, o excesso de legislações e a falta de capacidade de muitas instituições regulamentadoras em acompanhar a dinâmica do setor, o que é muito negativo e pode acabar levando a um estacionamento na produção.
O executivo afirma ainda que esse potencial poderia ser maximizado se em várias vertentes houvesse maior participação e entendimento do poder público sobre a importância dessa atividade. “Temos recebido sim atenção nos últimos tempos, mas se for verificada sob o ponto de vista de outras unidades da federação, essa atenção está muito aquém do que se vê em outros estados. Precisamos da atenção de nossas autoridades proporcionalmente a esse crescimento, pra que possamos ter um crescimento sustentável e continuar gerando, emprego e renda a muitos”, argumenta.