Rodovia sem pavimentação trava o desenvolvimento de região em Alfredo Chaves

Publicado em 16/07/2024 às 09:50

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Texto: Julio Huber/ Fotos: Divulgação

Para que uma região avance no desenvolvimento econômico, diversos fatores são importantes, e um deles é a boa qualidade das estradas. A ES-376, que liga a localidade de Barra de Batatal a Aparecida, no município de Alfredo Chaves, é um exemplo de como as precárias condições de vias impacta negativamente para o desenvolvimento.

A rodovia liga os municípios de Marechal Floriano e Alfredo Chaves, e possui um intenso tráfego de caminhões com produção agrícola, transporte escolar e turistas que visitam a região. E a promessa de pavimentar o trecho de aproximadamente 20 quilômetros começou há mais de 10 anos.

Por ser uma rodovia estadual, a primeira promessa de pavimentação veio do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), no ano de 2014, após a obra ser incluída no Orçamento do Governo do Estado para o ano seguinte. A inclusão se deu após votação popular durante uma assembleia ocorrida no município de Marataízes.

Ainda em 2014, a proposta do governo estadual apresentada aos moradores, durante um encontro em São Bento de Batatal, foi de que o trecho da rodovia seria incluído no programa Caminhos do Campo, da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), o que até hoje também não ocorreu.

Enquanto o impasse continua sobre a pavimentação, os moradores e empreendedores locais reclamam do abandono do trecho, que segundo eles passa a maior parte do ano com buracos, lama e poeira. “Só lembram de passar uma máquina em período de eleições e durante eventos importantes”, disse um morador, que pediu para não ser identificado.

Em períodos de chuvas, os buracos aparecem por todo o trecho da rodovia

Produtora rural e geógrafa, Cláudia Tonini Lorenzon, presidente da Associação Verdes Altos de Alfredo Chaves, acompanha a “novela” da pavimentação desde o início das solicitações. Ela afirmou que devido a trocas de governos, “foram-se perdendo todo o avanço nas conversas junto aos órgãos competentes”.

Ela afirmou que raramente máquinas dão manutenção nos mais de 20 quilômetros de estrada de chão. “A Prefeitura de Alfredo Chaves, anos atrás, passava a patrol quando os moradores se deslocavam até a sede para reclamar. Precisava de muitas reclamações para serem atendidos. De uns três anos pra cá, a prefeitura responde aos nossos pedidos, dizendo que está proibida de fazer qualquer serviço nesta via, por se tratar de uma estrada estadual”, disse Cláudia.

A moradora falou ainda que o DER-ES afirma que tem uma empresa de manutenção contratada para fazer os serviços na rodovia. “Porém, não existe cronograma para realização dos serviços de patrol e roçada. A população, mais uma vez, é que paga caro com os prejuízos da falta de pavimentação. Carros indo para a oficina, produtores ganhando menos pela dificuldade do escoamento da produção e turistas reclamando”, acrescenta.

O assunto já foi debatido pelos vereadores por diversas vezes durante sessões na Câmara. Os parlamentares alfredenses alegam que existem outras rodovias estaduais no município, e a prefeitura dá a manutenção, diferente do que acontece na ES-376. O vereador Hugo Luiz disse que a prefeitura alega que está proibida de dar intervenção no trecho.

“Conforme o mapa rodoviário do DER-ES, outras estradas dentro do município também são estaduais, estão sem pavimentação e não é por esse motivo que a prefeitura deixa de atender, com patrolamento, saibro e Revsol. Não entendemos porque a prefeitura criou uma exceção para essa estrada de Batatal. Levamos a crer que é uma negligência da Prefeitura em não atender essa estrada. Se não tem condições de pavimentar, que dê condições mínimas de tráfego para os moradores”, argumentou o parlamentar.

Valas se espalham pela estrada e atrapalham o trânsito de veículos que transportam a produção agrícola

O vereador Sérgio Bianchi concorda com os argumentos do colega Hugo. “A prefeitura não da manutenção por birra política do prefeito com aquela região. A prefeitura tem condições de dar manutenção, assim como faz em outras estradas do município que também são estaduais. Na Câmara, fazemos a nossa parte cobrando, enviando ofícios ao DER-ES e para a prefeitura, mas a execução não depende de nós”, afirmou o vereador.

Boa estrada impulsionaria a agricultura e o turismo da região

Cláudia enfatiza que com uma pavimentação adequada, o produtor familiar, que compõe a maioria do Vale do Batatal, ganharia com um valor mais justo para o escoamento da sua produção. “Sem falar na qualidade de vida, principalmente na saúde, na qualidade ambiental – com menos material carreado para o leito do rio, principal afluente do Rio Benevente – e na atração do turismo para a região, com venda direta das suas mercadorias. Estamos cercados pelo Vale do Batatal, onde a mata atlântica é preservada, contendo várias cachoeiras, que são atrativos turísticos”, detalha.

Outra moradora que reclama da precária situação da rodovia é a empreendedora local Jocilene Nunes Frota. Ela afirma que a manutenção da estrada não existe porque a prefeitura diz que a estrada é de responsabilidade do governo do estado, e a obrigação de cuidar então não seria da prefeitura.

“Infelizmente a prefeitura nos abandona e passa máquina, às vezes, depois de muita reclamação e muitos carros quebrados. Assim, o que ganhamos com nossos produtos agrícolas, nossos produtos fabricados e nosso turismo é usado para consertar nosso carro, o que deixa nosso ganho totalmente prejudicado. A estrada ruim com muito buraco e vala é o normal, o diferente é quando a gente consegue trafegar mais ou menos”, lamenta.

Ela acredita que se a estrada fosse pavimentada, aumentaria o fluxo de turistas na região. “Hoje os turistas não têm coragem de colocar o carro na ES-376 por causa dos buracos. Muitos turistas reclamam também do balançar do carro, principalmente os idosos, fazendo eles preferirem ir para outro lugar”, comenta.

Empresários da região afirmam que o turismo poderia ser mais desenvolvido se a estrada tivesse a manutenção constante ou fosse pavimentada

Para agricultura, ela disse que a estrada seria a via mais rápida de ligação entre a BR-101 com a BR-262. “Ajudaria muito com o fluxo mais rápido para nossos agricultores, ajudando também para quem trabalha vendendo na Ceasa. Para nós, moradores, ajudaria a termos mais atendimento, porque ninguém quer fazer entrega com o argumento de que a estrada é horrível e estraga o automóvel”, disse.

Ela ainda acrescenta que as boas condições da via ajudariam a economia. “Os moradores fariam mais compras e haveria mais visitas ao Vale do Batatal, que seria mais conhecido pelas suas belezas naturais. Com uma estrada melhor, mais moradores vão se interessar em oferecer turismo de experiências e vivências”, acredita.

Prefeitura diz que estrada está com boas condições

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Alfredo Chaves enviou uma nota para o portal Montanhas Capixabas, afirmando que existe um projeto em andamento para pavimentar o trecho, mas é de iniciativa do DER-ES. “Sobre interesse em pavimentar, a prefeitura tem sim, porém não tem autonomia, devido ser de responsabilidade estadual”.

“Já sobre as péssimas condições, em tempos de chuvas, todas as vias ficam ruins, e assim a prefeitura segue atendendo de acordo com as demandas mais urgentes. Sobre a manutenção no trecho, é dado sim assistência. Inclusive um encarregado municipal de obras da prefeitura passou por todo o trecho na última quarta-feira (10) e afirmou que as estradas estão todas boas”, afirma a prefeitura.

DER-ES afirma que pavimentação com Revsol deve ser iniciada ainda este ano

Uma boa notícia aos moradores veio do DER-ES. A assessoria de imprensa do órgão estadual informou que “tem planejamento de melhorias da rodovia com revestimento em Revsol, cuja autorização para licitação já foi publicada no Diário Oficial do Estado (DIO). Portanto, a fase em que se encontra atualmente é de licitação. Tão logo termine o processo licitatório, o DER-ES fará a contratação da obra de revestimento. A expectativa é de que o contrato seja feito neste segundo semestre de 2024”, afirmou o Departamento. Enquanto isso, afirma que mantém toda a extensão da via em bom estado de conservação: roçada, capinada e limpa.

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