Represa no Rio Jucu irá armazenar 23 bilhões de litros de água
Publicado em 13/01/2018 às 10:40
O Espírito Santo ganhará um importante auxílio para reforçar o abastecimento de água da população da Grande Vitória. Uma nova represa, que será construída em um trecho do Braço Norte do Rio Jucu, será erguida no prazo de dois a três anos.
A obra, que está prevista para ser iniciada no segundo semestre de 2018, será na região entre os municípios de Viana e Domingos Martins, mais precisamente na região de Biriricas/Vista Linda, a cerca de 800 metros após a ponte da BR-262 sobre o Rio Jucu, sentido Vitória-Minas Gerais.
Segundo o presidente da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Pablo Andreão, a construção terá capacidade de armazenar 23 bilhões de litros de água, o que representa dez vezes o volume da represa de Duas Bocas e irá beneficiar mais de um milhão de habitantes na Região Metropolitana da Grande Vitória, com investimento de R$ 108 milhões.
No último mês de dezembro, a Cesan, por meio do seu presidente, Pablo Andreão, recebeu do diretor-presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Júnior Abreu, a licença prévia para a construção da represa. Na oportunidade, também foi informado que foram aprovados os elementos de licitação, com previsão de publicação até janeiro de 2018, do edital de contratação da empresa que irá construir a represa.
De acordo com o presidente da Cesan, essa nova represa será uma resposta eficiente para a sociedade dentro do cenário de crise hídrica vivida dos últimos quatro anos. O projeto básico concluído no início de 2017 apontou que a barragem terá 50 metros de altura e sua operação ocorrerá de forma similar a da Represa de Rio Bonito, no Rio Santa Maria da Vitória, onde a água é acumulada no período úmido para ser usada no período seco.
Especialistas e representantes do governo acreditam que a obra irá contribuir para manter o abastecimento de água da região metropolitana da Grande Vitória regularizado por 30 anos.
TURISMO – Além do objetivo principal que é o de assegurar o abastecimento de água para moradores da Grande Vitória, a represa também poderá ser aproveitada turisticamente. O vice-prefeito de Domingos Martins, Romeu Stein, informou que já está sendo pensado como isso poderá ser feito.
“Com certeza, podemos utilizar esse lago como equipamento turístico, usando pedalinhos e veleiros, por exemplo. O município tem muito a ganhar”, afirmou Stein.
Outra importância da obra, na visão do vice-prefeito, é a necessidade de tratar o esgoto no município. “Para isso, a Cesan e o governo estadual irão investir nessa área no nosso município. A previsão é que sejam gastos, inicialmente, R$ 8 milhões”, informou Romeu.
BOX
Números
23 BILHÕES DE LITROS DE ÁGUA
É o volume que deve ser acumulado no reservatório
1 MILHÃO DE PESSOAS
É a expectativa de beneficiados com a construção
30 ANOS
É o período que o abastecimento deverá estar assegurado na Grande Vitória
R$ 108 MILHÕES
Será o investimento na obra
2 MILHÕES DE METROS QUADRADOS
É o tamanho da área que será desapropriada para a barragem
Desapropriações já iniciaram na região que será alagada
Para que a construção da barragem seja viabilizada, uma área com aproximadamente 2 milhões de metros quadrados, o que equivale a mais de 280 campos de futebol padrão Fifa, deverá ser desapropriada. Tanto moradores que ficam na área alagada, quando quem fica logo abaixo da barragem serão ressarcidos e sairão de suas propriedades.
Uma das famílias é a do agricultor Carlos Alberto Alves, 57 anos. Ele mora na localidade de Córrego da Onça, no município de Viana, na divisa com Domingos Martins, ao lado do Rio Jucu, em uma região abaixo de onde vai ser construída a barragem. Carlos contou que já foi informado que terá que sair de sua propriedade, mas ele alega que ainda não recebeu proposta para a desapropriação.
“Falaram que irão entrar em contato para fazer um acordo. Estávamos construindo nossa nova casa, mas paramos tudo, já que não sabemos ao certo o que vai ser proposto. Esse terreno era do meu pai e agora é meu. Sou nascido e criado aqui, mas sei que teremos que sair. Espero que o governo nos pague o preço justo”, disse.
Dezenas de propriedades e residências terão que ser inundadas. Entre os locais estão um loteamento, onde várias casas construídas ao lado do Rio Jucu ficarão no fundo da barragem. De acordo com moradores que pediram para não serem identificados, alguns proprietários já receberam propostas de desapropriação.
A reportagem do jornal O Noticiário entrou um contato com a Cesan, por meio de sua assessoria de imprensa, que confirmou que neste momento o processo de desapropriação de propriedades localizadas na região onde ficará a represa está em andamento.
Perguntada sobre quais condicionantes devem ser cumpridas para a finalização da etapa de licenciamento da área onde será construída a represa, a companhia disse que os termos necessários são a desapropriação e definição sobre a supressão de vegetação.
Sobre as próximas etapas, a assessoria finaliza dizendo que estão previstos o atendimento às condicionantes e a consulta pública para a participação da sociedade, que deverá ser convocada e organizada pelo Idaf, o órgão licenciador, mas que ainda não existe uma data prevista.