Quase 49 Mil Pessoas Desaparecidas na Guerra da Ucrânia, Alerta Cruz Vermelha
Publicado em 09/04/2025 às 10:28

Fotos: Yevgen Nosenko/CICV.
O conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022, já provocou dezenas de milhares de mortes e feridos, além de forçar centenas de milhares de pessoas a deixarem seus lares. No entanto, outro dado alarmante evidencia o impacto humanitário devastador da guerra: pelo menos 48.700 pessoas estão desaparecidas, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Esse número, que inclui civis e militares de ambos os lados, reflete a busca desesperada de familiares por entes queridos. “São maridos procurando esposas, irmãs em busca de irmãos, pais atrás de filhos. Ninguém sabe onde essas pessoas estão — podem ser civis ou soldados que estavam na linha de frente e desapareceram sem deixar rastros”, explicou Patrick Griffiths, porta-voz do CICV na Ucrânia, em entrevista à Agência Brasil.

Desde o início do conflito, o número de desaparecidos só cresce. Em dezembro de 2024, por exemplo, eram cerca de 43 mil. Apesar disso, o CICV conseguiu localizar aproximadamente 12.500 pessoas.
“Nosso trabalho nos permite conversar com autoridades e pessoas tanto na Rússia quanto na Ucrânia, o que nos ajuda a fornecer algumas respostas às famílias. Nem sempre é o que esperam — pode ser a confirmação de que o ente querido virou prisioneiro de guerra ou, tragicamente, foi morto. Mesmo assim, para muitos, isso representa um desfecho”, disse Griffiths.
Ele alerta que, mesmo após o fim de um conflito, podem se passar anos até que se descubra o paradeiro de todos os desaparecidos.
A guerra continua
Segundo Griffiths, não há sinais de trégua no conflito. Bombardeios e mortes ainda são reportados diariamente. “Estou em Kiev, longe da linha de frente, mas no sábado [dia 5], por volta das 5h da manhã, eu e meus colegas acordamos com uma série de explosões. Estou aqui desde junho do ano passado e não me lembro de ter ouvido tantas”, relatou.
O porta-voz também destacou o impacto emocional da guerra sobre os civis. “Quase todos os dias recebemos relatos de ataques que tiram vidas de pessoas inocentes. Casas são destruídas, crianças morrem ou ficam feridas. Civis não deveriam pagar esse preço.”
Apesar das conversas sobre paz e negociações, Griffiths afirma que a prioridade do CICV é atender às necessidades humanitárias urgentes. “Nosso foco está nas pessoas que estão sofrendo agora — aquelas que perderam suas casas, seus meios de sustento e suas famílias. Suas vidas foram destruídas e transformadas para sempre.”
Prisioneiros de guerra
Outra missão importante do CICV é monitorar a situação dos prisioneiros de guerra detidos por ambos os lados. No entanto, mesmo com sua neutralidade, a organização enfrenta dificuldades de acesso.
“Conseguimos visitar milhares de prisioneiros dos dois lados, mas o acesso não é igual. Temos feito muito mais visitas a prisioneiros russos detidos na Ucrânia do que o contrário. Ainda assim, seguimos dialogando com as autoridades de ambos os países para ampliar nosso alcance humanitário”, explicou Griffiths.
Fonte: Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil