Pesquisa descobre que gato robótico melhora sintomas de adultos com demência
Publicado em 19/11/2021 às 06:50
A Faculdade de Enfermagem Christine E. Lynn da Florida Atlantic University, nos Estados Unidos, utilizou gatos robóticos no tratamento de adultos com demência. Desse modo, os cientistas verificaram que a companhia dos animais trouxe benefícios no humor, no comportamento e na cognição de idosos, que foram diagnosticados com demências de graus leves a moderados.
O estudo foi feito durante 12 visitas, em que os pesquisadores se dirigiram a um centro para idosos e investigaram a eficácia dos robôs. O resultado final, que foi publicado na revista Issues in Mental Health Nursing, revelou que a intervenção com um gato robótico aumentou todos os escores de humor ao longo do tempo.
Para realizar a pesquisa, os profissionais empregaram a Escala de Humor da Doença de Alzheimer, a Escala de Avaliação de Emoções Observadas e a Escala Cornell de Depressão em Demência, métodos operados para avaliar o humor e os sintomas comportamentais. Além disso, também aferiram a cognição por intermédio do Mini Exame do Estado Mental.
Os idosos não sabiam que seus pequenos companheiros de quatro patas eram, na verdade, robôs. Os pacientes deram nomes aos gatos, e os bichinhos receberam uma coleira e um crachá para identificá-los. Tudo nos bichanos se assemelhava a um animal vivo: ao receberem o nome, reagiam miando, ronronando, rolando, balançando a cabeça ou piscando os olhos.
Os idosos, por sua vez, sorriam com frequência quando estavam com os gatos, conversavam com os animais e se emocionavam quando os robôs respondiam aos carinhos. Os cuidadores observaram que alguns participantes chegaram a dormir com o gato robótico.
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Segundo Rubens de Fraga, professor de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie Paraná, os animais de estimação podem auxiliar na redução dos impactos da demência. Logo, sintomas como ansiedade, agitação, irritabilidade, depressão e solidão são amenizados quando existe um pet por perto. “Por sua simpatia e maneira não ameaçadora, os animais de estimação podem ajudar um paciente com demência a ser mais interativo, quando às vezes não é capaz de fazê-lo em ambientes sociais com outros adultos”, explica.
No entanto, os pets precisam de cuidados: alimentação, higiene e lazer, por exemplo – algo que um adulto com demência tem maior dificuldade para proporcionar. Um gato robótico, portanto, usado para fins terapêuticos, carrega certas vantagens, visto que não existem as preocupações comuns acerca das demandas que um animal vivo exige.
“Os animais de estimação robóticos proporcionam conforto a qualquer hora do dia ou da noite. A pesquisa mostra que os pacientes de Alzheimer criam laços estreitos com os amigos animatrônicos, como os gatos robôs. O jornal New York Times aponta que, para muitos pacientes, esta é uma chance para eles serem cuidadores, engajando-se em um papel ativo e empoderado que promove uma sensação de capacidade e motivação. O maior benefício de um robô é a facilidade do cuidado, sem necessidades de alimentação, e a responsabilidade de uma vida propriamente dita”, afirma Rubens.
O especialista destaca que o Alzheimer é o tipo mais comum de demência, que com o tempo afeta a memória, a linguagem e o pensamento. Os sintomas mais comuns são:
- Perda de memória comprometendo as atividades da vida diária
- Dificuldades no planejamento ou solução de problemas
- Dificuldade em completar tarefas do dia a dia
- Confusões com tempo ou lugar
- Problemas para entender imagens visuais e relações espaciais
- Problemas com palavras ao falar ou escrever
- Perdendo as coisas e perdendo a capacidade de fazer em etapas
- Julgamento diminuído ou pobre
- Afastamento do trabalho ou de atividades sociais
- Mudanças de humor e personalidade
“Demência é um termo geral usado para descrever sintomas que afetam a memória, o desempenho das atividades diárias e as habilidades de comunicação. Geralmente é uma doença de progressão lenta. Em média, uma pessoa vive de quatro a oito anos após receber o diagnóstico e há casos de até 20 anos de sobrevida”, pontua.
Já os tratamentos convencionais são medicamentosos ou não. Estes podem ser exercícios físicos para promover e melhorar a qualidade do sono, bem como dietas saudáveis, como a do mediterrânea e a dieta mind. “A doença de Alzheimer é mais comum em pessoas com mais de 65 anos. O risco da doença de Alzheimer e outros tipos de demência aumenta com a idade, afetando cerca de 1 em 14 pessoas com mais de 65 anos e 1 em cada 6 pessoas com mais de 80 anos”, diz.