Palestrante da Favesu fala sobre o agronegócio e a economia do país

Publicado em 17/06/2017 às 15:09

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Mestre e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, o vice-presidente de Assuntos Corporativos da Bayer no Brasil, Christian Lohbauer será o palestrante principal da Feira da Avicultura e Suinocultura Capixaba (Favesu), que será realizada em Venda Nova do Imigrante, nos dias 22 e 23 de junho.

Em entrevista à Revista Negócio Rural e ao portal Montanhas Capixabas, Christian fala um pouco do tema que irá abordar em sua palestra: O Agronegócio e os Desafios do Quadro Político-Econômico Brasileiro. Christian destaca que o agronegócio segura a economia brasileira, mas merece uma atenção melhor do pode público.

Ainda de acordo com o especialista, a produção de proteína animal tem um campo imenso para se desenvolver ainda mais. Christian também falou sobre os principais desafios enfrentados pelo setor no Brasil, e os caminhos para o crescimento.

Christian é Mestre e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo; foi bolsista de doutorado da Fundação Konrad Adenauer na Universidade de Bonn, na Alemanha, entre 1994 e 1997; gerente de Relações Internacionais da FIESP (2001-2004); secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo (2005); diretor Executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (ABEF) (2006-2009); e presidente executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) (2009-2013).

Atualmente é membro da diretoria da Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG); diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB); diretor do Conselho de Agricultura da Fiesp (COSAG/Fiesp); vice-presidente do capítulo brasileiro do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL) e membro do Grupo de Análise Internacional da Universidade de São Paulo (GACINT/IRI/USP).

Palestrante da Favesu fala sobre o agronegocio e a economia do paisMontanhas Capixabas – Em sua palestra que será realizada na Favesu, no dia 23 de junho, o senhor vai falar sobre os desafios do quadro político-econômico para o agronegócio brasileiro. Quais são hoje esses maiores desafios?

Christian Lohbauer – O agronegócio brasileiro transformou-se no motor da economia do país porque precisa pouco do governo. No momento em que o produtor percebeu que poderia crescer e se desenvolver sem depender das benesses do Estado, tornou o agronegócio brasileiro a maior potência mundial. Os desafios são, na grande maioria, aquilo que ainda depende justamente do Estado e não há como mudar: a qualidade da infraestrutura (estradas, pontes, portos, aeroportos), a modernização do sistema sanitário, a redução dos encargos trabalhistas (que já melhorarão com a terceirização) e a simplificação do sistema tributário.

Além de desafios internos no Brasil, há desafios mundiais que também afetam o desenvolvimento do agronegócio brasileiro?

O mercado internacional ainda tem muito espaço para ser ocupado pelos produtos agrícolas brasileiros. Apesar das dificuldades de acesso por questões sanitárias ou protecionismo puro (cotas, tarifas ad valorem e específicas, salvaguardas e subsídios), há muito espaço para conquistar mercados, mesmo com maior valor agregado. Mas é preciso investimento em tempo e em gente. Mas quem tem que lidar com as agruras da instabilidade político-econômica brasileira tem pouco espaço para investir em projetos de longo prazo.

Quais os setores do agronegócio brasileiro que apresentam um maior desempenho na economia do país?

A produção de grão é extraordinária. Soja, milho, feijão, arroz. Mas é na proteína animal que há muito espaço ainda. O mundo precisa de alimentos e proteínas e o Brasil tem a proteína vegetal para transformar em animal e alimentar a população em crescimento. As frutas in natura também podem crescer e vem crescendo.

Podemos dizer que o agronegócio é o segmento que está segurando a economia do Brasil?

Não há dúvida. E já faz tempo. Desde meados dos anos 90, a agricultura segura as contas públicas. A indústria manufatureira infelizmente perdeu competitividade com exceção de alguns poucos setores. O Brasil ficou caro para produzir. O Agro ainda tem competitividade, mas sabemos que ela não é eterna. O Brasil precisa reformar e liberalizar sua economia, senão corre o risco de perder também as vantagens que tem na agricultura.

Na sua visão, quais as perspectivas para o futuro do agronegócio brasileiro, diante das crises econômica, política, hídrica e tantos outros problemas enfrentados pelos produtores?

O futuro está na tecnologia. Não apenas da agricultura, mas no futuro da humanidade. Os grandes avanços no padrão de vida humano foram dados com descobertas extraordinárias. Na agricultura não é diferente. A produtividade vem de sementes mais resistentes às intempéries, defesa vegetal mais precisa, uso racional da água, uso eficiente da terra, treinamento do homem e novas máquinas. A genética animal também é fundamental além da integração de pequenos produtores em cadeias globais de produção e consumo. A verdadeira reforma agrária é a incorporação de pequenos produtores na integração com grupos exportadores como no caso de aves e suínos.

O que representa a possibilidade de importação de café para o segmento no Brasil? 

Não deveria haver tensão com importação de café ou qualquer outro produto agrícola. A importação provoca concorrência e faz quem produz mais caro buscar eficiência. Sou a favor de importação de café e banana por exemplo. O Brasil pode bater os concorrentes internacionais. Basta trabalhar e querer.

Os setores de avicultura e suinocultura têm uma boa representatividade econômica para o agronegócio brasileiro. Para esses setores, o que poderia contribuir para o maior desenvolvimento?

Se o governo fizer a sua parte e modernizar o sistema de inspeção federal e modernizar os portos já é o suficiente. O resto, o setor de suínos e aves resolve sozinho. Tem feito isso há mais de 30 anos e só fez crescer, com uma média em torno de 10% ao ano. É muita capacidade.

Os produtores brasileiros de aves, ovos e suínos estão investindo cada vez mais em tecnologias e melhorias genéticas. Qual a importância dessas atualizações para esses segmentos?

Fundamentais. A tecnologia é que fez o produtor chegar aonde chegou. Se parar de buscar novas genéticas, padrões de produção, novos equipamentos, vai perder. Tem que se manter curioso, atento e interessado no desenvolvimento da produção. Isso já é feito pela maioria. Por isso, a liderança do país na exportação de frango e a boa performance nos suínos.

A participação dos produtores em um evento como a Favesu, onde são apresentadas as novidades dos setores, além de ser um local propício para trocas de experiências entre os envolvidos, é importante para os produtores?

Encontros como a Favesu servem para que os produtores possam estar no mesmo local e discutir os problemas do seu dia a dia, além de encontrar soluções para diferentes desafios. É importante ter um ambiente social com seus pares para ouvir sobre o Brasil, sobre a política e a economia e sobre a produção. É importante encontrar os parceiros e colegas de atividade.

Palestrante da Favesu fala sobre o agronegócio e a economia do país

 

Julio Huber

 

Mestre e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, o vice-presidente de Assuntos Corporativos da Bayer no Brasil, Christian Lohbauer será o palestrante principal da Feira da Avicultura e Suinocultura Capixaba (Favesu), que será realizada em Venda Nova do Imigrante, nos dias 22 e 23 de junho.

 

Em entrevista à Revista Negócio Rural e ao portal Montanhas Capixabas, Christian fala um pouco do tema que irá abordar em sua palestra: O Agronegócio e os Desafios do Quadro Político-Econômico Brasileiro. Christian destaca que o agronegócio segura a economia brasileira, mas merece uma atenção melhor do pode público.

 

Ainda de acordo com o especialista, a produção de proteína animal tem um campo imenso para se desenvolver ainda mais. Christian também falou sobre os principais desafios enfrentados pelo setor no Brasil, e os caminhos para o crescimento.

 

Christian é Mestre e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo; foi bolsista de doutorado da Fundação Konrad Adenauer na Universidade de Bonn, na Alemanha, entre 1994 e 1997; gerente de Relações Internacionais da FIESP (2001-2004); secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo (2005); diretor Executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (ABEF) (2006-2009); e presidente executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) (2009-2013).

 

Atualmente é membro da diretoria da Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG); diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB); diretor do Conselho de Agricultura da Fiesp (COSAG/Fiesp); vice-presidente do capítulo brasileiro do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL) e membro do Grupo de Análise Internacional da Universidade de São Paulo (GACINT/IRI/USP).

 

Montanhas Capixabas – Em sua palestra que será realizada na Favesu, no dia 23 de junho, o senhor vai falar sobre os desafios do quadro político-econômico para o agronegócio brasileiro. Quais são hoje esses maiores desafios?

 

Christian Lohbauer – O agronegócio brasileiro transformou-se no motor da economia do país porque precisa pouco do governo. No momento em que o produtor percebeu que poderia crescer e se desenvolver sem depender das benesses do Estado, tornou o agronegócio brasileiro a maior potência mundial. Os desafios são, na grande maioria, aquilo que ainda depende justamente do Estado e não há como mudar: a qualidade da infraestrutura (estradas, pontes, portos, aeroportos), a modernização do sistema sanitário, a redução dos encargos trabalhistas (que já melhorarão com a terceirização) e a simplificação do sistema tributário.

 

Além de desafios internos no Brasil, há desafios mundiais que também afetam o desenvolvimento do agronegócio brasileiro?

 

O mercado internacional ainda tem muito espaço para ser ocupado pelos produtos agrícolas brasileiros. Apesar das dificuldades de acesso por questões sanitárias ou protecionismo puro (cotas, tarifas ad valorem e específicas, salvaguardas e subsídios), há muito espaço para conquistar mercados, mesmo com maior valor agregado. Mas é preciso investimento em tempo e em gente. Mas quem tem que lidar com as agruras da instabilidade político-econômica brasileira tem pouco espaço para investir em projetos de longo prazo.

 

Quais os setores do agronegócio brasileiro que apresentam um maior desempenho na economia do país?

 

A produção de grão é extraordinária. Soja, milho, feijão, arroz. Mas é na proteína animal que há muito espaço ainda. O mundo precisa de alimentos e proteínas e o Brasil tem a proteína vegetal para transformar em animal e alimentar a população em crescimento. As frutas in natura também podem crescer e vem crescendo.

 

Podemos dizer que o agronegócio é o segmento que está segurando a economia do Brasil?

 

Não há dúvida. E já faz tempo. Desde meados dos anos 90, a agricultura segura as contas públicas. A indústria manufatureira infelizmente perdeu competitividade com exceção de alguns poucos setores. O Brasil ficou caro para produzir. O Agro ainda tem competitividade, mas sabemos que ela não é eterna. O Brasil precisa reformar e liberalizar sua economia, senão corre o risco de perder também as vantagens que tem na agricultura.

 

Na sua visão, quais as perspectivas para o futuro do agronegócio brasileiro, diante das crises econômica, política, hídrica e tantos outros problemas enfrentados pelos produtores?

 

O futuro está na tecnologia. Não apenas da agricultura, mas no futuro da humanidade. Os grandes avanços no padrão de vida humano foram dados com descobertas extraordinárias. Na agricultura não é diferente. A produtividade vem de sementes mais resistentes às intempéries, defesa vegetal mais precisa, uso racional da água, uso eficiente da terra, treinamento do homem e novas máquinas. A genética animal também é fundamental além da integração de pequenos produtores em cadeias globais de produção e consumo. A verdadeira reforma agrária é a incorporação de pequenos produtores na integração com grupos exportadores como no caso de aves e suínos.

 

O que representa a possibilidade de importação de café para o segmento no Brasil?

 

Não deveria haver tensão com importação de café ou qualquer outro produto agrícola. A importação provoca concorrência e faz quem produz mais caro buscar eficiência. Sou a favor de importação de café e banana por exemplo. O Brasil pode bater os concorrentes internacionais. Basta trabalhar e querer.

 

Os setores de avicultura e suinocultura têm uma boa representatividade econômica para o agronegócio brasileiro. Para esses setores, o que poderia contribuir para o maior desenvolvimento?

 

Se o governo fizer a sua parte e modernizar o sistema de inspeção federal e modernizar os portos já é o suficiente. O resto, o setor de suínos e aves resolve sozinho. Tem feito isso mais de 30 anos e só fez crescer, com uma média em torno de 10% ao ano. É muita capacidade.

 

Os produtores brasileiros de aves, ovos e suínos estão investindo cada vez mais em tecnologias e melhorias genéticas. Qual a importância dessas atualizações para esses segmentos?

 

Fundamentais. A tecnologia é que fez o produtor chegar aonde chegou. Se parar de buscar novas genéticas, padrões de produção, novos equipamentos, vai perder. Tem que se manter curioso, atento e interessado no desenvolvimento da produção. Isso já é feito pela maioria. Por isso, a liderança do país na exportação de frango e a boa performance nos suínos.

 

A participação dos produtores em um evento como a Favesu, onde são apresentadas as novidades dos setores, além de ser um local propício para trocas de experiências entre os envolvidos, é importante para os produtores?

 

Encontros como a Favesu servem para que os produtores possam estar no mesmo local e discutir os problemas do seu dia a dia, além de encontrar soluções para diferentes desafios. É importante ter um ambiente social com seus pares para ouvir sobre o Brasil, sobre a política e a economia e sobre a produção. É importante encontrar os parceiros e colegas de atividade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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