Osmar Oliveira quer posto de saúde itinerante, curso superior na sede, edifício-garagem e miniceasa

Publicado em 01/10/2024 às 14:27

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ELEIÇÕES (2)

Texto e fotos: Gleberson Nascimento

Sem papas na língua, o candidato à Prefeitura de Domingos Martins pelo Republicanos, Osmar Oliveira, 69 anos, disse que os adversários tentaram tirá-lo da disputa, ofereceram secretaria, mas ele se manteve firme, em busca de uma gestão compartilhada com o povo. “Não estou à venda. Não prometi cargo a ninguém. Não estou engessado. O nosso compromisso é com a população. Quero mudar, renovar, contar com a participação popular”, afirma.

Para isso, o ex-presidente da Câmara e ex-vereador por três mandatos fez propostas ambiciosas. Ele promete posto de saúde itinerante, com ônibus que leve remédios e médicos até o doente nos distritos; cursos superiores presenciais em Domingos Martins, em convênio com uma universidade; edifício-garagem, para desafogar o trânsito na sede e até uma miniceasa onde os produtores rurais possam vender seus produtos a outros municípios, evitando a figura do atravessador.

Osmar, que é o quarto e último candidato a ser ouvido pelo Montanhas Capixabas, não poupou críticas à gestão do atual prefeito Wanzete Kruger (sem partido). Na entrevista realizada na redação do jornal, no último dia 20, ele foi assessorado pelo vice Franz Robert Simon.

Indagado sobre o fato de ter ficado inelegível por oito anos devido a uma condenação por improbidade administrativa, no episódio em que um motorista da Câmara se envolveu num acidente com um carro do Legislativo, Osmar descartou que o caso traga reflexos na sua campanha, garantiu que o seu trabalho social continua e afirmou que foi vítima de perseguição política.

Montanhas Capixabas – Por que o senhor deseja ser prefeito de Domingos Martins?

Osmar Oliveira – Olha, eu resolvi me candidatar a prefeito porque eu tenho um trabalho social há 25 anos, totalmente voluntário. Então, eu sempre me coloquei à disposição do povo, ajudando todo mundo e tratando o município com igualdade. Eu acho que, como prefeito, vou poder fazer muito mais.

Por que o senhor decidiu ser candidato a prefeito nos últimos dias do prazo?

Devido à minha ligação com o povo, algumas pessoas me boicotaram, falaram que eu não vinha, não colocaram o meu nome nas pesquisas. Fizeram tudo para eu não participar.

Candidatos foram lá me oferecer secretaria, para eu desistir. Eu falei: “Meus amigos, eu não estou à venda. Eu não tenho sede de poder como os meus adversários têm”. Estão prometendo o que a prefeitura não tem. Se eleito, minha administração será para o povo e com o povo.

A chapa do senhor é puro-sangue (formada por candidatos de um mesmo partido)?

Fizeram uma jogada para não deixar nenhum partido comigo. Não fiz coligação com ninguém. Não prometi cargo a ninguém. Não estou engessado. O nosso compromisso é com a população.

Qual seria a marca da sua gestão, caso o senhor seja eleito no próximo dia 6?

Minhas metas são atuar mais na saúde e construir estradas. O povo do interior depende muito de saúde e estradas, para escoar a produção. Os pequenos produtores querem ter um local para levarem seus produtos e venderem para outros municípios ou talvez até carregar caminhões. Seria uma espécie de miniceasa. E tem uma área aqui na Fazenda do Estado que a gente poderia pensar num projeto para melhorar a vida do produtor.

Se a gente valoriza o produtor, automaticamente ele irá gastar o seu dinheiro no município, o que fortalece nossa economia local. O povo de Domingos Martins merece ser bem cuidado. São trabalhadores, de origem pomerana, muito dedicados. Nós temos moradores aqui que nunca nem conheceram algumas das áreas turísticas do próprio município. As crianças muitas vezes aprendem primeiro o pomerano antes do português. Eu vejo essas necessidades, e quero atuar em favor dessas pessoas.

E quais são as suas propostas para a saúde?

Eu quero melhorar os postos de saúde, levar o profissional até lá, inclusive com a distribuição de remédios e realização de consultas. Quero que o povo fique bem servido, porque eu não tenho compromisso com empresas, nem parceria com ninguém. Vou construir um posto de saúde itinerante, que seria como uma van ou ônibus adaptado, para ir ao interior, ao encontro da pessoa, do cidadão.

Recentemente, estive em Barcelos, o último distrito de Domingos Martins, que faz limite com Venda Nova do Imigrante. E ouvi dos moradores: “Osmar, a gente aqui vê carro para vacinar cachorro e gato, mas o idoso fica em casa, deitado, sem vacina, sem remédios, precisando de atendimento.”

Vou implantar, caso eleito, o posto de saúde itinerante. Seriam, no mínimo, dois ônibus, levando não só enfermeiro, mas também médico da família, e, se possível, um dentista.

Como o senhor analisa a atual administração? O que é que tem de positivo, negativo e o que gostaria de melhorar?

Estou aqui desde que nasci, tenho 69 anos. Vejo que a população reclama bastante. Há muitas obras eleitoreiras: começa aqui, e não termina. Começa lá, e não termina. O prefeito eleito terá que, nos próximos dois anos, fazer as obras que forem necessárias. O restante, ele vai ter que consertar e concluir as obras deixadas.

Meu compromisso com a população é: quando eu sair, não vou deixar nenhuma obra iniciada e não concluída, porque isso faz o município andar para trás. Essa é uma deficiência da atual administração, e eu conheço todo mundo, então ouço isso constantemente.

A nossa política, a política do Osmar, será diferente. E quero contar com a participação da comunidade. Em duas secretarias, por exemplo, quero reunir a comunidade, os profissionais da área, para que a partir desse grupo se possa escolher o secretário.

Domingos Martins precisa de renovação, de uma mudança. A administração atual já fez o que tinha de fazer, mas faltam novas ideias. Então, eu vou trazer essa renovação, com uma política transparente e próxima da população.

Mas o que o senhor faria de diferente?

Eu faço política há 25 anos. Tenho um trabalho social. Todo mundo conhece o meu trabalho. Eu faço aposentadorias, monto papéis. Ajudo, auxilio. Levo as pessoas ao médico em Vitória, para realizar cirurgias, tudo isso de forma gratuita.

Fui vereador por três mandatos. Mas houve um problema, fui afastado, acusado de improbidade administrativa, porque o motorista foi atender a um cidadão e bateu o carro. Fiquei inelegível por oito anos e perdi dois meses de salário. Cumpri todas as exigências.

É uma história que nem mexo mais porque não adianta, mas tenho provas cabíveis de que foi perseguição política. Mas eu disse que perderia, mas o povo não perderia. Tanto que, com apenas 12 dias de campanha, meu filho ficou em terceiro lugar na eleição de 2016. Só perdeu para um ex-prefeito e um médico que trabalhava aqui há 30 anos. Isso mostrou que o meu trabalho é sólido e verdadeiro. Minha campanha não é feita com dinheiro nem com acordos. Ela é direta, séria e verdadeira.

O senhor acredita que o fato de ter ficado inelegível por improbidade possa causar algum reflexo na eleição atual?

Não, isso não traz reflexo, porque o trabalho teve continuidade. Meu filho é vereador hoje. Mas ninguém precisa procurar por ele. Procurem por mim, porque sou eu quem faz, conheço todos os cantinhos de Vitória, todos os hospitais, todas as clínicas.

Claro, respeitando sempre a vez, nada de passar ninguém na frente. Sempre tive esse êxito. Tudo é gratuito, pago por mim, sem precisar de empresas ou de nada.

De que, na verdade, o senhor foi acusado?

Eu era o presidente da Câmara na época. Por ser o ordenador de despesas, a responsabilidade recaiu sobre mim, e não sobre o motorista.

Mas o motorista estava irregular ou alcoolizado?

Segundo as informações, ele estava embriagado e houve um acidente com o carro da Câmara. Ele estragou o carro, mas não pagou. Fui vítima de perseguição política, mas não quero culpar ninguém ou fazer nada contra ninguém.

O senhor acha que isso impacta sua imagem?

Sempre fui um político muito presente com a população. Estou sempre na rua, e isso gera inveja. Eles tinham muito medo que eu crescesse. Sempre tive um coração grande e ajudei muito. Se você andar por aí e perguntar a todos sobre o meu trabalho, vai ver que minha campanha é baseada nisso: meu trabalho. Não precisei de promessas vazias.

Como seria sua gestão voltada para o funcionalismo público?

Se eu for prefeito, quero que o funcionalismo ganhe o suficiente para não precisar de complementações. O funcionário público é o alicerce da prefeitura. Temos de olhar com carinho para isso, valorizando o trabalhador com capacidade e formação.

Quando fui presidente da Câmara, fiz concurso. Hoje, algumas das faxineiras estão qualificadas e ocupam cargos administrativos. Quero investir nos cidadãos que vão permanecer no serviço público e farei o mesmo na prefeitura.

E quanto ao salário dos secretários, como o senhor vê isso?

Você não encontra um secretário bom por R$ 5,7 mil. Eles trabalham ali por trabalhar. Precisamos de secretários com formação e responsabilidade. Hoje, o salário deles é pouco, precisa melhorar. Eles ganham o mesmo que os vereadores, mas veja a responsabilidade que um secretário de Educação ou de Saúde tem.

Qual a sua proposta para a qualificação dos funcionários?

Quero fazer uma reciclagem geral dos funcionários e firmar convênios com instituições, como a Esafi, para oferecer cursos preparatórios e de reciclagem. A prefeitura precisa ser informatizada. Há pessoas que esperam até dois anos para conseguir uma licença. O setor precisa ser modernizado com urgência.

Quais são as estratégias que o senhor usaria para garantir o apoio no Legislativo?

Todos os poderes devem trabalhar juntos. Sempre tive uma boa convivência com os vereadores, e estou confiante de que, na minha gestão, não haverá problemas. Vamos trabalhar em parceria com o Judiciário, o Ministério Público e o Legislativo.

Quantos candidatos a vereador compõem sua chapa e o senhor acredita na eleição de quantos na Câmara?

São sete. Estamos trabalhando. Não posso fazer cálculos, pois quem decide é o povo.

Sem maioria na Câmara, o senhor terá dificuldades para aprovar seus projetos?

Acredito que não, porque todos os projetos que o Executivo enviar à Câmara serão de interesse público. E políticos não querem ir contra o povo. Quando o povo se manifesta, os políticos se veem obrigados a ouvir.

Como seria a relação do senhor com o governador Renato Casagrande e com o presidente Lula?

O Partido Republicano não tem vínculos nem com a esquerda nem com a direita. A polarização de Brasília não interfere no nosso município. Um prefeito precisa trabalhar para o povo, que paga impostos, e não ficar preso a siglas partidárias.

Tenho boa relação com os deputados, como Hudson Leal, Alcântaro Filho e Bispo Alves, além de Messias Donato na bancada federal. Estamos empenhados em montar uma equipe técnica e capacitada para captar recursos em Brasília. A chave é ter bons projetos, e as verbas serão liberadas automaticamente.

O senhor já tem nomes para o secretariado?

Eu não fiz compromisso com ninguém. Não vou colocar um professor na Secretaria de Agropecuária.

Quais são as suas propostas para a educação?

Estou em contato com um centro universitário de Vitória para implantarmos cursos superiores aqui em Domingos Martins, presencialmente, em convênio com a universidade.

Isso não é promessa política. Já está em andamento. E já temos a palavra do centro universitário de que eles têm interesse e que é viável. Inicialmente, já vamos começar com cursos voltados para o agronegócio e o agroturismo.

Com a chegada do centro universitário, eles poderão analisar as necessidades do município e, com isso, ampliar e oferecer outros cursos. Precisamos de formações que atendam às demandas locais.

Não quero que nosso jovem precise ir a Vitória para estudar, se formar e, depois, não ter onde trabalhar. Quero que se forme no próprio município e tenha oportunidades aqui. Precisamos de novas cabeças.

Outra questão que vejo é que outros municípios ajudam com o transporte para os estudantes, mas aqui isso não acontece. Dentro do nosso orçamento, se tivermos condições, vamos ajudar. Formar essas pessoas não é gasto, é investimento.

Quem é o seu candidato a vice-prefeito? Apresente-o para o eleitor.

Franz Robert Simon é uma pessoa íntegra, de caráter e boa índole. Ele é professor, capacitado, com três cursos superiores e um mestrado. É formado em Direito, Administração e Letras Português.

Tem experiência tanto na área privada quanto na pública, pois atuou por 28 anos como defensor público no Estado. Durante quase 10 anos, foi chefe na Defensoria de Vila Velha e coordenador de Execução Penal da Defensoria, cuidando da área de presídios. Além disso, foi diretor da Penitenciária Agrícola de Viana e diretor de Patrimônio da Prefeitura de Cariacica. Tem uma vasta experiência.

Um dos grandes desafios do município é a mobilidade urbana. Como o senhor irá solucionar o problema?

As casas não podemos tirar do lugar. As ruas são apertadas. Vamos procurar um terreno para construir um estacionamento que melhore o fluxo de veículos e de pessoas aqui na sede. Se encontrarmos terrenos, poderemos construir um edifício-garagem de seis andares.

Faremos um estudo de engenharia de tráfego para amenizar essa situação, porque não conseguimos estacionar em lugar nenhum. Há muitos carros que permanecem o dia inteiro na mesma vaga, o que agrava o problema.

A rodoviária está em um lugar que poderia ser aproveitado como estacionamento, já que não é usada o tempo todo. Isso evitaria a passagem de ônibus pelo Centro.

Existe um projeto, reivindicado pela população, de construirmos um contorno para Domingos Martins, para que caminhões e ônibus não precisem passar pelo Centro. Mas para isso serão necessários recursos.

E quais são as suas propostas para o comércio e o turismo?

Precisamos divulgar o comércio local para que as pessoas conheçam o nosso artesanato. Temos muito turismo rural, mas falta sinalização e divulgação para atrair mais turistas. Queremos criar um calendário anual de festas nas comunidades e divulgar locais de hospedagem.

Também é necessário criar um site para promover as pousadas, festas, turismo local e comidas típicas. Hoje em dia, o celular e a internet são tudo. E, como já dissemos, precisamos de boas estradas para facilitar o acesso. Outro atrativo é a Rota Imperial, que passa por Perobas, Paraju, Ponto Alto e Tijuco Preto. O local é lindíssimo.

O senhor tem propostas para o meio ambiente e a sustentabilidade?

Uma coisa que precisa acabar é a venda de propriedades para imobiliárias clandestinas, que fatiam o terreno. É preciso intensificar a fiscalização, pois isso não pode ser feito. Muitas vezes, essas vendas ocorrem sem escritura, apenas com recibos.

Vamos criar um setor na prefeitura para dar orientação às pessoas. Se alguém quiser fazer uma obra ou derrubar algo permitido, poderá consultar esse setor para obter informações sem medo de ser multado. O agricultor já é muito penalizado.

O senhor tem propostas para aumentar a segurança e fortalecer o esporte?

Em relação às drogas, essa é uma questão para a segurança do Estado. Agora, tenho um projeto para incentivar o esporte, com escolinhas de futebol e cursos profissionalizantes, para tirar os jovens do mundo das drogas. Também vou incentivar a cultura pomerana e as tradições de Domingos Martins.

Mande uma mensagem para o eleitor. Por que ele deve votar no senhor no próximo dia 6? Peço o voto do eleitor porque quero governar para todos. Comigo, Domingos Martins será um município com mais igualdade.

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