Coluna Pomerana
Os Ritos de Passagem dos Pomeranos
Publicado em 27/08/2019 às 12:27
Muitos hábitos e costumes que, durante séculos, eram praticados na antiga Pomerânia, talvez como uma herança do tempo de paganismo, sobretudo durante os primeiros cem anos, depois de se terem fixado aqui no Brasil, continuaram bem vivos entre os pomeranos. Dessa forma também os chamados ritos de passagem se constituíram em uma espécie de elo que traça um certo vínculo que une diferentes momentos aao longo da trajetória da sua vida.
Esse círculo que inicia pelo nascimento, passando pelo batismo, pela confirmação, pelo casamento e, finalmente, na esperança por uma nova vida, faz o seu fechamento com a morte. O pomerano cultua esses rituais e, para ele, representam uma passagem para uma nova fase da sua vida. Dessa forma, o nascimento, trazendo os seus muitos segredos e muitos cuidados, não envolve somente o recém-nascido, mas também a própria mãe, é seguido pelo batismo, a partir do qual a criança começa a ser protegida por uma aura do “ser cristão”.
O batismo se constitui em um momento em que a criança, ao ser aceita como “integrante da comunidade”, recebe o seu “Patenzetel”, na forma de um envelope, contendo grãos de cereais, mechas de cabelo, moedas, etc, representando os diferentes “desejos” dos padrinhos, para que este pequeno ser venha a se tornar um adulto com todo o seu potencial de realizações.
Já alguns anos mais tarde, aos 13 ou 14 anos de idade, com a confirmação, lhe é concedido o status de adulto. Com isso passa a poder fumar, beber e dançar, ou seja, pode freqüentar o ambiente dos adultos.
Por último, já como adulto, ao ingressar no casamento passa a viver sua fase de plenos direitos. Uma vez casado, terá que organizar a sua própria família, o seu trabalho e cuidar da sua prole, cumprindo com o destino bíblico (ide e multiplicai-vos) para dar continuidade à espécie.
A morte, com todo o seu cerimonial, irá fechar esse círculo da sua vida terrena. Nesse momento as janelas das casas devem ser abertas para que o espírito possa sair livremente. A ceia com Wittbrot (pão branco), preparada pelas vizinhas e servida depois do sepultamento, deverá saciar a fome dos viajantes que aqui chegaram para a sua última visita.
Novamente, identificamos a grande força que a espiritualidade traz para aqueles que, de uma forma ou outra, nesse ato, conseguem visualizar uma continuidade de sua própria existência. Os pomeranos sempre foram muito religiosos e, também aqui, a sua cultura lhes dá uma perspectiva para o depois: Há uma esperança para uma vida eterna sem sofrimento.