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Os efeitos da pandemia, consequentemente do isolamento, para crianças e adolescentes

Publicado em 21/08/2020 às 12:40

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Os efeitos da pandemia vão muito além de crise financeira, mercados, política, desemprego. Eles atingiram as casas, as famílias, as escolas, e com isso, toda uma rotina familiar, o que fez com que crianças e adolescentes não passassem incólumes aos efeitos do isolamento.

Com o fechamento de escolas, clubes, praças e parques, além da convivência com amigos e familiares limitadas, a população mais jovem, aí incluídos crianças e adolescentes, está vivendo um momento de grande estresse, tensão, ansiedade e até depressão. Isso porque tiveram seu cotidiano modificado sem possibilidade de escolha e, principalmente, por não terem, assim como os adultos, a compreensão ampla sobre os fatos. Além do mais, ainda absorvem muitas vezes, de forma distorcida, trechos de diálogos de adultos, tirando algumas coisas de contexto, dificultando ainda mais o entendimento da situação. Outra característica importante é a ansiedade proveniente da fase de puberdade, período em que sentimentos como aceitação, aprovação, autoestima e medos acabam sendo agravados pelo longo período de isolamento que se encontram, já que as respostas para tantas dúvidas não podem ser apresentadas sem contato com o círculo de convivência das crianças e jovens, abruptamente interrompido.

De acordo com estudos publicados no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, pela Dra. Maria Elizabeth Loades, que analisou dados de crianças em isolamento por diversas razões desde o ano de 1946 até os dias atuais, em que 63 estudos, envolvendo 51.576 participantes saudáveis, confirmaram que o isolamento aumentou o risco de depressão de 0,25 a 9 anos depois. A duração da solidão foi o fator considerado como crucial em relação a sintomas de saúde mental. Automutilamento e até comportamentos alimentares desordenados foram observados, entre tantas outras consequências.

De acordo com a conclusão dos estudos, é de grande relevância o acompanhamento durante e após o isolamento, observar alterações de comportamento e humor. E, caso alterações sejam notadas, procurar auxílio médico e psicológico é extremamente importante para se preservar a saúde mental da população mais jovem.

É necessário criar alternativas para que esses jovens e crianças possam passar por essa fase tendo o menor impacto possível. Isso inclui muito diálogo, em primeiro lugar, para que se possam entender quais as razões e as consequências reais a que estão submetidos, evitando assim visões distorcidas, tanto de medo excessivo quanto de subestimar os fatos. Tudo isso partindo do princípio de que as orientações e cuidados básicos estejam sendo seguidos, como higiene, máscara e distanciamento social seguro.

Algumas famílias têm encontrado soluções criativas e divertidas, transformando esse momento em uma grande oportunidade de aprendizado e convivência, com os pais (em sua grande maioria) proporcionando e participando de atividades artísticas, esportivas, intelectuais com seus filhos, muitas vezes passando suas próprias experiências e conhecimento. Resultado disso, são casos de crianças aprendendo a tocar instrumentos, desenvolvendo habilidades em desenho e artesanatos, aprendendo línguas, exercitando-se, sempre tendo como exemplo não mais um professor ou técnico ou qualquer outro tipo de profissional, mas tendo na imagem materna ou paterna a direção para tais atividades.

O empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior conta que, nesse momento, pela alteração que teve na sua rotina de trabalho e compartilhando de mais tempo em sua casa, pode ver mais de perto a mecânica da sua família no dia a dia, acompanhar pessoalmente o estudo dos filhos e também compartilhar experiências, além de mostrar na prática quais as atribuições e o papel que tem nos negócios da família. Moura Junior, que tem um histórico de envolvimento em várias modalidades de esporte, cita ainda que, “criamos um grupo familiar de pedalada, onde saímos todos os domingos para um percurso de aproximadamente 50km, dessa forma, além de cuidarmos da saúde, mantemos a família unida em torno de algo saudável e prazeroso”. Mourinha, como o empresário é conhecido, acredita que “sairemos dessa pandemia com valores e relações pais e filhos ainda mais enriquecidos”.

Obviamente que existem realidades diferentes no Brasil. O importante é alimentar sentimentos positivos e envolver as crianças em atividades saudáveis, assim como deixar clara a importância que possuem na estrutura familiar, envolvendo em tarefas das mais simples às mais inusitadas e criativas. Lembrando ainda que o país se encontra em tempos de flexibilização, tomando todos os cuidados necessários e analisando com cuidado todos os riscos envolvidos, na medida do possível, gradativamente proporcionar o contato mínimo que seja, com amigos e familiares que fazem parte do círculo de convivência normal e ensiná-los, assim como os adultos estão aprendendo, a conviver com o “Novo Normal”.

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