O que esperar das eleições na França com Macron, Le Pen e Mélenchon
Publicado em 10/04/2022 às 09:11
A França realiza neste domingo (10) o primeiro turno das eleições presidenciais . As pesquisas eleitorais mostram que a disputa deve ser a mais acirrada das últimas décadas no país e deve ser resolvida apenas em 24 de abril, data do segundo turno.
A pesquisa pesquisa Ipsos Sopra Steria Cevipof para o jornal Le Monde divulgada na quarta-feira (6) mostra o candidato à reeleição, Emmanuel Macron, liderando com apenas 5 pontos de vantagem em relação à representante da extrema-direita, Marine Le Pen. Jean-Luc Mélenchon, representante da esquerda, também vem subindo nas pesquisas e pode surpreender.
Se os números das pesquisas se confirmarem, Macron e Le Pen se enfrentarão no segundo turno, como aconteceu na eleição passada, em 2017. Segundo simulação da Ipsos, Macron seria reeleito com 54% dos votos.
Para Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper, embora Le Pen venha diminuindo a vantagem em relação a Macron, o atual presidente tem boas chances de ser reeleito.
“Macron corre risco como todo político disputando reeleição, mas eu não vejo um grande risco, sobretudo porque existe um segundo turno. A gente tem que saber que, apesar de Macron parecer estar perdendo força nessa etapa final, existe uma segunda volta onde um só desses candidatos mais ‘extremos’ deve passar, e Macron pode aglutinar o outro lado no segundo turno. Mas risco sempre existe.”
Uma eventual derrota de Macron fatalmente traria uma mudança significativa na política externa e interna da França. Isso porque o atual presidente é considerado um político moderado e dado a diálogos bilaterais. Já Le Pen e Mélenchon representam polos opostos: o conservadorismo e uma esquerda arraigada, respectivamente.
“Seria uma guinada, sem dúvida nenhuma. Hoje nós temos um centrista, e ele cederia espaço a um presidente ou à esquerda ou à direita, com todas as prerrogativas e idiossincrasias que um governo de direita ou esquerda podem carregar. O governo da chamada direita, mais conservador, menos afeito a questão das minorias, por exemplo, mais ligada a essa agenda conservadora certamente tomaria parte na França caso Le Pen ganhe. E um governo mais à esquerda, estadista, voltado às questões sociais sem a moderação e as pontes necessárias com setores produtivos seria evidentemente o que o Mélenchon traria para o governo”, avalia Consentino.
Ariane Roder, Cientista política e professora do Coppead/UFRJ, chama atenção para as consequências de um eventual êxito de Le Pen no âmbito da política externa.
Fonte: Portal iG