Coluna Diversidade
O poder da comunicação ao promover a inclusão social
Publicado em 23/02/2024 às 15:26
Apenas através de campanhas educativas contínuas e maciças conseguimos mudar o comportamento e a cultura da sociedade. Assim aconteceu, por exemplo, na relação da sociedade com o tabaco.
A comunicação desempenha um papel fundamental na transformação de comportamentos, na construção de culturas inclusivas e na promoção da convivência harmoniosa entre pessoas com e sem deficiência. Meios de comunicação como rádio, televisão, internet e jornais impressos têm o poder de influenciar a maneira como a sociedade enxerga, compreende e interage com as pessoas com deficiência, contribuindo para a quebra de estigmas e preconceitos e para a promoção da inclusão e da diversidade.
Através dos meios de comunicação, é possível disseminar informações, sensibilizar o público e promover a reflexão sobre as questões relacionadas à deficiência, destacando as potencialidades, os desafios e as necessidades das pessoas com deficiência. A representação positiva e inclusiva dessas pessoas nos meios de comunicação contribui para a construção de uma cultura mais empática, respeitosa e acolhedora, que reconhece a diversidade como um valor e não como uma limitação.
A televisão, por exemplo, tem um alcance massivo e pode ser uma poderosa ferramenta para sensibilizar a opinião pública e promover a visibilidade das pessoas com deficiência. A veiculação de programas, séries e campanhas que abordam temas relacionados à deficiência de forma sensível e inclusiva pode ajudar a quebrar estereótipos, desconstruir preconceitos e ampliar a compreensão sobre a diversidade humana.
Da mesma forma, o rádio, a internet e os jornais desempenham um papel importante na disseminação de informações e na promoção do diálogo sobre a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. A divulgação de notícias, reportagens, entrevistas e conteúdos que abordam as conquistas, os desafios e as demandas das pessoas com deficiência contribui para sensibilizar a opinião pública, estimular a empatia e fomentar ações concretas em prol da inclusão e da acessibilidade.
Além disso, a comunicação também pode influenciar diretamente o comportamento das pessoas em relação às pessoas com deficiência. Através de campanhas de conscientização, programas educativos e iniciativas de mobilização social, é possível promover a mudança de atitudes, estimular a empatia e incentivar a prática da inclusão em diversos contextos, como na educação, no trabalho, no lazer e na vida cotidiana.
O poder da comunicação é inquestionável. Um grande exemplo disso foi a significativa contribuição na mudança comportamental e cultural da sociedade na relação com o tabaco. Campanhas educativas e de conscientização sobre os riscos à saúde, financiadas por governos e organizações de saúde, passaram a ocupar o espaço antes dominado pela publicidade pró-tabaco. Essas iniciativas visavam informar o público sobre os perigos do tabagismo, desmitificar a imagem associada ao fumo e incentivar a mudança de comportamento em direção a um estilo de vida mais saudável e livre do tabaco. Com o tempo, a crescente conscientização sobre os malefícios do fumo contribuíram para uma mudança significativa na percepção e no comportamento da sociedade em relação ao tabaco. O tabagismo deixou de ser visto como um hábito glamouroso e passou a ser associado predominantemente a problemas de saúde e dependência química. A mudança na abordagem da publicidade de tabaco, de uma narrativa de glamour e atratividade para uma mensagem de alerta sobre os riscos à saúde, contribuiu para a construção de uma cultura mais consciente, saudável e responsável. Porque não utilizar os veículos de comunicação para transformar a maneira como a sociedade enxerga, lida e convive com as pessoas com deficiência, observando o mesmo foco e intensidade utilizados para vencer o tabagismo? Existem outras pautas que merecem o mesmo cuidado e atenção. Destaco aqui um tema também muito presente na minha vida, o enfrentamento à violência contra a mulher.
Vou me ater ao nosso propósito aqui…
É importante ressaltar que a comunicação deve ser sempre pautada pelo respeito, pela valorização da diversidade e pela promoção da autonomia e da dignidade das pessoas com deficiência. Evitar a exploração sensacionalista, o estereótipo e a vitimização é essencial para garantir uma representação fiel e positiva das experiências e das narrativas das pessoas com deficiência.
Em suma, os meios de comunicação têm o poder de alcançar as pessoas, influenciar atitudes, mudar comportamentos e promover a inclusão na sociedade. Ao dar visibilidade, voz e espaço para essas pessoas, os meios de comunicação contribuem para a construção de uma cultura mais inclusiva, solidária, humana, justa, igualitária e respeitosa, que reconhece a diversidade como um valor e promove a igualdade de oportunidades para todos. A comunicação é, portanto, uma poderosa aliada na luta pela inclusão e pela promoção dos direitos das pessoas com deficiência.
Marcel Andrade Carone – Jornalista, apresentador de TV, empresário, ativista social comprometido com a inclusão, embaixador da Vitória Down, idealizador da “Brigada 21” e do “Pelotão 21”. É diplomado pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e comendador do 38° Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro.