Novidades e desafios para plantar tomates nas montanhas

Publicado em 29/08/2017 às 18:24

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Agricultores da região de montanhas do Estado já estão se preparando para fazer o plantio de tomates, já que a época mais propícia é a partir de setembro. O pesquisador do Instituto Capixaba de Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Helcio Costa, que é doutor em Fitopatologia, destaca a importância de acompanhamento agronômico para ter bons resultados no cultivo.

Apesar de esse ano a chuva ter sido mais presente nessa época do ano em que normalmente o clima é mais seco, o pesquisador informou que a chuva não tem interferido na produção. “A maioria dos tomates agora são cultivados em áreas mais quentes do Estado, como Afonso Cláudio, Laranja da Terra, Castelo, Aracruz e Linhares, onde se tem pouca chuva ainda”, comentou.

Mesmo as produções na região de montanhas do Estado têm ficado mais resistentes a doenças que poderiam ser ocasionadas pelo tempo chuvoso e frio. Novas variedades de tomate estão contribuindo para a melhor produção dos plantios e a menor incidência de doenças e pragas.

“A técnica mais certa é fazer o monitoramento das doenças e pragas e não usar calendário fixo de agrotóxico, pois cada local pode ter uma doença-praga e outro local não ter. O ideal é ter um agrônomo no acompanhamento e uma caderneta de campo para auxiliar nos tratos culturais”, orienta o pesquisador Helcio.

Para quem nunca plantou tomate e pretende iniciar a atividade, o Dr. Helcio Costa dá algumas dicas. “O mercado de plantar e vender para quem é novo na atividade é a questão chave desta cultura, que é muito cara. Um pé hoje deve custar cerca de R$ 4 a R$ 5 sem qualquer produção”, destacou.

De acordo com informações da revista Tomates do Brasil, anualmente são produzidas cerca de 130 milhões de toneladas, sendo 88 milhões destinados ao mercado de mesa e 42 milhões para a indústria (processamento). Os cinco maiores produtores são China, União Europeia, Índia, Estados Unidos e Turquia.

Murchadeira é o desafio nas montanhas do Estado

Causada por uma bactéria que infecta plantas da família das solanáceas, como tomate, batata, berinjela, jiló, pimentão e pimenta, a murchadeira tem sido severa em algumas áreas da Região Serrana do Espírito Santo e tem causado grandes perdas nas lavouras de tomate. De acordo com o pesquisador Helcio Costa, a incidência é maior principalmente nos meses de dezembro a fevereiro, quando as temperaturas alcançadas no solo são muito favoráveis à bactéria, observando-se perdas de 20 a 90%.

Em algumas lavouras têm sido verificadas plantas com sintomas da doença, com 15 a 25 dias de idade, notadamente em áreas onde se faz o cultivo intensivamente. A doença geralmente inicia-se em reboleiras (pequenas áreas) nas lavouras. Solos contaminados com a bactéria tornam-se impróprios para o plantio de solanáceas por longos períodos, porque ela sobrevive no solo por vários anos.

COMO RECONHECER A DOENÇA – O principal sintoma da doença é a murcha repentina das plantas (murcha verde), que geralmente se observa no início da frutificação e nas horas mais quentes do dia, e, com o desenvolvimento da doença, prolongam–se para as horas mais frescas, quando as folhas ainda se encontram com coloração verde intenso e vigorosas.

A disseminação da doença de uma região para outra ocorre por meio de sementes e mudas contaminadas. Na lavoura e dentro do seu terreno a bactéria se dissemina por água de enxurrada e pela irrigação nos sulcos. A bactéria se dissemina pelo solo que vai aderido aos implementos agrícolas (arados, discos, etc.), pelos pneus dos tratores e de tobatas e também pelos calçados dos trabalhadores.

Variedades resistentes deixam produtores satisfeitos

plantio de tomate nas montanhas do esNovas variedades de tomate que estão sendo cultivadas na região estão deixando produtores satisfeitos com os resultados. Um deles é o agricultor David Bravim, do Sítio Bravim, em Aracê, Domingos Martins. Ele falou que fez uma experiência com a variedade Stewart, no ano passado, e se surpreendeu com a resistência da planta e com a boa qualidade dos frutos.

“Fiz a primeira colheita de dois mil pés em janeiro e fevereiro. Eu havia plantado outras variedades, mas para o plantio deste ano vou plantar 16 mil plantas só do Stewart. Vou semear no dia 10 de agosto e plantar em setembro. Fiquei muito satisfeito com os resultados. Também vou usar a técnica de enxertia, para tentar dar mais resistência ao plantio contra a murchadeira”, contou.

O gestor comercial da empresa Nutrientes, Evaldo Casagrande, comentou que a empresa está muito satisfeita com os dois materiais, tanto o tomate Stewart, como o tomate Parma, pois ambos têm se destacado na região. “Todos os clientes que plantaram ficaram satisfeitos com o resultado, pois os materiais demonstraram alta resistência às doenças, sendo muito produtivo e com ótimo padrão de fruto”, destacou.

Outra particularidade que chamou muito a atenção, segundo Evaldo, foi a resistência do fruto à rachadura no período chuvoso. “Esse é um problema muito sério, pois causa muitas perdas no momento da colheita. Estamos certos do sucesso dos materiais, pois os clientes que plantaram pela primeira vez, estão repetindo o semeio, comprovando a satisfação pelo material”, destacou.

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