Nova espécie de margarida é descoberta no ES e já está ameaçada de extinção

Publicado em 11/09/2024 às 08:17

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geral 11-09 - ft Wunderlichia capixaba_foto D.R.Couto

Foto: Dr. Dayvid Couto

Pesquisadores do INMA e da UFG encontraram a planta em expedição científica nos inselbergues, ilhas terrestres da Mata Atlântica. Até onde se sabe, a Wunderlichia capixaba é exclusiva dessa paisagem rochosa do sul do Espírito Santo. Margarida foi classificada como criticamente ameaçada de extinção

Uma nova espécie de margarida, nomeada cientificamente como Wunderlichia capixaba, foi descoberta no município de Castelo, no sul do Espírito Santo. Restrita aos afloramentos rochosos dessa região, ela já está ameaçada de extinção e corre o risco de desaparecer se não for protegida. A sua descrição está em artigo publicado nessa segunda-feira, dia 9, na revista científica “Phytotaxa”, por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).

A estrela-das-montanhas, como foi apelidada pelos cientistas, é um achado importante porque não havia nenhuma descrição de uma nova espécie do gênero Wunderlichia na Mata Atlântica, em cinco décadas. As últimas foram descritas pela ciência em 1973: Wunderlichia azulensis, W. bahiensis e W. senae.

Wunderlichia capixaba foi encontrada em maio de 2023 nas proximidades das comunidades de Barra Alegre e Estrela do Norte durante expedição científica para documentação da flora dos inselbergues, ecossistema rochoso bastante comum no Espírito Santo. A região é conhecida pelas paisagens rochosas, com grandes falésias verticais que atraem praticantes de esportes radicais de várias partes do mundo.

Apesar de sua importância biológica, a biodiversidade dos inselbergues ainda é pouco conhecida. Muitas áreas permanecem inexploradas pela ciência, com baixo esforço de amostragem de sua flora. Foi em um desses afloramentos rochosos capixabas que a estrela-das-montanhas foi descoberta. “Percebemos imediatamente que era uma espécie nova, devido ao seu pequeno porte, características das flores e folhas persistentes, diferentes das conhecidas no gênero”, relata Dayvid Couto, pesquisador do INMA e coautor do estudo.

Essa suspeita foi confirmada quando o especialista no grupo, Aristônio Teles, durante a sua estadia como pesquisador visitante na mesma instituição, viu as fotografias da planta feitas no campo e amostras coletadas. “Assim que vi o material e as imagens da planta, soube que se tratava de um novo táxon”, relata Teles, que também assina o estudo e é professor e pesquisador da UFG. “A partir daí, unimos esforços para retornar ao habitat da espécie, complementar a documentação da população e descrever a nova espécie.”

A estrela-das-montanhas vive sobre as encostas rochosas expostas a pleno sol, misturada com bromélias, orquídeas, quaresmeiras e tantas outras espécies que compõem a vegetação dos inselbergues. Os especialistas classificaram a espécie como Criticamente Ameaçada de Extinção, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que mapeia globalmente as espécies da fauna e flora com risco de extinção.
“Até onde sabemos, Wunderlichia capixaba é restrita aos inselbergues da região sul do Espírito Santo, em locais acima dos 900 metros de altitude”, explica Vitor Manhães, pesquisador do INMA e também coautor do estudo. “Esses afloramentos rochosos, originalmente rodeados pela floresta, funcionam como ilhas terrestres, pois estão isolados na paisagem, de forma que as espécies que ali ocorrem têm suas populações isoladas umas das outras por um ‘mar de floresta’, atualmente representada por pastagens e plantios agrícolas”.

O grupo de pesquisadores tem feito esforços para documentar a biodiversidade das ilhas rochosas da Mata Atlântica do Espírito Santo, para subsidiar políticas públicas para a conservação e uso sustentável desses ambientes. A descoberta de uma nova espécie, já ameaçada de extinção, demonstra a necessidade dessas políticas. “Sem elas, muitas espécies podem desaparecer antes mesmo de serem conhecidas pela ciência”, destaca Couto.

Fonte: INMA

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