Mulheres continuam impedindo saída de policiais em Domingos Martins

Publicado em 07/02/2017 às 19:10

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Um grupo de esposas, filhas e mães de policiais militares que atuam em Domingos Martins continuam impedindo a saída dos militares do Pelotão da 6ª Companhia Independente da Polícia Militar, que fica próximo ao portal de entrada de Campinho, sede do município. As mulheres estão se revezando desde o último sábado em frente ao Destacamento, permitindo que os policiais saiam apenas para a troca de turnos. Veículos também impedem a saída de viaturas que estão estacionadas no local.

A esposa de um policial, que pediu para não ser identificada, informou que o grupo sairá da frente da porta do Pelotão apenas quando o governo estadual negociar com os familiares dos PMs. “Estamos em contato direto com as lideranças das demais manifestações, e enquanto não tiver um acordo, nenhum policial vai às ruas”, garantiu ela.

Policiais nao conseguem sair para as ruas 1A mulher destacou ainda que, na tarde de hoje (07), chegou uma ordem superior para que os policiais voltassem a trabalhar, mas ela disse que isso não será permitido. “O que estamos reivindicando são melhores condições de trabalho para nossos maridos e um salário digno. Vamos travar a saída de qualquer policial. O governo está sendo omisso. O secretário André Garcia (Segurança Pública do Estado) está usando a imprensa para falar que o que estamos fazendo é ridículo, mas ele não quer negociar”, disse a mulher.

Representantes do grupo de parentes dos policiais também reclamaram que a sociedade não está apoiando as reivindicações. “Os policiais vão às ruas com coletes vencidos, não há coletes para todos, muitas viaturas não recebem manutenção, e eles estão desestimulados por causa do baixo salário. A sociedade poderia nos ajudar e cobrar do governo uma solução, afinal, são nossos maridos que estão todos os dias nas ruas protegendo a vida de todos”, reclamou uma manifestante.

Outra mulher relatou que as promoções de carreira dos policiais não estão sendo feitas. “Antes, eles eram promovidos por tempo de serviço e por qualificação, além de cursos que fazem. Atualmente é preciso fazer provas para ser promovido. Estamos apenas exigindo o direito de nossos policiais, já que eles não podem fazer greve”, disse.

Associação de Cabos e Soldados vai recorrer na Justiça

A Associação dos Oficiais Militares informou que iria recorrer, nesta terça-feira (7), da decisão da Justiça do Espírito Santo que determinou como ilegal o movimento de protesto impedindo os policiais militares de deixar os quartéis no Estado.

A liminar do desembargador Robson Luiz Albanez, emitida ontem (06), determina que as pessoas deixem as portas dos quartéis. A decisão estabelece multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. São atingidas pela liminar a Associação de Cabos e Soldados, a Associação dos Subtenentes e Sargentos, a Associação dos Bombeiros Militares, a Associação dos Oficiais Militares e a Associação dos Militares da reserva.

O presidente da Associação de Cabos e Soldados, o cabo Renato Martins Conceição, informou que representantes das cinco associações de militares se reuniram para analisar a decisão judicial que decretou a ilegalidade do movimento.

O representante da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo, major Rogério Fernandes Lima, disse que a instituição foi notificada na manhã desta segunda-feira (6) e que os advogados vão apresentar a defesa nesta terça-feira (7).

“Fomos notificados nesta segunda, no final da manhã. Nossos advogados já se reuniram e apresentarão uma defesa hoje. Nós acreditamos no Estado Democrático de Direito e entendemos que as associações de classe não podem ser responsabilizadas pela multa aplicada pela justiça porque não fomos nós que organizamos o movimento de impedimento dos policiais saírem para as ruas. Esse movimento é das mulheres, amigos e familiares de policiais militares, com o qual, nós, enquanto associação de classe, nos solidarizamos”.

Ele disse, ainda, que as associações fizeram uma interlocução com o governo do estado desde o ano de 2015. “Apresentamos propostas que não oneram os cofres públicos, ou seja, não aumentam os gastos públicos com a Polícia Militar, propostas factíveis e não recebemos nenhuma resposta do governo”, diz o major.

Segundo Fernandes, agora eles aguardam que o governo convoque as associações. “Nós estamos sempre à disposição, e convoque as senhoras, para podermos começar uma pauta propositiva de ações para terminarmos esse movimento e trazermos a paz à sociedade capixaba”, disse.

Secretário diz que vai punir policiais

No último sábado, o Secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, divulgou um vídeo afirmando só negociará com os policiais depois que eles voltarem às ruas. Já na manhã de hoje, em entrevista a um canal de televisão, ele garantiu que policiais serão punidos por não estarem cumprindo a ordem de irem às ruas.

Garcia disse que um inquérito policial vai ser instaurado para investigar os responsáveis pela paralisação. “Vamos ver quem está incitando. Tem gente que vai às portas dos quartéis fazer discurso, posta na internet, depois vem exigir providência por parte do governo. Tudo isso está sendo levantado”, afirmou.

Ele ainda destacou que o que está ocorrendo é uma irresponsabilidade. “Eu conversei com representantes de alguns grupos de mulheres, e muitas delas estão apostando nessa irracionalidade que é esse movimento, e estamos trabalhando essa questão judicialmente”, garantiu.

O presidente da Associação de Cabos e Soldados, cabo Renato Martins Conceição, falou que não vai aceitar que os parentes de policiais sejam criminalizados pelo movimento, e afirmou que advogados da entidade estarão à disposição.

“Nós não estamos liderando esse movimento, mas não vamos deixar nossos familiares sem apoio de advogados. Não vamos ceder a essa falácia feita pelo secretário de Segurança. Eu não aceito a posição de criminalizar os policiais militares. Tivemos policiais mortos nesse governo, e recebemos o pior salário do Brasil”, informou o presidente, em um áudio divulgado nesta tarde.

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