Morre Floriano Renato Rupf, fabricante de arcos de violino em Campinho
Publicado em 20/10/2017 às 21:51
Morador de Campinho, em Domingos Martins, e um dos expoentes no Estado quando o assunto é a produção de arcos de violino, Floriano Renato Rupf, popularmente conhecido como Pupi, faleceu na manhã desta sexta-feira (20), quando seguia para Vitória para realizar um procedimento de hemodiálise.
Pupi, que estava com 64 anos, seguia em uma ambulância da Prefeitura de Domingos Martins, com um acompanhante, para realizar o procedimento que o mesmo fazia três vezes na semana, quando acabou sofrendo uma parada cardíaca, já no município de Cariacica. O veículo continuou seguindo seu trajeto até o Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em Vitória, onde seria realizado o procedimento.
Irmão de Pupi, Flávio Rupf, que também é fabricante de arcos de violino, disse que Floriano já estava sem os dois rins, muito debilitado e que há 16 anos realizava esse o procedimento de hemodiálise.
Já a irmã de Pupi, Marli Rupf Reis, falou sobre o acontecido e agradeceu a prestatividade do município com relação à saúde do irmão. “As ambulâncias realmente são muito desconfortáveis, mas com relação ao acompanhante, que é um direito, eu fiz um pedido para o secretário para receber uma resposta, mas isso não fez diferença com relação ao acontecido. Sou muito grata ä prefeitura de Domingos Martins pelo atendimento prestado ao meu irmão e ele já estava muito mal, mas a gente não divulgava para preservar o estado de saúde dele”, disse Marli.
A reportagem do Montanhas Capixabas entrou em contato com a Prefeitura de Domingos Martins para saber se é necessário a presença de um técnico de área da saúde, junto com o paciente, nesse tipo de transporte.
Por meio de sua assessoria de comunicação, a administração informou que para esse tipo de transporte de pacientes, por se tratar de um transporte eletivo, é seguida a Resolução do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) nº 375/2011, além da Lei Federal nº 7.498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto Regulamentador nº 94.406/1987, que esclarece que a assistência de enfermagem em qualquer serviço pré-hospitalar, prestado por técnicos ou auxiliares de enfermagem, somente pode ser realizada sob a supervisão do profissional Enfermeiro, e pelo fato do transporte do paciente Floriano Renato Rupf se tratar de um transporte de remoção simples, não é necessária a assistência de enfermagem.
A administração lembra que o município possui ambulâncias do tipo A, um veículo destinado ao transporte em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para remoções simples e de caráter eletivo, conforme preconiza a Portaria GM/MS nº 2048 /2002.
A nota também explica que estes veículos são utilizados para o transporte de usuários que necessitam realizar exames e consultas previamente agendados, quando houver impossibilidade de locomoção, devido à patologia instalada, e/ou quando o mesmo necessitar permanecer deitado durante o deslocamento.
Com relação às demandas deste transporte, a nota lembra que são voltadas, em sua maioria, para idosos, acamados ou com dificuldade de locomoção, pessoas portadoras de doenças crônicas em tratamento, pacientes imobilizados, portador de necessidades especiais e outros usuários que necessitem de serem transportados deitados (decúbito horizontal).
Já sobre os veículos que o município dispõe para esse tipo de transporte, a administração conta que a cidade dispõe de um veiculo (micro-ônibus) adaptado para transportar pacientes que são submetidos ao procedimento de Hemodiálise; mas devido à condição física do paciente Floriano Renato Rupf, o mesmo era levado na ambulância, para maior conforto no deslocamento (horizontal).
O comunicado é finalizado dizendo que nos casos em que há necessidade de estabilização, bem como o atendimento de pacientes graves e/ou em condição de risco de morte esse serviço é prestado pelo SAMU (192). Além disso, a administração ainda lembra, que com relação ao estado de conservação das ambulâncias, uma nova frota já vem sendo adquirida completa, como exemplo, a da localidade de Pedra Azul que já está com a nova ambulância climatizada.
HISTÓRIA – A paixão pela produção de arcos de violino começou em 1974, quando Pupi viajou para a Alemanha e permaneceu lá durante quatros anos aprendendo esse trabalho.
Após retornar para o Brasil, Pupi trabalhou em uma empresa de arcos de violino no distrito de Guaraná, em Aracruz, e depois voltou para Domingos Martins.
Na cidade da região serrana, ele trabalhou em uma empresa do mesmo de segmento, onde passou muitos de seus ensinamentos para várias pessoas, como por exemplo, Jaci Sebastião, 38 anos, que contou como Pupi era nos momentos de trabalho. “Sempre foi um cara muito alegre, trabalhador e que nos incentivava a trabalhar com essa arte. Ele vai fazer muita falta para nós, pois nessa área ele sempre foi um cara muito dedicado”, lembra Jaci.
Depois de um tempo, Pupi acabou saindo da empresa e começou a produzir arcos, até 2008, junto com seu irmão, Flávio Rupf, que segue com o trabalho e fala sobre o legado que o irmão irá deixar. “Um artista, uma pessoa muito importante para a música do nosso país”, conta Flávio.