Moradores e empresários criticam mudança feita no trevo de Santa Maria, na BR-262

Publicado em 16/12/2024 às 18:42

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Trevo de SM

Texto e fotos: Julio Huber

Moradores e empresários do distrito de Santa Maria, em Marechal Floriano, estão insatisfeitos com as mudanças realizadas na última semana no trevo de acesso à localidade, que fica no km 58 da BR-262. Com a intervenção, realizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), foi fechado o acesso de quem sai da ES-146 em direção à Venda Nova do Imigrante.

Com a modificação, os motoristas que saem do Posto do Café e querem acessar a BR-262 em direção a Pedra Azul e Venda Nova do Imigrante precisam agora realizar um retorno no trevo de Paraju, que fica distante aproximadamente dois quilômetros do local. Empresários e moradores da região reclamam que o movimento em comércios locais poderá cair com a dificuldade de acesso.

O empresário Luciano Ribeiro, proprietário da loja agropecuária Via Rural, que fica no Posto do Café, está preocupado que muitos clientes que passam pela rodovia deixarão de entrar no trevo e ir até a sua loja, porque ao seguirem caminho, terão que percorrer cerca de quatro quilômetros (ida e volta) para seguir o trajeto para a Região Serrana.

“Gostaríamos que o Dnit revisse essa obra e ao invés de fechar o trevo, que seja construída uma rotatória, como a feita no Trevo de Paraju. Temos muitos clientes da Grande Vitória que possuem sítios na região, que poderão não mais ir até a nossa loja porque agora terão que fazer esse retorno”, disse.

Luciano ainda falou de sua preocupação com o aumento de acidentes devido a obra. “O trecho para o retorno é pequeno, mas por não ser uma via duplicada, muitos motoristas estão fazendo manobras arriscadas e retornando em trechos perigosos. Infelizmente a Polícia Rodoviária Federal não ficará direto aqui fiscalizando para inibir essas situações. O que gera acidente não é o trevo, é o excesso de velocidade. A instalação de quebra-molas já poderia resolver”, sugeriu.

Coordenador da comunidade de Santa Maria, Heliodoro Alves falou da preocupação com a segurança dos usuários da rodovia. “A intervenção feita pelo Dnit foi com o propósito de dar segurança, mas está tendo um efeito reverso, pois a insegurança aumentou. Os usuários da rodovia estão fazendo conversões inadequadas, colocando em risco a própria vida e a vida de familiares. Não se resolve o problema de insegurança fechando o trevo”, destacou.

Moradores acreditam que a instalação de quebra-molas seria a melhor solução para o local

Heliodoro também sugeriu que a instalação de redutores de velocidades poderia dar mais segurança. “O que não se pode fazer é essa obrigação sem dialogar com ninguém. As associações, as igrejas e os moradores não foram ouvidos. A insatisfação é geral e esperamos uma resposta do Dnit que seja no mínimo razoável”, afirmou.

Vereador e morador da região, José Rodolfo Krohling, o Dodô, disse que na semana passada, logo após o fechamento do trevo, foi realizada uma reunião de moradores e empresários com a superintendência do Dnit no Estado e com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“Hoje (16) fizemos um ofício na Câmara Municipal, assinado por todos os vereadores, solicitando ao Dnit que volte pelo menos como era antes para que sejam feitos novos estudos. Ao invés de melhorar, piorou. O índice de carros vai aumentar nesse período de verão e as imprudências são constantes de motoristas que fazem o trevo na contramão e retornam em locais proibidos”, disse.

O deputado federal Evair de Melo, que solicitou junto ao governo federal as melhorias nos trevos de Paraju e de Santa Maria, também criticou a obra. “É preciso sim melhorarmos a segurança no trevo, prova disso é que coloquei recursos para isso, porém a decisão do Dnit de fechar o acesso sentido Região Serrana foi muito infeliz, pois existem outras formas de mitigarmos os riscos. Não entendo que a obra que está sendo feito tenha sido a melhor opção. Temos muitos serviços para os usuários da BR, principalmente os carros da saúde. É preciso rever”, afirmou.

Dnit afirma que obra tem o objetivo de reduzir acidentes

O superintendente Regional do Dnit no Espírito Santo, Romeu Scheibe Neto, explicou ao portal Montanhas Capixabas que o principal objetivo da obra é reduzir os acidentes no local. Segundo ele, a modificação no trevo privilegia o tráfego dos usuários que deslocam no eixo principal da BR-262 e que precisam entrar na rodovia estadual.

“Quem está subindo a rodovia federal, sentido Vitoria a Pedra Azul, e queira entrar na rodovia estadual ES-146, em direção a Santa Maria, Araguaia, Matilde ou ainda a Alfredo Chaves, poderá fazer a conversão à esquerda, devidamente acomodado numa zona de espera segura, cruzando apenas um fluxo de veículos – aqueles que estejam descendo a rodovia federal, sentido Pedra Azul a Vitoria”, detalhou.

Antes da alteração, os condutores precisavam cruzar a rodovia observando os dois sentidos, o que segundo ele aumenta os riscos de acidentes. “Para os usuários que descem a rodovia federal, o acesso às comunidades e ao município de Alfredo Chaves permanece inalterado, bastando a conversão à direita na ES-146. Para quem sai da rodovia estadual e vai acessar a BR-262 em direção à Vitoria também não terá alteração, bastando fazer a conversão à direita, como sempre ocorreu”, explicou.

Quem sai do Posto do Café em direção a Venda Nova do Imigrante precisa retornar no trevo de Paraju

Entretanto, Romeu Scheibe Neto admitiu que a principal mudança é para quem estiver saindo da ES-146 para acessar a rodovia federal em direção à Pedra Azul, pois este movimento direto foi descontinuado. “Para esses usuários a alternativa de retorno é o trevo de Paraju, localizado a 1,9 quilômetro de distância, com tempo de viagem aproximado de três minutos”, informou.

Sobre as informações de que usuários estão fazendo conversões proibidas, o superintendente disse que essas atitudes devem ser combatidas, pois estimulam os usuários as desrespeitarem os fluxos de tráfego, causam embaraços àqueles que terão de se adaptar as mudanças.

“As alterações foram necessárias em função da preocupação legitima do poder público em garantir a integridade à vida humana. Os casos em que ocorrerem este tipo de violação serão tratados como desrespeito às leis de trânsito com as consequências cabíveis”, enfatizou.

Sobre novas intervenções no local, o superintendente adiantou que serão feitas apenas quando ocorrer a duplicação da BR-262. “Os movimentos que eram realizados antes da alteração, naturalmente seriam direcionados para retornos operacionais. A contratação das obras de duplicação da rodovia deverá ocorrer no início do ano de 2026. O Dnit trabalha atualmente na elaboração do projeto de engenharia”, relatou.

PRF irá reforçar a fiscalização e punir infrações

As imprudências cometidas pelos motoristas no trecho da rodovia serão punidas pela PRF, que atuará com mais intensidade no local, segundo afirmou o inspetor Marcel Picoli Haaese, chefe da Delegacia da PRF em Viana. Segundo ele, o policiamento será reforçado.

“A região cresceu muito e temos altos índices de acidentes graves e com pessoas mortas nesse trecho. A obra se dá em função de melhorar a segurança local. Sobre as infrações relatadas, a PRF fará uma fiscalização mais intensificada, para proibir esse tipo de manobra irregular. Queremos evitar os acidentes com a obra, mas não queremos que essas manobras e comportamentos inadequados causem acidentes”, afirmou.

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