Moradores cobram pavimentação de estrada prometida há 10 anos em Alfredo Chaves

Publicado em 06/08/2024 às 17:40

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Alfredo Chaves estrada quintino

Texto: Julio Huber / Fotos: Divulgação

O município de Alfredo Chaves tem como importantes fontes econômicas a produção agrícola, com destaque para o café, banana e pecuária, e também o turismo, com suas belezas naturais e históricas, a exemplo de cachoeiras, túneis e a tradicional estação ferroviária. Entretanto, moradores e empresários relatam que as más condições das estradas dificultam os acessos aos empreendimentos turísticos e também o transporte de mercadorias agrícolas.

Recentemente o portal Montanhas Capixabas publicou uma reportagem mostrando a precária situação da ES-376, que liga a localidade de Barra de Batatal a Aparecida. A rodovia liga os municípios de Marechal Floriano e Alfredo Chaves e possui um intenso tráfego de caminhões com produção agrícola, transporte escolar e turistas que visitam a região.

Após essa publicação, a redação teve conhecimento de que situação parecida vivem os moradores da região de Ibitirui. O trecho dessa estrada que liga a localidade de São Marcos (Alfredo Chaves) até a comunidade de Princesa, em Rio Novo do Sul, passando por Crubixá e Ibitirui, ligando as ES-146 e a ES-375, foi incluída no orçamento do governo do estado em 2014.

A previsão era pavimentar 26 quilômetros da estrada, o que não ocorreu até hoje. A ES-376 também foi incluída no orçamento estadual, mas também não recebeu nenhum pavimento asfáltico após mais de 10 anos. Na época, moradores de Alfredo Chaves foram até Marataízes, onde participaram de uma audiência pública. Eles conseguiram incluir a pavimentação dos dois trechos de estradas no município no orçamento do governo.

Ônibus levaram os moradores de Alfredo Chaves até Marataízes, onde a pavimentação das estradas foram confirmadas

Em um trecho da rodovia que passa por Ibitirui, a prefeitura aplicou o revisol, que é um subproduto do processo de produção de minério de ferro, doado pela ArcelorMittal Tubarão, e que originalmente serve como revestimento primário de estradas. Entretanto, moradores contam que mesmo nesse trecho, o pavimento já está deteriorado.

Agricultor e proprietário da agroindústria de biscoitos caseiros Delícias de Crubixá, Jonacir Berro conta que o revisol resolve os problemas com buracos e lamas por um tempo curto. Ele ainda relata que nos trechos da estrada que não receberam o pavimento, “não há manutenção constante e tem períodos em que a estrada fica péssima, por um longo tempo”. Uma moradora que pediu para não se identifica também relatou que há períodos em que a estrada fica intransitável. “A lama toma conta de alguns trechos”, disse.

O agricultor Jonacir Berro afirmou que as más condições da estrada prejudicam os moradores e turistas. “Atrapalha no escoamento da produção e também os turistas que vêm para a nossa região reclamam muito das estradas e as vezes nem voltam mais. A estrada pavimentada contribui para o transporte das mercadorias e produtos, e na conservação dos automóveis. Também agiliza as idas e vindas da população para cidade e para outras localidades”, enfatizou.

Outro agricultor e empresário turístico da região que reclama da estrada é José Florentino Quintino, da Pousada e Restaurante Quintino. “Essa semana gastei R$ 1.200,00 para trocar dois pneus do meu carro, que rasgaram ao cair em buracos na estrada. Perdemos muito com essa estrada ruim, porque ônibus de turistas não conseguem chegar, e até quem vem de carro reclama muito e as vezes não retorna mais”, lamentou Quintino.

Mesmo no trecho que foi aplicado revsol, o pavimento já está cheio de buracos

Ele também comentou que o trecho onde foi aplicado o revisol está deteriorado. “Já está estragando tudo e cheio de buracos. E a estrada de terra tem épocas que fica abandonada. Nesse período de seca era para a estrada estar perfeita, mas não está”, comenta o agricultor. Quintino ainda lembrou que na região há muito trânsito de caminhões e carros com carga de banana e outros produtos agrícolas, que também enfrentam problemas para trafegar em determinados períodos.

Sobre o transporte agrícola, outro agricultor, que também pediu para não ter seu nome divulgado, alertou que os buracos colocam em risco os produtores que precisam sair de madrugada com sua carga de bananas e outros produtos. “É uma vergonha a falta de manutenção das estradas em nosso município”, reclamou.

Um morador que pediu para não ser identificado contou que ele e os irmão querem abrir parte da propriedade para o turismo, mas ele disse que a situação da estrada desanima. “O que foi feito pelo município na maior parte do trecho foi a aplicação de revsol, porém as condições de tráfego neste caso se mantêm por um ano em bom estado de conservação e requer novos reparos, o que não vem acontecendo. As consequências são a formação de muitos buracos”, afirmou.

Ele relembrou que a pavimentação asfáltica prometida pelo governo do Estado desde 2014 seria a solução ideal para alavancar o turismo e a agricultura na região dos distritos de Ibitirui e São João. “Facilitaria o fluxo de turistas na região que tem algumas pousadas e vários atrativos turísticos. Além disso facilitaria o escoamento da produção agropecuária”, disse.

OUTRAS ESTRADAS – Desde o início desde ano, o portal Montanhas Capixabas vem mostrando os relatos de moradores do município quanto a precárias situações de estradas rurais. Em 19 de fevereiro deste ano, o portal mostrou a reclamação de moradores que usam a estrada que liga a ES-376 ao distrito de Ribeirão do Cristo.

Nove dias depois, a reclamação foi sobre a “antiga estrada de Carolina para São Bento de Urânia” que liga Alto Maravilha, distrito de Matilde, até Castelinho, em Vargem Alta. Um morador informou, na época, que “nenhuma máquina da prefeitura foi vista na região há mais de três anos”. Na ocasião, a prefeitura negou que a estrada estivesse em más condições.

Prefeitura diz que estradas são prioridade para a administração municipal

A assessoria de imprensa da Prefeitura informou, por meio de uma nota enviada ao portal Montanhas Capixabas, que “As estradas são prioridade para a administração pública municipal. São por elas que as pessoas transitam, que a produção é escoada, que a saúde, educação e o turismo passam”.

Sobre a estrada em questão ter sido incluída no orçamento do governo estadual em 2014, assim como outras rodovias no município, a assessoria da prefeitura destacou que “a gestão municipal fez o seu papel em mobilizar a população para a adesão à audiência do Orçamento Participativo Estadual, sendo responsabilidade do governo submeter as propostas à aprovação no legislativo e executá-las. Todavia, a prefeitura sempre buscou acompanhar os projetos para o município, mesmo diante dos redirecionamentos das demandas por conta das enchentes ocorridas em 2012, 2020 e 2024”.

Essas situações, segundo informou a prefeitura, “causaram sérios prejuízos no município e que demandaram, por parte dos poderes executivos municipal, estadual e federal, fortes investimentos para recuperação do município. Esses acontecimentos alteraram a priorização de investimentos no município”.

A nota ainda informa que a administração municipal acompanhou e dialogou com o governo do Estado para que as obras pactuadas para o município fossem de fato executadas, como também a pavimentação da ES-383 e da ES-474. “Enquanto a referida estrada ainda não é pavimentada, a prefeitura colabora com manutenção em parceria com o Estado assim como nas demais vias que cortam o município”, garantiu a prefeitura, em nota.

SEM PROJETO – Já a assessoria de imprensa do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) informou que “no momento, não há projeto para pavimentação do trecho. Informa ainda que esse segmento da malha rodoviária estadual é constantemente monitorado e recebe conservações periódicas”.

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