Ministro admite suspender importação de leite
Publicado em 23/08/2017 às 13:27
Diante da pressão de produtores de todo o Brasil, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, admitiu que para impedir o grande volume de importação de leite e derivados vai pedir a retirada do produto do acordo de livre comércio com o Mercosul.
O anúncio ocorreu depois da audiência da Comissão de Agricultura da Câmara, realizada a pedido do deputado federal Evair de Melo (PV-ES), para analisar os critérios econômicos adotados pelo Governo Federal para autorizar a importação e os impactos dessas políticas na cadeia produtiva.
No encontro que contou com a presença de representantes dos segmentos envolvidos na produção e industrialização de leite no país, Evair fez um alerta: “há suspeita de que a baixa qualidade de parte do leite importado tem origem duvidosa, que coloca em risco os nossos consumidores e compromete a qualidade de outros produtos derivados.”
“Vamos ao debate. Vamos buscar respostas que nunca nos deram”, disse Evair, que aponta as importações do Uruguai, sem controle de quantidade, como a principal ameaça a nossa produção, principalmente do pequeno produtor.
Os dados disponíveis até o momento apontam que no primeiro trimestre desse ano, o Brasil importou 35,4 mil toneladas de leite (em pó e outros), volume 76% superior ao mesmo período de 2016, sendo Uruguai, Argentina e Chile os principais fornecedores de leite em pó, com 19 mil toneladas dos uruguaios e 13 mil toneladas dos argentinos.
Leite capixaba
Para Evair, a suspensão das importações deve ser imediata. Caso haja uma recuperação de, por exemplo, R$ 0,30 centavos por litro de leite haverá uma injeção de aproximadamente R$ 150 milhões, por ano, na economia capixaba.
Somente no Espírito Santo, de acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), são 14.5 mil propriedades envolvidas na pecuária leiteira, produzindo 485 milhões de litros de leite anualmente, onde aproximadamente 206 milhões de litros têm relação com cooperativas, que faturaram R$ 570 milhões em 2016.