Maylson Littig quer abrir escola agrícola e construir centro de combate ao câncer

Publicado em 03/10/2024 às 14:43

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ELEIÇÕES(4)

Texto e fotos: Gleberson Nascimento

De origem alemã, o candidato à Prefeitura de Marechal Floriano pelo PDT, o vereador Maylson Littig, de 34 anos, garante ser um nome de renovação, mas faz oposição moderada, evitando críticas diretas à gestão do atual prefeito, Cacau Lorenzoni (PSB). “Eu preciso respeitar os prefeitos que já passaram por Marechal, pois nasci e fui criado vendo o trabalho deles. Jamais mexeria no que já foi feito nem tentaria desconstruir”, afirmou.

Mesmo assim, Maylson Littig não deixa de apontar o que mudaria caso seja eleito no próximo domingo (6). Entre suas principais propostas estão a criação de uma escola agrícola, a construção de um centro oncológico e outro de hemodiálise, além de rever o tíquete-alimentação dos servidores.

Apesar de não ter lançado chapa de vereadores e de precisar trocar de vice a 20 dias da eleição, após o indeferimento da candidata anterior, Littig nega prejuízos à campanha. Pelo contrário, afirma que sai fortalecido, ainda que reconheça que uma disputa à reeleição na Câmara seria mais fácil. “Não tenho compromisso com secretários nem empresários. Quero trabalhar com gente técnica e meu mandato será participativo”, explica.

Ele é o terceiro candidato a ser entrevistado pelo Montanhas Capixabas na série com os postulantes à Prefeitura de Marechal Floriano. A entrevista foi realizada no dia 17, em um escritório, no centro da cidade. O pedetista estava acompanhado da nova vice, Cida Pilon. O candidato Diony Stein (Pode) não participará da série de entrevistas, alegando compromissos de campanha.

Montanhas Capixabas – Por que o senhor deseja ser prefeito de Marechal Floriano?

Maylson Littig – Já fui vereador por dois mandatos. No primeiro, entrei como suplente e fiquei dois anos. No atual, fui o segundo mais votado. Sou de origem alemã, daqui de Marechal Floriano. Esse é um dos motivos: sou nascido e criado no município. Vejo a necessidade de alguém que realmente se preocupe com a cidade.

Por problemas na Justiça Eleitoral, optei por outra vice, a Cida Pilon. Ela é uma mulher do interior, nascida em Afonso Cláudio e há 30 anos mora aqui. Minha vontade de ser prefeito surge da percepção da carência de um gestor mais ativo no interior. Marechal Floriano é predominantemente agrícola, e os agricultores, que geram grande parte dos impostos, acabam sendo os menos favorecidos com recursos públicos.

O senhor pode explicar melhor sobre a mudança de vice?

A minha vice anterior, Gelcilene Loiola, teve problemas na Justiça em razão de um processo administrativo movido pela prefeitura. Tivemos direito a recurso, mas, para evitar confusão entre o eleitorado e boatos de que a votação seria zerada, decidi por uma nova vice. A aprovação de Cida foi até melhor. Assim, não perdi uma vice, ganhei mais uma aliada, já que Gelcilene continuará nos apoiando.

Cida é uma pessoa conhecida, que valoriza a mulher trabalhadora e independente, além de ser do setor agrícola, que é prioritário no nosso plano de governo.

Como o senhor avalia a atual administração de Marechal Floriano?

Eu respeito os prefeitos que já passaram por aqui. Cresci vendo o trabalho deles.

O senhor defende a renovação na política?

Sim, mas sem ofender ninguém. Luto pela renovação em todas as áreas. Quero pensar no mandato, não em uma futura reeleição. Meu objetivo é colocar ordem na casa.

Qual é a sua idade?

O senhor vai cortar pessoal?

Como será a relação com a Câmara de Vereadores?

O tempo foi curto para formar uma chapa de vereadores, mas preferi vir sozinho. A Câmara deve ser independente da prefeitura. Não considero correta a abordagem política atual, onde há dependência entre os dois poderes. A Câmara deve fiscalizar o prefeito, e o prefeito deve executar obras. Pretendo promover a renovação.

Essa postura de não formar coligações nem lançar candidatos a vereador não é um risco?

Eu vejo essa situação como uma vantagem. O tempo foi curto para montar uma chapa, mas essa é uma oportunidade de mostrar que é possível governar de maneira independente. Se quisesse, conseguiria montar uma chapa, mas optei por seguir dessa forma.

Seria mais fácil tentar a reeleição como vereador?

Sem dúvida, seria bem mais fácil. Inicialmente, eu não tinha a pretensão de ser candidato a prefeito, mas alguns desacordos me levaram a essa decisão. Não imaginei que minha candidatura fosse crescer tanto, mas o povo de Marechal Floriano deseja mudanças.

Minha rejeição é baixa, e as pessoas sabem que, como vereador, trabalhei muito e até além do que era esperado. Fiz parcerias e trouxe recursos e maquinários para o município. Não tenho compromisso com empresários. Gostaria muito do apoio das igrejas, que muitas vezes fazem o trabalho que deveria ser responsabilidade do poder público.

O senhor é católico?

Eu sou luterano, mas frequento a Igreja Maranata. As igrejas precisam ser mais assistidas, não apenas procuradas durante o período eleitoral.

O município tem limitações orçamentárias para grandes investimentos. Como será a sua relação com o governador Renato Casagrande e o presidente Lula?

Primeiramente, eu não tenho vaidade partidária. Receberia recursos de qualquer governo, seja de esquerda ou direita. Meu objetivo é captar o máximo de recursos para o município, independentemente de onde venham. Tenho uma boa relação com o governador, fui do partido dele inclusive. Os compromissos dele não fecham as portas do governo do Estado para mim, elas estão sempre abertas. Também dialogo com vários deputados estaduais e federais.

Quem são os deputados que apoiam a sua campanha?

O deputado estadual José Esmeraldo e o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, que é o presidente do meu partido. Fiz amizade com a equipe de governo. Se eleito, não terei dificuldades de obter recursos para a cidade.

O senhor acredita que a sua vice, Aparecida Pilon Martins (Cida Pilon), está preparada?

A população de Marechal Floriano conhece o histórico dela. Sabe que ela comanda uma empresa. Ela tem carisma, facilidade de se expressar e é acessível. Tenho certeza que é responsável. A mulher nasce preparada para encarar desafios. Ela já ajuda na assistência social e, eleita, continuará com o apoio do poder público.

Um dos desafios do município é a mobilidade urbana. O gargalo da duplicação da BR-262 preocupa. Como o senhor pretende atuar?

O sonho de qualquer florianense é a duplicação da BR-262. Apoio o projeto que liga Marechal, Viana e Posto do Café. Seria uma rodovia alternativa, fomentando o turismo e desafogando a BR. Já presenciei acidentes fatais na BR, e precisamos de uma alternativa.

E a parceria com o governo federal?

As portas estarão abertas. Já contei com o apoio do deputado Paulo Foletto. A bancada do meu partido não tem problema em receber recursos de qualquer lado, seja de esquerda ou de direita.

Quais as principais propostas para a agricultura?

Aqui, a maioria dos produtores rurais trabalha com café, hortaliças e frango de corte. O maior desafio é a estrada rural, que dificulta o escoamento da produção. Há depreciação dos veículos e dificuldade de acesso de caminhões maiores. A estrada está esburacada. Minha proposta é o calçamento rural, o asfaltamento e o uso de revsol, que é mais barato e pode ser feito.

Marechal não está recebendo revsol por causa de uma dívida trabalhista da prefeitura. Vou corrigir isso. Outra questão importante é a rodovia Estrada Velha do Paraju. Se realizada, será uma grande vitória. A atuação do governo do Estado é fundamental para terminar calçamentos e construir estradas vicinais. Também quero fortalecer o Pronaf, voltado à agricultura familiar.

A máquina deve atuar em todo o distrito, independente de quem votou ou não. O cidadão paga imposto, então o serviço deve ser contínuo. Quando terminar em uma região, vai para outra, sem prejuízo para os munícipes.

O senhor é formado em escola agrícola. Como isso influencia sua visão sobre o futuro da agricultura?

A assistência técnica ao produtor rural em Marechal ainda está atrasada. Há muitos novos ramos da agricultura que podem funcionar aqui. Precisamos manter nossos jovens no município.

E as propostas para melhorar a segurança no comércio?

As pessoas alugam suas casas, mas não sabem quem são os inquilinos. Não há controle sobre quem está vindo. Precisamos de conscientização e de um cadastro de inquilinos.

Não temos população suficiente para uma Guarda Municipal, mas é necessário aumentar o policiamento e dividi-lo bem, para que toda a cidade seja coberta. Defendo mais destacamentos da Polícia Militar para elevar o efetivo. Vemos muitas viaturas, mas não tem polícia. Isso acaba incomodando porque ocupam vagas que poderiam ser usadas pelos clientes.

A falta de vagas de estacionamento é um problema?

Sim. Precisamos buscar áreas adequadas ao longo do rio para estacionar. Marechal é cortado pelo rio, e isso precisa ser estudado. A cidade necessita de uma solução para a falta de estacionamento.

Quais medidas o senhor pretende adotar para fortalecer o turismo?

Marechal Floriano é conhecida como a Cidade das Orquídeas, mas quase não vemos orquídeas. Precisamos valorizar nosso nome e divulgar mais a cidade. Temos o Manaim, que leva o nome de Marechal para o mundo, mas dizem que é de Domingos Martins. O Manaim é de Marechal!

Além disso, falta turismo rural. Por que quero investir em calçamento rural? Porque muitas pousadas estão sendo feitas em Marechal, mas o acesso a elas é precário. Falta sinalização. Estamos a 20 ou 30 minutos da praia e perto de Pedra Azul. Marechal é aberto, enquanto Domingos Martins é fechado. Temos tudo para crescer aqui. Precisamos fortalecer o turismo rural e manter nossas crianças no interior.

O senhor tem propostas para a saúde?

Os fisioterapeutas também precisam ir até as residências, porque muitos pacientes não conseguem se locomover. Os exames não podem demorar tanto. Precisamos fazer convênios para que muitos exames sejam feitos aqui no município, pois o dinheiro economizado em deslocamentos pode ser investido nisso.

Outro ponto é buscar parceria com cidades vizinhas, como Venda Nova e Domingos Martins, para estudar a possibilidade de termos um centro oncológico e outro de hemodiálise mais perto. É muito sofrimento acordar às 5h da manhã para ir a Vitória fazer quimioterapia, deixando a pessoa ainda mais debilitada. Com tantos recursos públicos, o mínimo que podemos fazer é oferecer qualidade de vida.

Não temos pediatra 24 horas e a farmacinha básica deveria funcionar o tempo todo. Geralmente, é de madrugada que as pessoas passam mal, e não vejo por que a farmacinha não pode funcionar dentro da policlínica. Além disso, a economia com aluguel e funcionários poderia ser investida em mais medicamentos essenciais, que muitas vezes faltam. É preciso atender melhor e ser cordial com os pacientes, porque ninguém vai à policlínica porque quer.

Também quero investir na saúde mental. Há muitos casos de depressão e suicídio em Marechal Floriano, e também precisamos cuidar da saúde mental dos profissionais, não só da população. Darei prioridade à contratação de psicólogos.

E o funcionalismo público, o que pode esperar da sua gestão?

A primeira coisa é reestruturar, cortar gastos para pagar melhor quem realmente tem compromisso com a população. Vamos valorizar o bom servidor. O tíquete-alimentação, que hoje é de R$ 300, está defasado, enquanto outros municípios pagam R$ 800. Quero rever o valor atual no início do mandato, mas, para isso, faremos um levantamento sobre onde cortar custos.

A folha de pagamento está muito pesada, mas o servidor pode esperar melhores condições de trabalho e salários, desde que cumpra seus deveres. Vai ter reajuste, e todos os direitos legais serão garantidos.

Como o senhor pretende agir para reduzir queimadas, desmatamento e especulação imobiliária?

Vou fazer a regularização fundiária. O meio ambiente e a agricultura precisam caminhar juntos. Os sitiantes trazem muita arrecadação ao município, e Marechal está crescendo. Continuar com loteamentos irregulares não é viável. Vou buscar parceria com a promotoria para regularizar essas propriedades. Também faremos um trabalho de conscientização com os agricultores, que já estão preocupados com a falta d’água.

O senhor é a favor ou contra a cobrança de água?

Sou totalmente contra. A água é um bem natural que Deus nos deu. Vamos construir caixas secas e reflorestar as nascentes para aumentar o volume de água. Precisamos segurar a água nas propriedades.

A ocupação das margens dos rios é uma preocupação por causa das enchentes?

Vamos fazer a dragagem do rio, tirando o excesso de areia para parar os alagamentos nas áreas mais críticas.

As crianças vão receber uma atenção especial?

Vou cuidar das crianças do município, especialmente as carentes, oferecendo atendimento odontológico. Crianças especiais terão atenção total, e não admitirei uma Pestalozzi sem transporte ou funcionamento adequado no meu governo.

Quais as suas propostas para Educação e Esporte?

Nas escolas, as crianças terão aulas de educação ambiental, aprendendo sobre o descarte correto de lixo e a prevenção às drogas. Marechal precisa de uma Secretaria de Esportes mais ativa, para promover campeonatos intermunicipais e atividades que envolvam a comunidade.

Também quero garantir aulas de música, resgatando nossa identidade cultural. Nosso povo, descendente de alemães, gosta de festivais de música, mas estamos perdendo essa tradição.

Por que o eleitor de Marechal Floriano deve votar no senhor no dia 6?

Falo como pai de família e como alguém que já sofreu com a falta de acesso aos serviços públicos. Peço que pensem antes de votar. Não vendam o voto, porque o candidato que compra está de má-fé e, de alguma forma, vai pegar o dinheiro de volta. Não existe diferença entre um bandido e um político corrupto. Ele estará tirando da nossa saúde, educação e infraestrutura.

Estou preparado para comandar a prefeitura e meu mandato será participativo. Não tenho vaidade política e estarei sempre ouvindo a população.

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