Maternidade do hospital de Domingos Martins corre o risco de ser fechada
Publicado em 17/05/2018 às 12:00
Denúncias do possível fechamento da maternidade do Hospital e Maternidade Dr. Arthur Gerahrdt (HMAG), de Domingos Martins, foram um dos motivos que levaram representantes do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) e do Conselho Regional de Medicina (CRM) a visitarem a unidade hospitalar na tarde desta quarta-feira (16).
Chefe do setor de Pediatria do hospital, Luiz Roberto Issa Filho informou que os oito médicos que prestam serviços de pediatria estão há dois meses sem receber. Segundo ele, que representa a empresa Pediatria Capixaba, devido ao atraso dos salários e sem uma previsão da diretoria para quitar o débito, não há outra saída a não ser encerrar o contrato de prestação de serviços.
“Mesmo após a reunião de hoje na presença dos representantes do CRM e do Simes, não foi nos dado garantia de receber o atrasado. Além disso, às vezes não podemos solicitar exames e as condições de trabalho também poderiam melhorar. Infelizmente vamos comunicar oficialmente ao hospital a nossa saída nos próximos 30 dias, conforme prevê o contrato, tempo para que o hospital tente conseguir outra equipe de profissionais”, lamentou o médico.
Outro setor que está sofrendo com a falta de pagamento é o de Clínica Médica. O médico responsável e sócio da empresa que presta serviço, Arnaldo Colnago, informou que os 13 médicos estão com três meses de salários atrasados. Esses profissionais são responsáveis pelo Pronto Atendimento e pela enfermaria.
“Ainda vamos manter nosso trabalho, mas precisamos de previsões para que esses valores em atraso sejam quitados. Nossos profissionais atuam em setores muito importantes do hospital”, destacou. Durante a reuniao também foi informado que apesar dos atrasos nos salários dos médicos, todos os repasses de verbas públicas estão em dia.
O advogado do Simes, Luiz Télvio Valim, orientou para que as empresas não abandonem os serviços no hospital sem que seja feito o comunicado oficial e que o prazo estabelecido em contrato seja cumprido.
Após uma visita ao hospital, e equipe das duas entidades se reuniu com representantes do hospital, entre eles o diretor administrativo do HMAG, Ruy Griffo, com a presidente da Fundação Hospitalar e de Assistência Social de Domingos Martins (Fhasdomar), instituição mantenedora do hospital, Gerusa Nazareth e com o presidente do Conselho Fiscal, André Mello.
Durante a reunião, Ruy Griffo enumerou algumas ações que pretende tomar para que as contas do hospital voltem ao equilíbrio, mas afirmou que isso não deve acontecer neste ano. Ele também não deu um prazo para colocar em dia os pagamentos às duas empresas que prestam serviços médicos ao HMAG. Entretanto, ele afirmou que não haverá demissões, e que todos os demais funcionários estão recebendo seus salários em dia.
A presidente da Fhasdomar afirmou que toda a diretoria da Fundação presta serviços voluntários, e que a atual diretoria não está medindo esforços para que o hospital continue funcionando. “Temos que buscar mais apoio e novas fontes de renda. O valor repassado pela Prefeitura ao hospital, por exemplo, corresponde a cerca da metade do valor que seria preciso para custear os serviços que oferecemos ao município”, destacou.
Prefeitos de municípios da região serão cobrados
Para tentar manter o hospital aberto e prestando todos os serviços à população, será realizada uma nova reunião, com representantes do HMAG, da Fhasdomar, do CRM, do Simes e com os prefeitos dos municípios da região, para buscar apoio das prefeituras na manutenção dos custos do hospital.
O presidente do Simes, o médico Otto Fernando Baptista, afirmou que a maior preocupação da entidade é com a população da região. “O maior desafio é manter o hospital funcionando. A expectativa não é das melhores, e ela compromete demais os atendimentos. Eu espero que os gestores desse hospital encontrem uma solução financeira para que esse problema seja resolvido. A dívida é grande, e o maior problema é a falta de dinheiro”, destacou.
Otto ainda enfatizou que há sinalizações de que setores do hospital ligados à área de pediatria poderão ser fechados. “De tabela compromete também a maternidade. E se fecha a pediatria, o Pronto Socorro fica comprometido. Dessa forma, a visão é bem preocupante. Esperamos que a diretoria procure as prefeituras, os órgãos filantrópicos e demais envolvidos para equacionar esse problema”, disse.
O presidente do CRM, Carlos Magno Pretti Dalapicola, acrescentou que a expectativa é de que o hospital não precise fechar setores. “É preciso que a municipalidade e o Estado entrem em um acordo para que não haja desativação de importantes setores, como a pediatria, que tem o atendimento garantido apenas para os próximos 30 dias. Consequentemente, a sala de parto também será comprometida”, afirmou Carlos Magno.