Lixo em Domingos Martins: sem latões, o que sobra são promessas e reclamações dos moradores
Publicado em 19/02/2018 às 18:00
Um dos assuntos que mais gerou polêmicas e dividiu opiniões em Domingos Martins no último ano, a retirada dos latões de lixo de todas as ruas do município, completou seis meses em janeiro, e retomou-se um questionamento: a Prefeitura tem uma solução para essa situação?
Os latões, que eram tradicionais nas ruas da cidade, foram retirados pela administração, que na época, justificou que a medida visava acabar com os pontos viciados de lixo, para evitar o acúmulo de sujeira e mau cheiro nas vias e calçadas durante todo o dia.
Mesmo com essa resposta, os moradores de várias partes do município seguem divididos: de um lado, os que garantem que a cidade está mais limpa, e, do outro, os que alegam que a retirada dos latões só fez a sujeira se espalhar pelas calçadas e ruas da cidade.
Levando em conta todas essas visões, a reportagem de O Noticiário conversou com o secretário de Obras de Domingos Martins, Leonardo Huver, para saber qual o planejamento do município para 2018 com relação à coleta de lixo e se os latões retornarão às ruas martinenses.
Leonardo conta que a primeira etapa de conscientização e de divulgação do horário para depósito do lixo nas calçadas (das 16h30 às 18 horas) já foi realizada, agora será a vez da fiscalização e, posteriormente, da aquisição de containers, onde serão colocados os lixos seco e orgânico.
“Vamos continuar atacando essa questão dos horários, mas também já estamos iniciando um novo passo, que é a colocação de containers de lixo específico, seco e orgânico, em locais pré-definidos, nos bairros, para que as pessoas que não tiveram como depositar o lixo no horário estipulado possam passar nesses containers e deixar seu lixo”, informa o secretário.
Segundo ele, os containers serão específicos para cada lixo, seguindo todas as normas técnicas. Além disso, será iniciada a fase de fiscalização, com a ideia de notificar e, em casos de reincidências, até multar. “Agora vamos começar a intensificar a fiscalização, que é passível de notificação e até multa, que é uma coisa que a gente não quer fazer, porém identificamos moradores que não vêm respeitando as normas, corriqueiramente, e queremos tentar resolver. Infelizmente, se não tiver outro jeito, vamos acabar multando nesse tipo de situação”, ressalta Leonardo.
O secretário também se diz satisfeito com as adequações que foram feitas com relação ao horário da coleta, mas algumas pessoas ainda têm insistido em jogar o lixo fora deste horário. “Conseguimos implantar a questão dos horários, isso hoje já melhorou. Vejo que apenas 10% das pessoas não estão cumprindo, mas muitos dos que tinham latões em frente de suas casas agora nos agradecem”.
Aquisição – Sobre a compra destes containers, Leonardo ainda não tem uma data definida. “Não temos uma data ao certo ainda, porque nós faremos a solicitação, tem todo o processo de licitação, questão de preço e compra, o que não nos possibilita prever uma data certa, mas terá início neste ano”, afirma o secretário.
Lixeiras – Sobre a utilização de lixeiras, Leonardo explica que serão utilizados dois tipos, para lixo reciclável e orgânico. “As pessoas que tiverem seu lixo seco em casa, vão poder se dirigir a um ou dois pontos de coleta de lixo seco, no seu bairro, e a Prefeitura fará o recolhimento direto destes recipientes. A mesma coisa será para o lixo orgânico. Já as pessoas que colocam o lixo no horário, elas poderão colocar na sua lata de lixo, em frente à sua a própria residência, não terá problema”, destaca Leonardo.
Pontos viciados – Já em relação ao número de pontos viciados para o depósito, o secretário considera que eles diminuíram. “Os pontos viciados tiveram uma diminuição, mas nem todos acabaram. O que diminuiu também foi a quantidade de lixo nestes locais, mas infelizmente, as pessoas insistem, mesmo com placas, em colocar. Estamos produzindo 40 novas placas para colocar exatamente nesses pontos, para as pessoas estarem respeitando os horários da coleta”, ressalta ele.
Lixo seco – O secretário também disse que a aquisição de um novo veículo para o recolhimento do lixo seco também vem sendo estudada. “Estamos estudando um novo veículo para fazer o recolhimento deste lixo seco. Um veículo mais moderno, com outro tipo de carroceria, que dê mais segurança para o trabalhador e que seja mais prático para serem colocados os lixos”, pontua o secretário.
Entulho – Já na parte de entulhos, ele vê um avanço e economia. “O caminhão responsável por esse serviço andava seis vezes por semana, hoje ele anda apenas um dia. Nós temos um local licenciado pela Secretária de Meio Ambiente, onde a pessoa pode depositar esse tipo de lixo. Na parte de jardinagem, o que tiver ensacado, a Prefeitura faz o recolhimento”, lembra Leonardo.
Testes – Segundo o secretário, mutirões de limpeza e testes começarão a ser realizados em toda última quarta-feira de cada mês nas regiões de Ponto Alto, Paraju e Perobas, e na última sexta-feira de cada mês será na Sede.
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Opiniões de moradores se divergem
Mesmo com mais de seis meses após as mudanças, a retirada dos latões de lixo ainda gera reclamações e opiniões opostas. Para o comerciante Valter Schneider, que possui um bar na Rua Alfredo Velten, na Sede do município, a mudança beneficiou a cidade. “Eu acho que foi melhor assim, a cidade está mais limpa, sem o fedor dos latões, e todos nós devemos estar conscientes de que se deve jogar o lixo no horário certo”.
Já o morador e comerciante da localidade de Santa Isabel, Pedro Amâncio, considera que a medida só piorou a situação. “Desde o início, não fomos avisados pela Prefeitura sobre a retirada dos latões, e, posteriormente, ficamos sabendo que a medida era para todo o município, com um novo horário de recolhimento. Falta apoio da Prefeitura, aliado à situação de alguns moradores que não estão cumprindo. Quem está jogando o lixo no horário certo não está aguentando esse novo formato” conta Pedro.
Ele lembra também de uma situação em que o lixo ficou todo espalhado na localidade. “Eu fiz um vídeo num dia em que choveu muito forte no horário destinado para o depósito do lixo, por volta das 17h30, e várias sacolas começaram a ser levadas pela água e acabaram se espalhando pela rua. O caminhão só passou 40 minutos depois, fora do horário de recolhimento”, declarou o comerciante.
Pedro relata uma suposta ameaça feita pela própria administração a quem não jogar o lixo no horário definido. “A Prefeitura veio até o meu comércio, por meio de um suposto secretário, e começou a tirar fotos de todos os pontos lotados de lixos, daqueles que não cumpriam o horário, e ameaçou que iria denunciar os responsáveis ao Ministério Público. Isso já se encaixa numa ameaça e, como eu pesquisei, não se baseia em nenhuma lei municipal. A Prefeitura, ao invés de divulgar e orientar melhor, ameaça os moradores para colocarem o lixo no horário correto”, conta ele.
Ele também deixa um questionamento sobre as mudanças, que segundo ele só fizeram piorar a situação. “Gostaria de saber por que a Prefeitura fez isso, porque eu não sei até hoje. E o que melhorou para os moradores? Nada, só bagunçou o lixo e os deixou a mercê dos animais, da chuva e também das pessoas que não querem cumprir os horários”, destaca Pedro.