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Lipedema: a doença subestimada que requer atenção e ação

Publicado em 10/06/2024 às 10:21

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Uma condição médica crônica subdiagnosticada, que exige tratamento multifacetado e multidisciplinar

O lipedema é uma condição médica crônica frequentemente subdiagnosticada, que vem ganhando destaque nas discussões de saúde, especialmente entre as mulheres. Caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura nas extremidades do corpo, como pernas, coxas e braços, o lipedema não apenas causa desconforto físico, mas também impacta profundamente a qualidade de vida das pessoas.

Muitas vezes, o lipedema é mal compreendido e confundido com uma simples preocupação estética, quando, na verdade, é uma condição médica legítima que requer tratamento adequado. As mulheres, que são as mais afetadas pela doença, enfrentam dores crônicas, sensibilidade e inflamação nas áreas afetadas, além dos desafios emocionais devido à aparência corporal alterada e à dificuldade no diagnóstico.

A Dra. Juliana Tenório, cirurgiã plástica especialista em lipedema e associada da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica (BAPS), destaca a negligência histórica em relação à condição. “O lipedema é uma doença que existe há décadas; o primeiro relato científico sobre o tema é de 1940, mas sua importância foi subestimada, especialmente no Brasil. Muitas vezes, a desproporção corporal causada pelo lipedema foi interpretada como uma questão estética, ignorando os sérios problemas de saúde que acompanham a condição”, comenta a médica.

Reconhecimento da doença

Apesar do primeiro relato da doença ter ocorrido há mais de 80 anos, de acordo com David Castro Stacciarini, advogado especializado em saúde, o lipedema passou a ser reconhecido pela OMS desde janeiro de 2022, com o CID EF 02.2. Essa demora trouxe impactos significativos, tanto para os pacientes, que acabam não reconhecendo os sintomas em si mesmos, quanto para o tratamento.

“O tratamento do lipedema é multifacetado e multidisciplinar, pois existem diversos fatores que interferem nos efeitos da doença no corpo”, explica a cirurgiã. “Para simplificar e otimizar o tratamento do lipedema, utilizo atualmente o meu protocolo chamado LIP8. Ele tem como objetivo reconhecer e ajustar todos os gatilhos inflamatórios que podem interferir no corpo da mulher e na progressão da doença. O LIP8 é dividido em 8 etapas, nas quais avaliamos caso a caso e tratamos da melhor forma o sono, a saúde emocional, a dieta e o metabolismo da paciente. Incentivamos a prática de exercícios e o uso de terapias dermo-linfáticas, drenagens linfáticas, escovação a seco, terapia compressiva com meia compressiva e um creme para aliviar as pernas. Além disso, também faz parte dessas etapas a intervenção cirúrgica”.

A cirurgia é frequentemente recomendada como parte do tratamento para o lipedema. Consiste na lipoaspiração tumescente, um procedimento comum usado para remover o excesso de gordura e aliviar os sintomas da doença. No entanto, apesar da clara necessidade médica, muitas pacientes enfrentam obstáculos para obter cobertura dos planos de saúde. “Muitos planos de saúde normalmente não cobrem o procedimento de lipoaspiração para o tratamento de lipedema, muitas vezes devido à falta de profissionais credenciados e aos custos cirúrgicos”, explica o advogado David Castro Stacciarini.

Segundo ele, para garantir a cobertura do procedimento pelo plano de saúde, o paciente deve ter em mãos um diagnóstico claro, preferencialmente feito por um profissional credenciado pelo plano; um relatório sobre o tratamento e sua eficiência para o paciente, juntamente com a recomendação cirúrgica; solicitar a liberação da cirurgia com o plano de saúde e anexar todo o material e os exames.

David recomenda que, nessas situações, é prudente que o paciente tenha tentado outros tipos de tratamento antes de buscar a intervenção cirúrgica. Caso haja negativa do plano de saúde, restam duas alternativas: informar a ANS sobre a negativa e buscar a liberação por eles ou procurar um advogado que atue com liminares em saúde, podendo ser também a defensoria pública e, em alguns casos raros, até o Ministério Público.

O reconhecimento e a conscientização sobre o lipedema são fundamentais para garantir que as mulheres afetadas recebam o tratamento adequado. “Para muitas mulheres, o diagnóstico de lipedema traz alívio, pois finalmente entendem que não estão sozinhas em sua luta”, diz Dra. Tenório. “No entanto, é crucial que a comunidade médica esteja bem informada sobre o lipedema para evitar diagnósticos incorretos e garantir que as pacientes recebam o cuidado e a atenção necessários”, finaliza a médica.

Fonte: BAPS

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