Justiça acata pedido de cassação de diploma de prefeito eleito em Santa Maria de Jetibá

Publicado em 11/10/2024 às 21:24

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ronan fisioterapeuta

Julio Huber

O juiz eleitoral Salim Pimentel Elias acatou, neta sexta-feira (11), a ação movida pelo promotor eleitoral Jefferson Valente Muniz, que pede a cassação dos registros de candidatura ou dos diplomas do prefeito eleito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zucoloto Souza Dutra, conhecido como Ronan Fisioterapeuta, e de seu vice Rafael Bozani Pimentel, ambos do PL. O promotor ainda pede a inelegibilidade por oito anos do prefeito e do vice eleitos. Se isso ocorrer, deverá ser realizada uma nova eleição no município.

Um dos motivos para os pedidos do promotor é uma pesquisa falsa divulgada no último domingo (06), dia das eleições, em que mostrava o candidato Ronan em primeiro lugar nas intenções de votos. Entretanto, de acordo com Jefferson Valente Muniz, trata-se de uma montagem com a ajuda da Inteligência Artificial, com o intuito de induzir os eleitores a votarem no primeiro colocado na pesquisa.

Outra acusação do Ministério Público do Espírito Santo (MP/ES) é de que Ronan teria realizado uma carreata em uma região em que ele não estava autorizado a fazer naquele dia. Ronan venceu as eleições com 63 votos a mais que o segundo colocado, o candidato Hans Dettmann (Republicanos). No despacho do juiz, nesta sexta-feira, ele dá cinco dias para que a defesa de Ronan apresente provas contrárias às acusações do Ministério Público.

O promotor afirma que está certo de que as provas apresentadas são suficientes para a condenação de Ronan e de seu vice por crime eleitoral, fazendo com que seja realizada nova eleição para a escolha do prefeito em Santa Maria de Jetibá.

“As provas são muito robustas e está mais que comprovado o crime eleitoral. O candidato é administrador de um dos grupos que começaram a espalhar a pesquisa falsa. Ele só foi apagar a pesquisa do grupo depois que eu liguei diretamente a ele no dia da eleição. Ele foi beneficiado diretamente com essa notícia falsa”, disse o promotor.

Segundo Jefferson Muniz, o pleito foi concorrido, e a disseminação da pesquisa falsa no dia da eleição teve influência no resultado final. “Vários correligionários do representado, de maneira intencional, divulgaram, por meio de aplicativo de mensagem Whatsapp a pesquisa de intenção de votos referente ao pleito eleitoral, a qual não foi registrada perante a Justiça Eleitoral nos moldes previstos na legislação. Isso influencia o eleitor, já que muitos não querem perder o voto e acabam mudando de candidato na última hora, para votar em quem está na frente”, afirma Muniz.

Segundo o texto da ação, esse comportamento é estudado e comprovado, conhecido como “efeito bandwagon” (ou efeito de manada). “Esse fenômeno ocorre quando os eleitores, ao verem que um candidato está à frente nas pesquisas, tendem a apoiá-lo, para fazer parte do grupo vencedor, se sentir parte da ‘maioria’ ou do lado vencedor”, afirmou o promotor, na ação.

De acordo com a representação, “a liderança nas pesquisas pode ser vista como um sinal de que o candidato é competente e popular, reforçando a ideia de que mais pessoas confiam nele para assumir o cargo. Criando um efeito psicológico de conformidade, eleitores podem ser influenciados pela pressão social e tendem a seguir a maioria, mesmo que inicialmente não tivessem uma preferência clara, além do típico discurso do ‘voto perdido’, quando os eleitores percebem que seus candidatos preferidos estão com baixa popularidade nas pesquisas e optam por votar no líder, acreditando que seu voto original seria desperdiçado em um candidato sem chances de vitória”, destaca trecho da denúncia.

O promotor informou que está processando oito pessoas, todas filiadas ao PL, por terem espalhado a pesquisa falsa, que ele configurou como fake news. “Estou pedindo multa de R$ 50 mil a R$ 100 mil para cada uma das pessoas que foram responsáveis por espalhar essas notícias falsas”, informou Muniz.

MONTAGEM – De acordo com a ação do Ministério Público, a pesquisa falsa foi montada a partir de uma pesquisa eleitoral de outro município capixaba, divulgado por um canal de televisão. A partir de uma imagem captada do vídeo, foi feita uma montagem alterando a cidade e os nomes dos candidatos, mudando também as fotos e os partidos dos candidatos.

A pesquisa falsa foi montada a partir de uma pesquisa eleitoral de outro município capixaba divulgada na TV

“Ressalte-se que os disparos da pesquisa fraudulenta foram realizados no mesmo dia da eleição, em vários grupos de Whatsapp, por várias pessoas ligadas ao Partido Liberal (PL), partido do candidato eleito, ora representado, e de forma síncrona demonstrando que foi orquestrado pelos apoiadores do candidato”, disse o promotor na ação.

Ronan também é acusado de realizar carreata sem autorização

Além da pesquisa falsa, o Ministério Público apresentou provas de que o candidato Ronan desrespeitou um acordo feito com os demais candidatos, e na presença do juiz e do promotor eleitoral, de não realizar carreatas no mesmo local, dia e horário em que foi autorizado para outros candidatos.

“Anexei um áudio no processo em que o próprio candidato desrespeita a norma que foi assinada por ele e estimulou a carreata no mesmo local em que estava autorizada para outro candidato”, informou o promotor.

Prefeito eleito nega que cometeu irregularidades e diz que está havendo injustiça

Por meio de sua advogada, o prefeito eleito divulgou uma nota em que ele nega que tenha cometido irregularidade. Ronan disse que no domingo pela manhã, dia do pleito, recebeu via grupo de WhatsApp um print de uma suposta pesquisa eleitoral.

“De imediato, orientei que ninguém repassasse tal material e entrei em contato diretamente com o promotor de justiça, esclarecendo que não tive absolutamente nenhum envolvimento com a referida pesquisa e segui à risca as orientações que ele passou”, destacou.

Ronan informou que por orientação do promotor de justiça, publicou em suas redes sociais e grupos de Whatsapp uma nota oficial informando que não teve participação alguma na contratação, elaboração ou divulgação dessa pesquisa, alertando ainda sobre as consequências da divulgação.

“Não descansarei até que a verdade prevaleça. Tomei conhecimento do processo judicial através da reportagem e reafirmo meu total interesse na apuração rigorosa dos fatos, pois sou inocente das acusações que estão sendo feitas. Reafirmo também que o processo eleitoral é soberano e que o resultado nas urnas foi conquistado com muito suor e o apoio dos eleitores de Santa Maria de Jetibá. Estou à disposição das autoridades e da Justiça para colaborar em tudo o que for necessário, sempre em respeito à transparência e à democracia”, completou.

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