Hugo Luiz promete reformar estradas, unidades de saúde e nomear concursados em Alfredo Chaves

Publicado em 16/11/2024 às 11:33

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hugo luiz

Textos e fotos: Gleberson Nascimento

De calça jeans, boné, camisa branca e com um “sorriso de orelha a orelha” estampado no rosto. Foi assim que o prefeito eleito de Alfredo Chaves, o advogado Hugo Luiz (PP), de 25 anos, recebeu a reportagem do Montanhas Capixabas, em seu comitê eleitoral, para dar as diretrizes de como será o início de sua gestão, a partir de 1º de janeiro. “Se pudesse, eu usaria chinelo, mas entendo as formalidades. Não significa falta de respeito ao cargo; acredito que trabalho, ética e honestidade não dependem da vestimenta”, declarou.

Vereador na atual legislatura, Hugo pretende acelerar nos primeiros 100 dias de governo, com um ajuste no fluxo da Avenida Getúlio Vargas, a reforma de estradas e de unidades de saúde, além da nomeação dos aprovados no concurso de 2015.

Na educação, ele busca ampliar as escolas de tempo integral do município, introduzindo projetos inovadores com aulas de teatro, música e esporte, para estimular a capacidade crítica dos alunos. Ele próprio faz parte da trupe de teatro Voz e Vez, onde já atuou e escreveu peças voltadas para crianças e adolescentes.

Segundo prefeito eleito a ser entrevistado pelo jornal, Hugo demonstrou a mesma personalidade que o levou a vencer com 5.779 votos (58,05%), 2.602 a mais do que o segundo colocado, o empresário Rolmar Botecchia (PSB), que obteve 3.177 votos (31,91%), apoiado pelo atual prefeito Dr. Fernando Lafayette e pelo governador Renato Casagrande, ambos socialistas.

A vitória garantiu ao progressista o título de prefeito mais jovem do Espírito Santo. “Jogo bola e participo do Santo Antônio Futebol Clube. No meu momento de lazer, gosto de churrasco e uma boa resenha com os amigos”, confidenciou.

Ex-assessor do ex-deputado estadual Rafael Favatto e o primeiro da família a ocupar um cargo público, Hugo descartou prejuízos ao município por conta de sua inexperiência no cargo e garantiu que vai se cercar de bons profissionais, mas fez mistério sobre os nomes do secretariado. Afirmou, porém, já ter escolhido os chefes das pastas da Educação e da Saúde, além da Defesa Civil e da Procuradoria.

Nos próximos dias, o Montanhas Capixabas publicará entrevistas com prefeitos eleitos de outros municípios da região. O prefeito eleito de Domingos Martins, Edu do Restaurante (PL), ainda não confirmou quando irá conceder entrevista ao portal.

Montanhas Capixabas – Parabéns pela vitória nas urnas. Como estão os trabalhos da equipe de transição?

Hugo Luiz – Agradeço a oportunidade desta entrevista. Os nomes já foram publicados num decreto pelo prefeito atual. A Thaís Lima Teixeira Uliana é a nossa coordenadora da equipe de transição. O Darcy Gaigher e o Júnior Ávila também fazem parte. Esses são os três nomes principais.

Há representantes de quais áreas na equipe?

Temos representações de todas as áreas: educação, saúde, agricultura e obras. Porém, os membros que compõem oficialmente o comitê, perante o Executivo, são esses três.

Há um prazo para que a atual gestão entregue os números e balanços finais? Como isso será feito?

Já encaminhamos o ofício com as principais informações que solicitamos e agora estamos aguardando o envio. Parte das informações foi entregue. Aguardamos o restante.

Como é sua relação com o atual prefeito Dr. Fernando Lafayette (PSB) durante a transição? Houve diálogo?

Sim, já tive uma conversa com ele. Encontramos dificuldades na entrega de algumas informações devido ao volume solicitado. Algumas falhas são percebidas pela falta de dados organizados pela atual gestão. No entanto, não há hostilidade, e a transição está ocorrendo de forma pacífica.

O senhor acredita que a entrega das chaves da prefeitura será harmônica ou pode haver algum mal-estar?

Espero que seja harmônica. Da minha parte, sempre tratei a situação com cordialidade e respeito, e isso não vai mudar agora.

O senhor já tem definição de algum nome para o secretariado?

Tenho, sim, mas não vou divulgar antecipadamente. Alguns nomes já foram definidos, enquanto outros ainda estão em análise.

Por que o senhor não vai divulgar os nomes agora?

Quero evitar especulações. O trabalho dos novos secretários começa oficialmente em 1º de janeiro, então prefiro passar essa responsabilidade diretamente para eles a partir dessa data. Antecipar os nomes agora não traria nenhum benefício, apenas fomentaria conversas de bastidores.

Pode nos dizer ao menos as áreas em que já existem nomes definidos?

Sim, temos nomes para Educação, Saúde, Defesa Civil e Procuradoria.

Então, a montagem do seu secretariado já está bastante avançada?

Sim, estamos discutindo os nomes, e não estou tomando nenhuma decisão sozinho. Disputei a eleição ao lado do meu vice Cleber Bianchi e consulto muito a opinião dele, além dos candidatos a vereador e presidentes dos partidos que estiveram conosco.

O senhor mencionou que está ouvindo os funcionários efetivos. Isso significa que há possibilidade de escolher nomes da atual gestão?

Sim, dos funcionários efetivos, porque eles são do quadro do município e não pertencem a uma gestão específica. Valorizamos o trabalho desses servidores, e há possibilidade de ocuparem cargos de gerência ou coordenação.

Qual é o perfil que o senhor está buscando para a equipe?

Estou priorizando nomes técnicos. Queremos pessoas capacitadas, com experiência na área em que irão atuar, seja na educação, meio ambiente, saúde, entre outras.

Sobre a Câmara Municipal, já iniciaram as articulações para garantir uma base sólida no Legislativo? Quantos vereadores o seu grupo político conseguiu eleger?

Nossa coligação elegeu cinco dos nove vereadores. Além disso, tivemos a participação de outros partidos, como o SDD (partido do meu vice), o PP e o Republicanos.

O senhor já conversou com os vereadores eleitos pelo grupo do atual prefeito?

Sim, já conversei com eles. Mantemos um diálogo institucional e diplomático, pois, independentemente das questões partidárias, são representantes do povo.

A maioria da Câmara está formada pelo seu grupo. O senhor acredita que o trabalho será harmônico?

Acredito que sim. Deve haver independência entre os poderes, mas também harmonia para que o município possa avançar. Nosso objetivo comum é o bem-estar da população, e, para isso, é fundamental trabalharmos juntos.

Dos cinco vereadores eleitos pelo seu grupo, quantos são novatos?

Todos os cinco foram eleitos pela primeira vez.

O senhor acredita que a falta de experiência desses novos vereadores pode ser um problema?

Não acredito. A Câmara possui uma equipe técnica bem capacitada, que auxilia na parte contábil e na elaboração legislativa. Acredito que eles se adaptarão rapidamente.

Dentro desse grupo de novatos, o senhor vê algum candidato preparado para ser presidente da Câmara?

Não tenho preferência. Todos os cinco foram tratados igualmente durante a campanha. No entanto, o vereador mais votado, Josimar Piumbini (Republicanos), que obteve 532 votos, naturalmente se coloca à frente, pela votação expressiva. Dentro do nosso grupo, vamos escolher aquele que tenha o apoio da maioria e que esteja preparado para conduzir a Câmara de forma eficiente e colaborativa.

O senhor pretende manter o diálogo constante com os vereadores?

Sim, pretendo manter um canal aberto de comunicação, não apenas com os vereadores, mas com todos que queiram colaborar para o desenvolvimento do município. O diálogo é essencial para resolver divergências e encontrar um caminho comum.

O senhor mencionou que é vereador atualmente. Isso facilita o diálogo com os novos eleitos?

Com certeza. Como vereador, tenho uma percepção mais próxima das demandas e anseios da população, o que facilita na hora de ouvir e colaborar com os colegas.

Quais são as principais metas para os primeiros 100 dias de administração?

Nós vamos fazer uma maratona, não uma corrida de 100 metros. Temos quatro anos para desenvolver o trabalho, mas pontos prioritários já foram definidos, como a saúde. Já iniciamos reuniões com o secretário estadual de Saúde (Miguel Duarte) para discutir a retirada de Alfredo Chaves da Região Sul e retorno para a Região Metropolitana.

Por que essa mudança?

A distância é muito grande. Temos de viajar mais de 300 quilômetros para consultas e cirurgias, o que prejudica o usuário, o motorista e o transporte sanitário, tornando-o precário.

A regulação da Região Sul apresenta problemas?

Sim, há demoras, e não sei exatamente os motivos. Levei essa preocupação ao secretário, pois precisamos melhorar o Micropolo do Litoral Sul para garantir mais atendimentos, consultas e cirurgias na nossa região. Quem sabe até atendimento em Guarapari, que é mais próximo.

Esses atendimentos são realizados fora do município?

Sim, quando não são realizados aqui, o paciente precisa se deslocar. Os municípios são responsáveis pela atenção primária, e as especialidades dependem de parceria com o governo estadual, devido à regionalização da saúde.

Quais especialidades precisam dessa regionalização?

Pediatria, gastroenterologia, oftalmologia e outras que vão além do clínico geral.

Os exames e consultas são realizados no município?

Algumas consultas são realizadas, mas a maioria dos exames precisa ser feita fora. O município não possui hospital, então precisamos buscar referência em cidades próximas, como Alegre, para cirurgias oftalmológicas.

Quais são as propostas para melhorar esses atendimentos?

Aumentar o atendimento com pediatras e geriatras. Quando não for possível atender localmente, minimizar o deslocamento para outras cidades, aproveitando o Micropolo do Litoral Sul e consórcios.

Há outras metas na saúde?

Precisamos reformar os postos de saúde do interior, como em Ibitiruí, Ribeirão do Cristo e Aparecida, e construir uma nova unidade em Ibitiruí, já que a atual foi interditada.

Será necessário construir novos postos?

No momento, não. Apenas reformas nas unidades existentes.

Haverá valorização dos profissionais de saúde?

Sim, pretendemos aumentar as equipes da Estratégia de Saúde da Família e adquirir um aparelho de raio-X digital.

Há outras metas para os 100 primeiros dias?

A regionalização dos maquinários é uma prioridade, criando frotas para atender os distritos e reorganizar o trânsito. Não necessariamente vamos implementar todas as mudanças nos 100 primeiros dias, mas já vamos iniciar diálogos com comerciantes para ajustar o fluxo na Avenida Getúlio Vargas. Vamos começar a trabalhar nisso desde o início do mandato, mesmo que não seja possível concluir tudo em 100 dias.

E na área da agricultura?

Vamos disponibilizar máquinas específicas para atender os produtores e oferecer caçambas para o transporte de calcário e adubo, uma demanda recorrente.

Haverá chamadas de novos concursados?

Sim, queremos nomear os novos concursados logo no início do mandato. É um concurso aguardado desde 2015 e precisamos dar posse a esses profissionais, capacitando-os.

Quais são seus planos para garantir transparência e participação popular à sua gestão?

Precisamos agendar audiências públicas em horários que permitam a participação da população, como à noite ou aos finais de semana. Hoje temos um processo eletrônico na prefeitura, mas não há interface para o cidadão acompanhar a tramitação dos processos. Vamos criar um aplicativo para melhorar o acesso aos serviços.

O senhor pretende colocar em prática o Orçamento Participativo?

Sim, o Orçamento Participativo será aplicado, mas com filtros. Nem todas as demandas são viáveis, e é preciso analisar a eficiência.

Qual é o seu plano para a educação e inclusão escolar?

Nossa prioridade é instalar ar-condicionado nas escolas, pois muitas ainda não possuem. Também vamos revisar o Plano de Carreira do magistério e conceder o abono de falta aos professores.

Todas as escolas precisam de ar-condicionado?

A maioria precisa, exceto nas áreas mais frias. Estamos priorizando locais mais quentes, como Sagrada Família, na Sede. Até porque em Alfredo Chaves nós temos um programa relativo ao Maruim (mosquito). Então, em muitos locais não é possível nem ficar de janela aberta.

Existe a Lei estadual 11.605/2022, de autoria do deputado Fabrício Gandini (PSD), que obriga o governo estadual a climatizar as escolas públicas. O senhor a conhece?

Não sabia, mas já tínhamos isso como prioridade, pelo bem-estar dos alunos e profissionais.

Ainda sobre o Plano de Carreira dos Professores, quais são as propostas?

Dialogar com a categoria, melhorar a minuta existente e assegurar direitos, como ao abono de falta, que já é oferecido em muitas prefeituras. (O abono de falta é um direito trabalhista que permite ao funcionário se ausentar do trabalho sem que o salário seja descontado, desde que o motivo seja justificado. Para ter direito ao abono, o trabalhador deve apresentar um documento oficial que comprove a ausência, como um atestado médico, uma certidão de óbito, ou um laudo pericial. O RH é responsável por analisar o pedido e decidir se concede ou não o abono).

Como o senhor vê a importância da infraestrutura e valorização dos servidores na educação?

Isso é essencial para a educação. Precisamos priorizar a infraestrutura e valorizar os servidores, além de repensar as escolas em tempo integral, com projetos que realmente estimulem a capacidade crítica e o pensamento do aluno. Hoje, infelizmente, o modelo de escola em tempo integral está falho.

Todas as escolas do município são em tempo integral?

Não, apenas as escolas Sagrada Família e São João. Vou dar um exemplo de Sagrada Família. Minha mãe foi professora lá e, em uma ocasião, eu a substituí. Percebi que o método da escola integral é apenas manter o aluno dentro da sala de aula das 7h às 11h, depois do almoço e até o final da tarde, sem atividades diversificadas. Isso precisa mudar.

Como o senhor pretende modificar esse modelo?

Vamos criar projetos bacanas, seja de música, esportivos ou de entretenimento, como sessões de filmes e palestras. Após o almoço, o aluno está cansado e precisa de algo além de conteúdos maçantes.

Hoje, as pessoas falam muito de nota A ou B, mas qual a qualidade real da educação? Estamos formando cidadãos com senso crítico? É uma demanda que o governo estadual deveria também observar. A escola integral não pode ser imposta sem projetos transformadores.

Temos boas referências, como a Escola de Araguaia, em Marechal Floriano, que promove a Olimpíada Municipal de Matemática, coordenada pelo professor Luiz. Precisamos trazer esses exemplos para Alfredo Chaves e aplicar boas práticas.

Os exemplos de cidades vizinhas serão aproveitados?

Com certeza, de todo o Espírito Santo. Gestão pública não é sobre reinventar a roda, mas sim seguir bons exemplos e adaptá-los à nossa realidade.

O senhor acredita ou não na proposta de ensino em tempo integral?

Sim, mas com projetos inovadores. O tempo integral não pode ser apenas manter o aluno na sala de aula o dia todo com um currículo engessado. Precisamos incluir atividades de teatro, música e esportes.

E quanto à inclusão? Como o senhor pretende atuar nesse campo?

A inclusão é fundamental. Temos um número alto de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras necessidades, como TDAH, que precisam de atenção especial. No plano de governo, incluímos a instalação do Cerdi (Centro Especializado em Recuperação de Deficiências Intelectuais), em parceria com o governo estadual.

Como funcionará o Cerdi?

Será uma parceria em que o Estado contribuirá com 60% e o município com 40%. O Cerdi contará com uma equipe multidisciplinar para atender crianças com necessidades especiais. Atualmente, o município não oferece nada nesse sentido, nem mesmo parcerias com clínicas particulares.

E qual o papel das Apaes e Pestalozzi no município?

Temos a Pestalozzi aqui, com um bom espaço, mas que poderia ser melhor aproveitado. Estamos acompanhando o processo eleitoral para a nova diretoria e já conversamos para garantir que o movimento não seja encerrado.

O senhor tem familiares com necessidades especiais?

Sim, tenho dois primos autistas. Além disso, como vereador, recebi muitas demandas relacionadas a essa questão, o que me sensibilizou para a necessidade de políticas públicas inclusivas.

E quanto ao desenvolvimento econômico? Quais são suas prioridades?

Nossa prioridade é a geração de empregos, com foco na agricultura, turismo e incentivos fiscais para atrair empresas. A agricultura é forte, mas precisamos melhorar o acesso às áreas rurais, com pavimentação e melhor atendimento com máquinas.

O senhor pensa em trazer novas indústrias para o município?

Sim, seria viável atrair centros de distribuição ou indústrias de baixo impacto ambiental, como a têxtil. Hoje, temos a Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves (Clac) e a cervejaria Move Estrela, que já geram empregos. Queremos ampliar isso.

E o turismo, como pode ser melhorado?

Uma boa sinalização, divulgação institucional, vídeos e uso de drones para mostrar o que o turista pode ver aqui. Infelizmente, perdemos acesso à página do Instagram do município, que tinha mais de 23 mil seguidores. Vamos trabalhar para recuperar isso, pois é uma ferramenta essencial para promover o turismo.

O senhor considera a realização de novos eventos no município?

Sim, estamos estudando a possibilidade de um festival de inverno e o retorno da moda de viola. No primeiro ano, nossa prioridade será manter os eventos atuais e planejar novos com parcerias público-privadas.

Alfredo Chaves tem potencial turístico, mas ainda é considerado rústico e com infraestrutura limitada. Como melhorar isso?

Precisamos investir em infraestrutura para o turismo, principalmente em Matilde, que é muito conhecida, mas carece de estrutura adequada. Vamos trabalhar para alavancar o potencial turístico do município e colocá-lo em um nível competitivo com cidades vizinhas, como Domingos Martins e Marechal Floriano.

Mas o que o empreendedor alfredense pode esperar da gestão, a partir do dia 1°  de janeiro?

A pavimentação de alguns trechos importantes. Cito como exemplo o trecho de São Marcos até Princesa, que interliga os distritos de Ibitiruí e São João. Desde 2014, foi feita a medição e, recentemente, foi realizada novamente. Esse trecho possui diversas cachoeiras e pousadas que podem ser implementadas futuramente.

Há também moradores, bares, lanchonetes, produtores, agroindústrias, pessoas que produzem cachaça, café, linguiça. Precisamos melhorar a infraestrutura para transformar esses empreendimentos em realidade. Além disso, é essencial a desburocratização de processos por parte da prefeitura, facilitando a regularização das agroindústrias e o funcionamento pleno dessas atividades.

E como vai enfrentar questões ambientais, como a gestão de resíduos pelas empresas, conservação das áreas verdes e os alagamentos, que são um problema sério no município?

Os alagamentos precisam de atenção, e vamos buscar projetos para resolver essa questão. Sobre a universalização dos serviços de saneamento, a gestão atual fez um bom trabalho, aumentando o tratamento de esgoto de 39% para 70%. Agora, precisamos universalizar, tanto na Sede quanto no interior.

Na questão da preservação das áreas verdes, é necessário aumentar a fiscalização devido ao parcelamento irregular do solo na zona rural, que está gerando muitos processos. Sobre a gestão de resíduos sólidos, foi feito um contrato com a Associação de Catadores da Unidade Primária Materiais Recicláveis Anchieta, a Unipran, para a coleta de lixo seco. O município realiza a coleta e leva para triagem em Anchieta, reduzindo a quantidade de lixo que vai para a empresa que presta o serviço de transbordo e destinação final do lixo, localizada na Rodovia do Sol, em Vila Velha.

Há algum programa planejado para garantir moradias dignas e acessíveis para a população vulnerável?

Serão entregues agora 33 casas com recursos do governo estadual, prometidas desde 2012. Essas casas estão sendo entregues após um longo período, desde as enchentes de 2012, que deixaram muitas pessoas desabrigadas. Além disso, há mais 20 casas previstas para construção. Estamos em contato com a Caixa Econômica para facilitar o acesso às linhas de crédito e atender pessoas que vivem em áreas ribeirinhas e em situação de risco.

A especulação imobiliária é um problema comum na região serrana. A sua gestão irá atuar na regularização de loteamentos irregulares?

Sim, existem muitos loteamentos irregulares, e o Ministério Público já judicializou várias ações. Vamos buscar regularizar aqueles que estejam dentro da legalidade. Porém, para casos totalmente irregulares, o poder público precisa ter uma postura firme, até mesmo com ações demolitórias quando necessário, para evitar problemas futuros.

Hoje, como é a sua relação com os governos estadual e federal?

Já estive em contato com alguns secretários. E com o governador em exercício Ricardo Ferraço e solicitei alguns investimentos, em especial a pavimentação da estrada que liga São Marcos a Princesa. Acredito que não haverá obstáculos, pois o governador Renato Casagrande tem bom diálogo com todos os prefeitos.

Na Assembleia Legislativa, recebi apoio significativo durante a campanha dos deputados Marcelo Santos, Vandinho Leite, Alexandre Xambinho, Raquel Lessa, e outros. Com a bancada federal, tenho relação com Messias Donato e Da Vitória. Pretendo continuar construindo essas pontes.

O senhor usa boné e camisa no dia a dia? Essa é a sua rotina?

Sim, geralmente ando assim mesmo. Se pudesse, eu usaria chinelo, mas entendo as formalidades. Não significa falta de respeito ao cargo; acredito que trabalho, ética e honestidade não dependem da vestimenta. Jogo bola e participo do Santo Antônio Futebol Clube. No meu momento de lazer, gosto de churrasco e uma boa resenha com amigos.

Acha que essa rotina vai mudar devido ao novo cargo público?

Não vou conseguir manter a mesma frequência de antes, mas não pretendo abandonar essas atividades. Quero continuar participando desses movimentos, não só no esporte, mas também em projetos culturais. Faço parte da trupe de teatro Voz e Vez, onde já atuei e escrevi peças voltadas para crianças e adolescentes. Acredito que essas experiências são valiosas e devem ser levadas para a administração.

Já tem data marcada para a diplomação?

Será no dia 13 de dezembro. A posse é no dia 1° de janeiro.

Não está ansioso?

Na equipe de transição, estamos mais ansiosos com os preparativos para o início do ano. Isso (diplomação) acaba ficando de lado. Trabalhamos de manhã até tarde, e outro dia, numa sexta-feira, estávamos até 10 horas da noite com o pessoal da saúde. Então, a preocupação com as formalidades fica em segundo plano.

Mas já separou o terno? Será o mesmo da posse como vereador ou vai comprar algo especial?

Vou dar um trato no visual, sim! Vou cortar o cabelo e dar uma melhorada na aparência (risos).

E o seu vice Cleber Bianchi, como ele está lidando com essa mudança?

Estava brincando com ele, que é empresário da construção civil e agora trabalha com produção rural e transporte de gado. Falei: “Agora você vai botar um terno e participar dos eventos”. Nós lidamos com naturalidade. O importante é fazer um bom trabalho.

Como está a expectativa em relação ao cumprimento do plano de governo?

Buscamos montar um plano dentro da realidade orçamentária do município, com metas factíveis. Vamos nos esforçar ao máximo para cumprir o que prometemos e, ao final dos quatro anos, sair com a cabeça erguida.

O senhor recebeu muitas críticas por ser jovem, tem apenas 25 anos, e ser ainda inexperiente. Como lida com isso?

Com tranquilidade. Isso faz parte do jogo político. Quem se coloca à disposição para um cargo público deve estar preparado para elogios e críticas. Acredito que as críticas, muitas vezes, ajudam a melhorar. Eu sou uma pessoa que ouve bastante, especialmente quem apresenta alguma insatisfação.

E sobre a questão da inexperiência?

Durante a campanha, sempre respondi que, assim como eu, os outros dois candidatos também nunca foram prefeitos. Eles têm mais experiência de vida, sim, mas também nunca administraram o setor público. E eu não sou de ficar dando palpites fora da minha área. Eu valorizo uma equipe técnica e capacitada, que entende do assunto. Minha função é escolher os melhores profissionais para cada área e dar as condições para que façam um bom trabalho.

Como será sua abordagem para áreas em que o senhor não tem expertise?

Vou contar com uma equipe técnica para resolver os problemas que eu não domino. Não adianta ter alguém sem vivência em educação comandando essa área, por exemplo. A pessoa que acha que sabe tudo, na verdade, não sabe de nada. Então, reconheço minhas limitações e confio na minha assessoria. Estou convicto de que, com uma equipe capacitada ao meu lado, poderemos entregar bons resultados.

O senhor é o primeiro membro da sua família na política?

Tanto a família do meu pai quanto a da minha mãe sempre foram muito envolvidas na política. Mas ninguém chegou a se eleger. Meu avô foi candidato a vereador e não se elegeu. Minha mãe foi candidata a vereadora e não se elegeu. Meu pai foi candidato a prefeito em 2004 e também não se elegeu. Então, quem obteve êxito fui eu. Persistente, né? A família toda insistiu e agora deu certo comigo.

Como foi o dia da vitória? O senhor tinha essa expectativa de vencer a eleição?

Acordei cedo e fui votar. Votei no salão paroquial, ao lado da Igreja Matriz. Depois, voltei para casa, tomei um banho e fui para Ibitiruí, terra dos meus pais e avós. Almocei com a família e fui dormir. O pessoal acha que não, mas eu realmente fui dormir.

O senhor não acompanhou os boletins de urna?

Eu dormi até três horas da tarde. Depois, descemos e ficamos conversando em família. Fui para a casa do meu vice, aqui na Sede, e nos reunimos para acompanhar a apuração. Começaram a chegar os boletins e veio aquela emoção. Ganhamos em muitos lugares. Lá pelas 5h40 da tarde, já tínhamos uma noção da vitória. Depois, fomos ao comitê para acompanhar o resultado final, especialmente a questão dos vereadores.

Como foi a comemoração? Foi uma carreata?

Não, fomos andando mesmo. O pessoal fez uma carreata e alugamos um trio elétrico. Atravessamos a avenida principal, o pessoal comemorou bastante, fizeram uma farra boa. Lá agradecemos e fizemos uma oração. Sou católico, mas fizemos uma oração universal para agradecer.

O senhor fez alguma promessa para ser eleito?

Não, não fiz promessa. Apenas pedi orientação divina para conduzir um bom trabalho.

O senhor é supersticioso?

Não, mas sou precavido. Acreditávamos na vitória, as pesquisas indicavam isso e sentíamos o apoio da população. Mas até fechar as urnas, sempre fica uma dúvida. O atual prefeito Dr. Fernando (PSB) teve quatro mandatos, tinha o apoio do governador Casagrande e vem de um grupo forte. O prefeito apoiou o Rolmar (Botecchia, PSB). Fiquei surpreso com o resultado expressivo. A diferença foi de 2.602 votos. Agradeço ao povo de Alfredo Chaves.

O senhor trabalhou a questão da polarização na campanha?

Houve polarização por parte do candidato do PL, mas, da nossa parte, focamos nas questões municipais. Tenho posicionamento de centro-direita, mas não levo questões partidárias para o mandato. Se um deputado federal do PT quiser enviar recursos para o município, não vou recusar. Acabou a eleição, é preciso dialogar com todos. Uma cidade como a nossa, não sobrevive só com recursos próprios. Não levo particularidades para dentro do mandato. Porque isso prejudica a sociedade.

Como foi a experiência de ter sido assessor parlamentar do ex-deputado Rafael Favatto na Assembleia Legislativa? Isso influenciou na sua entrada na política?

Sim, fui assessor parlamentar por um ano e 11 meses, e essa experiência foi fundamental. Na época, trabalhei para Alfredo Chaves, trazendo recursos para associações. Isso me incentivou a entrar na política.

Na campanha, os adversários exploraram o fato?

Ah, fizeram algumas coisas pesadas. Gravaram um vídeo falando do meu pai. Questionaram a legalidade do que eu recebi lá na Assembleia. Sempre trabalhei. Bati ponto todos os dias. Trabalhei lá no período em que morava em Vitória. Alfredo Chaves é hoje a capital estadual de turismo de aventura. Aí, saí quatro meses antes da eleição em 2020, quando fui candidato a vereador.

Quais foram as bandeiras que o senhor defendeu como vereador?

Transparência foi a principal. Aprovei um projeto de resolução, de minha autoria com mais dois vereadores, que garante a transparência das sessões, com filmagens e transmissões ao vivo. Propus aumentar o número de sessões de duas para quatro mensais, mas o projeto foi reprovado. Também votei contra o auxílio-alimentação dos vereadores e repasso o valor para instituições de caridade.

O senhor foi independente nas votações como vereador?

Sim, sempre fui imparcial. Embora o prefeito não fosse meu aliado político, tratei as votações com independência. Votei favoravelmente em 80% a 90% dos projetos do Executivo. Apenas me opus quando sabia que o projeto prejudicaria a população, como na tentativa de aumentar absurdamente o IPTU nas sedes dos distritos.

O senhor acredita que essa postura ajudou na sua candidatura a prefeito?

Sim, com certeza. As pessoas começaram a me procurar e pediram para que eu me candidatasse. Mesmo durante a campanha, houve momentos em que as pessoas nos chamavam para visitá-las, o que é incomum.

Qual a mensagem final que o senhor gostaria de deixar para a população? O que podem esperar da sua gestão?

Podem esperar muito trabalho, empenho e dedicação para executar nosso plano de governo. Vamos dialogar com todos, ouvindo o cidadão, as instituições e os movimentos sociais. Nosso foco será sempre o interesse público. Agradeço o apoio caloroso que recebemos e vamos honrar isso com muito trabalho.

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