Homem que foi infectado com raiva humana em Minas Gerais está internado no Espírito Santo

Publicado em 21/04/2023 às 06:01

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Julio Huber

A confirmação do caso de raiva humana em um idoso, morador de Mantena, município mineiro que faz divisa com o Espírito Santo, provocou um alerta na população. “A raiva é uma doença viral transmitida por mamíferos. No Brasil, a origem das infecções parte dos morcegos”, explica a infectologista Ana Carolina D’Ettorres. A raiva humana, como é chamada ao atingir humanos, pode ser transmitida sempre que um mamífero entra em contato com uma secreção infectante, como a saliva e algum tecido do sistema nervoso central.

O paciente é um produtor rural e criador de bovinos, de 60 anos, morador de Mantena, no Leste de Minas. Ele está internado no Hospital Estadual Jayme dos Santos Neves, no município de Serra. O governo do Espírito Santo, por meio de nota à imprensa, confirmou que o homem teve o diagnóstico confirmado de raiva humana. Já a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio de nota, informou que foi notificada sobre a suspeita de raiva humana no dia 14 de abril.

Ele teria tido contato com a secreção de um bovino, que ele pensou que estava engasgado. O homem colocou a mão na boca do animal para ajuda-lo, e a suspeita é que tenha sido dessa forma que ele foi infectado.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, no ano de 2022 foram registrados quatro casos de raiva humana, e os quatro pacientes morreram.  O caso atual, conforme o governo do Espírito Santo, trata-se de um morador da zona rural de Mantena, que fica perto da divisa com o Espírito Santo. No dia 7 de abril, ele procurou o serviço saúde, apresentando quatro de confusão mental. Ele foi atendido inicialmente no Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra do São Francisco (ES).

O quadro de saúde dele piorou, e, no dia seguinte, o homem precisou ser transferido para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, onde segue internado. Análises laboratoriais realizadas pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) confirmaram que o caso é de raiva humana. O resultado foi encaminhado às autoridades sanitárias.

A infectologista Ana Carolina detalha que, em geral, busca-se a história epidemiológica para fazer o diagnóstico, verifica-se se houve algum acidente com animais, como mordida de gato, cachorro, lobo ou morcego, por exemplo. “Qualquer acidente com animal que lese a pele é um acidente que precisa ser avaliado quanto ao risco de raiva e se há indicação de profilaxias como vacinas e imunoglobulina”, disse.

Depois que uma pessoa é mordida, existem sinais e inflamatórios locais causados no momento em que o vírus começa a invadir os músculos. Em seguida a pessoa começa a ter sensação de formigamento e anestesia, além de pequenos tremores na musculatura. Esse é o sinal de que o vírus já está atingindo o nervo.

“Mais tarde a raiva evolui para um quadro de encefalite, que é uma inflamação de todo o sistema nervoso central, o que provoca convulsão, confusão mental e queda de nível de consciência, sintomas que levam a um quadro grave. Se o indivíduo tem um acidente com algum animal mamífero deve procurar imediatamente atendimento médico para avaliação quanto aos riscos de raiva”, reforça a infectologista.

A raiva tem tratamento, os casos são 100% preveníveis, desde que sejam avaliados e que a profilaxia seja indicada nos tempos certos. Entretanto, a doença tem alta letalidade. “Até hoje, raríssimas pessoas que tiveram raiva humana sobreviveram, mas ficaram com sequelas neurológicas. É fundamental agir antes que o vírus atinja o sistema nervoso. Existem vacinas para quem se acidenta e para pessoas que estão mais expostas, como aquelas que fazem recolhimento de animais, por exemplo. Esses podem receber a vacina pré-exposição”, informou.

Com informações: Atena Comunicação e Correio Brasiliense

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