Especialista explica como o canabidiol age no corpo humano e no tratamento de doenças
Publicado em 10/01/2023 às 15:45
Texto e foto: Julio Huber
Utilizados em práticas terapêuticas para substituir o uso de medicamentos tradicionais que não obtêm resultados satisfatórios ou que tenham efeitos colaterais intoleráveis no controle de algumas doenças crônicas, terapias canábicas estão proporcionando resultados cada vez mais satisfatórios a pacientes em todo o mundo, inclusive a milhares de capixabas.
Substâncias extraídas da planta Cannabis sativa, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabidiol (THC), possuem propriedades ansiolíticas, antidepressivas, neuroprotetoras e anti-inflamatórias, ajudando no processo de equilíbrio do organismo. Mas, médicos especialistas na área alertam para a importância de um acompanhamento especializado para que os resultados dos tratamentos sejam os melhores possíveis.
Com quase cinco anos de experiência em tratamentos com Cannabis sativa, o geriatra Edson de Sousa Ribeiro Júnior, que atende na MedSativa, que fica em Vitória e é a primeira clínica do Espírito Santo especializada em tratamentos com canabinoides, explica que a terapia canábica não causa efeitos colaterais, mas é preciso ajustes em outros medicamentos que o paciente faz uso.
“A dose do medicamente varia muito de pessoa a pessoa. Saber a dosagem certa para cada paciente é fundamental para o resultado do tratamento. Tudo depende de como está o sistema endocanabinoide, que é o sistema interno da pessoa, que todos nós temos, e que busca o equilíbrio de outros sistemas fisiológicos do corpo”, informou.
Segundo o especialista, de acordo com o aumento da dose de CDB e THC no tratamento, o médico precisa ter a experiência de ajustar outros medicamentos que o paciente estiver fazendo uso. “Geralmente as doses são ajustadas para baixo, e em alguns casos, muitos medicamentos são suspensos”, explicou. A indicação dos medicamentos é para mais de 30 condições médicas, como epilepsia refratária, dor crônica, Alzheimer, ansiedade, Parkinson, autismo e entre outras.
De acordo com o médico da MedSativa, o maior problema da terapia canábica é a interação com outros medicamentos que o paciente pode estar usando. “É importantíssimo o médico conhecer as interações medicamentosas e fazer os ajustes, geralmente diminuindo as doses, para evitar efeitos colaterais de outros medicamentos, que passam a não ter mais importância no tratamento, e apenas causam efeitos colaterais e reações adversas”, afirmou.
Atualmente, qualquer médico pode receitar medicamentos à base de Cannabis sativa, mas é importante que o profissional seja qualificado para iniciar um tratamento. “A terapia canábica está tendo bons resultados em diversas doenças. Mas, o médico que decide começar a prescrever tratamentos com canabidiol, deve fazer cursos, ler muitos livros especializados e entender do assunto. Há muitos cursos de terapia canábica que são necessários para que o médico se habilite e entenda sobre todos os efeitos nos tratamentos”, acrescenta o geriatra Edson Ribeiro Junior.
Outro destaque fica para a qualidade dos medicamentos à base de Cannabis, já que assim como qualquer remédio tradicional, precisam ser de boa qualidade. No caso do canabidiol – um dos mais usados na terapia canábica -, a importação é bastante indicada, já que assegura a qualidade dos produtos, além de ter um custo mais baixo se comparado ao comprado em farmácias.
SISTEMA ENDOCANABINOIDE – O sistema endocanabinoide tem um papel fundamental no corpo humano e no de outros seres vivos vertebrados, e funciona com receptores em todo o corpo (cérebro órgãos, tecidos conjuntivos, glândulas e células do sistema imunológico) e seus respectivos neurotransmissores, sendo os mais conhecidos a Anandamida e o 2-AG, que se ligam respectivamente aos receptores CB1 e CB2. Em cada parte do corpo ele executa tarefas diferentes, mas o propósito é o mesmo: homeostase (habilidade de realizar funções adequadamente e sempre em equilíbrio).
O primeiro receptor do sistema endocanabinoide foi chamado de receptor canabinoide tipo 1, o CB1. Na década de 90, pesquisadores descobriram também o receptor canabinoide tipo 2, o CB2. Ambos são encontrados no sistema nervoso central e periférico, porém, o CB1 atua mais no sistema nervoso central e CB2 mais no sistema nervoso periférico.
Atualmente se sabe que o sistema endocanabinoide é um grande sistema de busca de equilíbrio de outros sistemas fisiológicos. O próprio corpo produz substâncias que interagem com o sistema endocanabinoide: são substâncias endógenas, produzidas sob demanda para essa busca de homeostase, de equilíbrio em alguns sistemas do corpo humano.
O que faz a cannabis ter propriedades medicinais é o fato de que o CBD, o THC e outros componentes da planta, quando ingeridos, também interagirem com os receptores do sistema endocanabinoide, causando uma reativação neste sistema que provavelmente está hipofuncionante.
Os fitocanabinoides acabam modulando o corpo, tanto para mais ou para menos, dependendo do sistema que a pessoa precisa de ajuste. O CBD e o THC agem nos mesmos receptores, porém, de maneiras diferentes. Por isso, o médico precisa prescrever a dosagem de acordo com cada caso.
Dr. Edson de Sousa Ribeiro Júnior – Geriatria
Formado pela Emescam – Escola de medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória -, possui residência em Geriatria e Gerontologia pelo Hospital dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, tem título de Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e pela Associação Médica Brasileira (AMB). É diretor técnico da Clínica MedSativa.
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