ESPECIAL ELEIÇÕES 2024: Reginaldo Penha afirma que sua pré-candidatura a prefeito rompe o ciclo dos grupos que administram Marechal Floriano
Publicado em 01/04/2024 às 12:04
Texto e foto: Fabricio Ribeiro
O técnico agropecuário, professor e profissional que atua com topografia e licenciamento ambiental, Reginaldo Penha (PT), é pré-candidato a prefeito de Marechal Floriano. Casado, pai de um filho e nascido há 55 anos na cidade (quando ainda era Domingos Martins).
Ele pretende investir em projetos para a vinda de recursos, quer municipalizar a ferrovia para transformar numa avenida, investir em moradia popular e viabilizar uma maternidade. Disse estar otimista para a retomada da duplicação da BR-262. Segundo Reginaldo, sua pré-candidatura é a única que rompe o ciclo dos grupos que administram o município desde sua emancipação.
“A atual administração hoje pinta a cidade, mas não resolve problemas”
Montanhas Capixabas – Por que você quer ser prefeito?
Reginaldo Penha – Para colocar a administração pública em dia. Desde a emancipação em 1991, nosso município não está no rumo que outros municípios vizinhos estão. A atual administração hoje pinta a cidade, mas não resolve os problemas. Na questão urbana, do turismo, da cultura, do meio ambiente, saúde e educação. Tem bastante coisa que tem que ser resolvida na nossa cidade para ela atingir o padrão que merece. Temos um prefeito que não ouve a comunidade. O prefeito faz por conta dele o que acha que deve ser feito.
“Quero que os funcionários públicos tenham recomposição salarial”
Como está a construção de sua pré-candidatura?
A gente está organizando no município a federação que consta o PT, o PV e o PC do B. Como Marechal nunca teve o PC do B, temos o PT e o PV.
E a chapa de vereadores?
Estamos fazendo algumas filiações no PV. Pretendemos sair com 12 candidatos a vereador. Destes, entre seis e sete mulheres. Já temos 10 nomes pré-definidos no PT. Estamos fazendo algumas conversas para fechar os 12 nomes com a estruturação do PV, já que a última eleição que o partido disputou aqui foi em 2018. Até o dia 06 de abril – que é o último dia de filiações para concorrer a vereador ou prefeito – a gente quer estar com o PV organizado
Já tem nome de vice na futura chapa?
É a Carla Monhol, que deve presidir o PV. Por enquanto é a única chapa da cidade a se preocupar com a questão de gênero, colocando uma mulher de vice e montando uma chapa de vereadores com muitas mulheres. A Carla é arquiteta, já trabalhou na prefeitura de Marechal no mandato da prefeita Eliane Lorenzoni e já ocupou o cargo de secretária de Obras. Ela também é empresária da construção civil e tem muito a agregar porque é arquiteta urbanista para trabalhar a urbanização de Marechal, que foi esquecida por todas as administrações desde a emancipação.
Além de você, quais são os outros pré-candidatos a prefeito?
Até agora quatro candidaturas. O ex-prefeito Lidiney Gobbi (PP), o ex-vereador Diony Stein (Podemos) e o vereador Felipe Del Puppo (MDB). Dos quatro candidatos, o único que tem partido desde a primeira filiação sou eu. Não existe fidelidade partidária entre os meus concorrentes.
“Não existe fidelidade partidária entre os meus concorrentes”
O prefeito Cacau Lorenzoni (PSB) vai apoiar Felipe Del Puppo. Qual sua avaliação?
Vai seguir a mesma lógica de Cacau. É o mesmo grupo que administrou Marechal por vários mandatos, vai seguir o mesmo caminho, não tem renovação nenhuma na candidatura do Felipe.
Felipe foi criticado pelo pré-candidato Diony como inexperiente. O que você acha?
Jovens na política é uma questão que dou muito valor. E aplaudo a presença do Diony e do Felipe na disputa pela juventude deles. Mas, o ideal político deles é a mesma coisa que das administrações passadas. Então, não tem novidade nenhuma. Por isso eu e Carla vamos disputar a eleição. Somos pessoas novas que não ocuparam cargos políticos, mas que ao longo das nossas vidas nos preparamos para este momento.
E a pré-candidatura do ex-prefeito Lidiney?
A administração dele foi bem parecida com a atual. É uma pessoa que respeito muito. Mas ele vem fazer mais do mesmo. Os três pré-candidatos (Lidiney, Felipe e Diony) já tiveram a oportunidade de apresentar, seja como vereadores ou prefeito, propostas para recolocar cargos e salários dos servidores municipais. E nenhum deles fez. Essa é uma das minhas primeiras metas, quero que os funcionários públicos tenham uma recomposição salarial.
Há preocupação com o perfil do eleitorado de Marechal sendo você um pré-candidato do PT?
Tanto o eleitorado conservador quanto o eleitorado progressista de Marechal querem mudança. Na última eleição, o Partido dos Trabalhadores teve 38% dos votos em Marechal (2º turno da eleição presidencial). E várias pessoas que não votaram no PT nas últimas eleições apoiam minha candidatura porque querem mudança.
O fato de você ser petista facilita o trânsito junto ao governo federal para a vinda de recursos, obras e programas?
Não necessariamente precisa ser petista para facilitar a vinda de recursos para cá. O que precisa é de bons projetos, boa execução e prestação de contas. Isso no meu governo vai ter. Agora, só por eu ser do Partido dos Trabalhadores isso dá um adianto maior porque tenho mais acesso ao governo federal do que meus concorrentes.
“Trazer o Minha Casa Minha Vida urbano e rural é primordial no meu governo”
Tem algum indicativo sobre a duplicação da BR-262 no trecho próximo à Marechal, por parte da União?
A bancada do PT na Câmara e no Senado está empenhadíssima. Sabe que é um salto para o desenvolvimento da Região Serrana. O Helder (Salomão) trouxe para a gente que o estudo da duplicação está acontecendo e que até o fim do ano deve ser licitada a duplicação da 262 de Viana até Victor Hugo.
Algumas melhoras – que são paliativas – já estão acontecendo no trecho, como o recapeamento, implantação de uma nova dinâmica no trevo de Victor Hugo. É o governo federal cuidando da nossa região serrana e isso acontecerá com mais frequência porque estamos empenhados em trazer mais ações federais para Marechal Floriano.
Como está a economia de Marechal Floriano?
É um município que está a 45 quilômetros da capital Vitória. É um caminho para o turismo da região serrana, mas Marechal não está inserido no turismo da região e ele tem que ser. Há 10, 12 anos atrás, a principal fonte de renda de Marechal era o café. Hoje o café é a 3ª fonte de renda. As pessoas estão abandonando a roça porque não tem incentivo do governo municipal para continuar na agricultura.
É necessário que as estradas estejam sempre boas. Hoje o frango e as hortaliças estão no topo da arrecadação do município. Na questão da avicultura, a gente teve um baque muito grande que foi a saída das empresas que compravam e criavam frango.
O que a Prefeitura pode fazer para desenvolver o turismo?
Na minha administração eu vou ter uma secretaria de Turismo e uma de Cultura, com secretários nomeados a partir da indicação dos atores que compõe cada um desses setores em Marechal. Tem que ser separado da cultura, mas tem que trabalhar as duas coisas juntas
Há gente vindo do interior e gente vindo da Grande Vitória. Como você avalia esse processo?
O crescimento urbano em Marechal é um tópico sério e vai dar um boom com a duplicação da BR-262 pelo governo federal do Partido dos Trabalhadores. O tempo que você gastaria de uma hora para chegar a Vitória, você vai fazer com 30 minutos. Isso vai fazer com que mais pessoas procurem a nossa cidade para morar. É preciso trabalhar a questão de habitação, e as administrações passadas e esta não tiveram olhar nenhum para ela.
O déficit de moradia em Marechal é enorme nas periferias. A gente tem muita residência em APP (Área de Preservação Permanente) que não tem infraestrutura urbana. Trazer o Minha Casa Minha Vida urbano e rural é central no meu governo. Recurso tem, o que não tem são projetos qualificados.
E os impactos ambientais desse crescimento urbano e também de sitiantes em Marechal?
Vamos criar um conselho de desenvolvimento urbano e rural com participação dos empresários e dos trabalhadores. Assim podemos desenvolver o município e amenizar os passivos ambientais e atender ao aumento da demanda na educação e saúde.
“Tem entre 500 e mil chácaras com parcelamento irregular do solo”
Desmatamento, impacto nas águas, são questões que te preocupam?
Com certeza. Temos uma questão no município que é jogado pano em cima que é o parcelamento do solo. Vi um concorrente meu dizendo que a Secretaria de Meio Ambiente já resolveu, mas é balela. O parcelamento irregular do solo está ocorrendo em Marechal Floriano e a secretaria de Meio Ambiente e a prefeitura não resolveram nada. O nosso município tem entre 500 e mil chácaras com parcelamento irregular do solo.
Uma das propostas de meu governo é juntar Secretaria de Meio Ambiente, Idaf, Incra, Polícia Ambiental, Ministério Público, empreendedor e o comprador da chácara para assinar um Termo de Ajuste de Conduta e regularizar as áreas. Assim os compradores terão escritura e a Prefeitura vai receber os impostos quando a chácara for comercializada.
Marechal é produtor de água para a Grande Vitória. Como receber contrapartidas?
Na minha administração terá elaboração de projetos para isto e todas as outras áreas. Para captar recursos, fazer saneamento no município, drenagem, pagar ao produtor para cuidar da água, recuperar nascentes, pagamento por serviço ambiental. A prefeitura pode dinamizar isso captando recursos junto ao governo do Estado e ao governo Federal.
Isso significa que uma pessoa que tem floresta em pé pode estar recebendo por isso?
Exato. O governo do Estado, o governo Federal, as grandes indústrias que usam água como a Suzano, a Vale, Arcelor, a própria Cesan – que é uma das maiores beneficiárias da nossa preservação – tem que contribuir com isto.
O trânsito na sede de Marechal está cada vez mais complicado. O fazer?
A gente quer que o governo Federal disponibilize o trecho da Ferrovia Centro Atlântica para fazer mobilidade urbana. Por exemplo, na rua do colégio Eliziário Ferreira Filho a gente pode fazer uma avenida nova com calçada. Também vamos estudar como melhorar o estacionamento no centro.
Isso significa o desmonte da ferrovia?
Sim. A ideia é que a ferrovia deve ser municipalizada e transformada em avenida, inclusive na Delimar Schunk onde podemos fazer uma rua com alguma jardinagem. No Batatal também está um caos, precisamos achar solução. Essas soluções vão ser encontradas juntamente com a comunidade.
Algo mais em relação à infraestrutura urbana do centro?
Sim. Marechal é uma cidade em que as pessoas andam no meio da rua porque não tem calçada. Essa é uma tarefa da minha vice-prefeita. Uma das tarefas dela é dar uma nova visão ao trânsito juntamente com a população. A rua da antiga Câmara, a rua do meio, não tem calçada.
Também é preciso melhorar a drenagem. A administração faz muito calçamento, mas não faz drenagem nenhuma. O morro da Macefel tem um quilômetro de calçamento sem drenagem. Perto do posto Venturini tem uma barreira despencando. A prefeitura não tomou nenhuma atitude. A área é do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), mas o município tem que cobrar.
A população em situação de rua pode crescer com a duplicação da BR. O que fazer?
A gente vai cuidar dessas pessoas. Porque várias delas estão doentes. Com alcoolismo, com drogas, com esquizofrenia. Elas precisam ser tratadas e ressocializadas. Antigamente você via umas pessoas aqui na pracinha de Marechal e você não sabia quem era. Vinha um vereador dava dinheiro para ela ir até Vitória ou Venda Nova. Era um problema que resolvia rápido. Hoje não. As pessoas que estão na praça hoje você sabe quem são e o sobrenome delas. Então é um problema social local que temos que resolver com a Secretaria de Ação Social e de Saúde. Recurso para isto tem do Governo Federal.
“Esse problema de fome existe no município e nós vamos combater”
O crescimento populacional vai tensionando mais a segurança pública. Como o município pode lidar com essa questão?
A segurança pública em Marechal está abandonada. Tem havido roubos de bicicleta, carros, motos, até em lojas. O município precisa ter uma política de segurança pública. Estamos estudando o Sistema Único de Segurança do Governo Federal para ver a viabilidade de montar uma guarda municipal do patrimônio e de trânsito.
Na saúde há o funcionamento da Unidade de Saúde no final de semana. Isso será mantido? E tem ideia nova para a saúde?
O posto central 24h é importante e tem que ser melhorado. Ele está preparado para ter um raio-x, mas não tem. Vamos implantar. Também vamos implantar especialidades, como cardiologia, fonoaudiologia e outras. Outra coisa que pretendo implantar é o plantão estendido em Victor Hugo, Araguaia e Santa Maria, com médico atendendo até 20h. E mais farmacêuticos para que as farmácias dos postos funcionem à noite.
Temos que melhorar o índice de mortalidade infantil, que hoje é de 14 por mil nascidos. Bem acima do índice estadual que é de oito. Outra demanda muito cobrada é uma maternidade. Vamos fazer um estudo de viabilidade para termos uma maternidade.
E na educação? Alguma obra nova?
Na educação, apesar de ser considerada a melhor do estado, tem muita coisa a melhorar. Na secretaria de Educação tem uns profissionais com doutorado e mestrado que são deixados de lado, não tem o valor que deveria ter. Quero cuidar das nossas crianças nas escolas, na segurança delas e na sala de aula. Tem crianças que chegam com fome, saem de casa sem comer. Não conseguem prestar atenção à aula até a hora do recreio, quando vem a merenda. Esse problema de fome existe no município e nós vamos combater.
Dentro da secretaria de Educação a gente vai ter uma equipe de psicólogo e de psicopedagogo que vai auxiliar os professores na sala de aula. Quando professor identificar que temos um aluno com problema assim, porque pode ter sido molestado, estar com fome, com depressão, essa equipe vai atuar em todas as frentes para resolver.