Empresários de Santa Teresa se reúnem para discutir sobre lotes irregulares e PDM

Publicado em 24/04/2017 às 19:11

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Foi marcada para esta segunda-feira (24) uma reunião entre empresários, comerciantes e autoridades políticas, às 18h, na Câmara Municipal de Santa Teresa para discutir os efeitos gerados na economia do município após a operação da Polícia Militar Ambiental, nos dias 05, 06 e 07 desse mês, em conjunto com Idaf, Iema, Ibama e fiscais da secretaria de obras e meio ambiente da cidade.

santa teresa pdmA atuação dos órgãos ambientais causou descontentamento por parte dos comerciantes que reclamam da queda nas vendas por causa do sumiço dos clientes. Comentários geraram polêmica nas redes sociais e uma reunião foi marcada às pressas na última quarta-feira (19), onde 30 empresários compareceram.

Para o comerciante do ramo de material de construção, Marquinho Sancio, a ação, da forma como foi conduzida, amedrontou os proprietários, que estão com medo de construir. Segundo Sancio, o poder público não fiscaliza, deixa construir e agora embarga tudo.

“As pessoas que estão vindo para Santa Teresa ocupando o espaço rural, são pessoa sidôneas, são aposentados, pessoas de posse, educadas, que compram de tudo aqui no município, desde geladeira, fogão, roupas, até plantas e demais artigos. Todos os meus clientes desse perfil nunca me deram problemas. São pessoas que geram emprego de caseiro, pedreiro, carpinteiro, eletricista e pintor. Se não forem essas pessoas, quem vai alimentar o comércio?”, explicou.

O empresário Evanildo Sancio diz que todos já sabem o que fazer, mas tem que combinar como fazer. “Hoje todos nós sabemos que não podemos desmatar, qualquer criança nasce sabendo que tem de preservar, mas temos que fazer isso conjuntamente, coordenadamente, e o caminho é a Câmara, onde são consertadas as Leis. Não podemos ficar a mercê dessa situação, temos que resolver o que nos aflige”, disse.

Antônio Carlos Macci Junior, dono de uma floricultura, diz que as vendas caíram 30% depois da ação da polícia. Por isso está demitindo alguns funcionários. “Como vamos resolver a situação de um filho que casa, ganha uma área do pai e não pode construir no local porque a lei não permite? Temos que corrigir isso”, advertiu.

O empresário Elcio Thomazini disse que o objetivo é o diálogo para se chegar à um consenso sobre o desenvolvimento da cidade. “Tudo que queremos é caminhar junto com o poder público, estar em harmonia com os rumos da cidade, mas temos que fazer isso juntos. Sei que temos que respeitar o meio ambiente. Antigamente a riqueza era petróleo, agora nossa riqueza é água. Como vamos obter água? Reflorestando!”, alertou.

O vereador Deloir Zanetti (PSDB), diz que há males que vêm para o bem. “Acho que isso aconteceu na hora certa. Estamos vivendo uma crise ética no Brasil. A crise está em Santa Teresa e precisamos encarar com responsabilidade. Vamos sugerir um novo modelo, mostrar que aquilo que tem dado certo em outros lugares pode dar certo aqui também. Acho que essa situação aconteceu numa hora favorável, se não acontecesse agora, íamos continuar trabalhando errado. Esse fato é um indicador da necessidade de se atualizar o Plano Diretor Municipal (PDM), que não atende mais nossa realidade e precisa ser revisto. O que não podemos é agir com rancor, esse não é o caminho”, concluiu.

O empresário rural Edimar Hermógenes diz que essa é a hora de se discutir o modelo de crescimento que a sociedade quer para a cidade. “Estamos no caminho da sustentabilidade e isso passa por uma reformulação de crenças e do modus operandi na política. O PDM está defasado e longe de nossa realidade e essa é a hora propícia para fazer isso”, explicou.

O prefeito Gilson Amaro disse que a respeito da ação conjunta entre as polícias Ambiental, IDAF, IEMA, IBAMA, fiscais das secretarias de Obras e Infraestrutura e Meio Ambiente, coibindo loteamentos clandestinos e outros crimes contra o Patrimônio Natural na terra de Augusto Ruschi, não vai recuar, e que lei é lei.

“Essa ação conjunta, foi resultado de muitos processos acumulados. É pressão do Ministério Público. É necessário agir! Não é questão de PDM, mas de Lei Federal. A Lei tem que ser cumprida. Estão falando que moro em área irregular, não é verdade. Essa área eu comprei em 2003, quando a legislação permitia chácaras de 4.000 m², em que só podia construir uma casa. O PDM foi elaborado em 2006. Em 2012 houve uma reformulação no PDM, pois próximo à usina de reciclagem de lixo existia um aglomerado de casas, tivemos que legalizar a situação daquela área. Não pretendo prejudicar ninguém, mas não posso fazer como Pilatos lavando as mãos, soltando Barrabás e deixando um inocente ser crucificado. Santa Teresa é região produtora de água e temos a responsabilidade de cuidar bem desse patrimônio para as próximas gerações”, deu sua versão o chefe do executivo local.

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