Empresa tem uma semana para resolver problemas de transporte escolar em Marechal Floriano

Publicado em 24/05/2017 às 12:38

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A semana de muitos alunos que utilizam o transporte escolar no município de Marechal Floriano começou conturbada e, para alguns, sem aulas. Desde a última segunda-feira (22), uma nova empresa vem sendo responsável pelo serviço na cidade, o que está gerando muitas reclamações da população. A Prefeitura deu prazo até a próxima quarta-feira (31) para a empresa resolver problemas com o transporte escolar.

A empresa em questão é a Trans Lopes Enreli, que venceu o processo de licitação para executar o transporte escolar dos alunos das redes municipais e estadual de ensino do município. A homologação para o serviço foi dada no último dia 12 de maio. A Prefeitura afirma que a economia será de mais de R$ 690 mil se comparado com o ano passado.

A empresa foi contratada por R$ 690.532,00 para atuar no serviço de transporte escolar da rede municipal de ensino do município e por R$ 777.039,00 também pelo mesmo trabalho para os alunos da rede estadual de ensino no município.

falta transporte escolar em marechal floriano 1Com apenas dois dias de trabalho em Marechal Floriano, o número de reclamações de pais e alunos em relação ao uso do transporte tem crescido. Eles alegam que os veículos não estão passando para pegar os alunos, ou que, quando passam, estão fora do horário habitual, além de questionarem a qualidade dos ônibus que, segundo eles, são muito antigos, não possuem cinto de segurança e os motoristas não conhecem os trajetos.

Quem traz um desses relatos é Natália Rodrigues, moradora da localidade de Rio Fundo e estudante no EEEFM Victorio Bravim. Ela conta que muitos estudantes estão perdendo aulas e provas por não poderem ir à escola. “Essa nova empresa está se adaptando, ela não sabe as vias e os motoristas estão perdidos. Aqui no meu bairro, a linha para a escola municipal está passando, mas a linha estadual, não. Amanhã (hoje – 24), não sabemos se vai ter transporte e eles alegam que têm cinco dias para se adaptar, porém os alunos estão perdendo aula e na minha escola, por exemplo, essa semana é de recuperação e muitos alunos estão perdendo provas e conteúdo”, conta Natália.

Sônia Maria Pereira, mãe de duas meninas que utilizam o transporte e moradora da região de Alto Rio Fundo, fala da situação dos ônibus que estão sendo utilizados para o transporte escolar e que os motoristas não conhecem os trajetos. “O ônibus que eles colocaram é muito grande, têm dificuldades para fazer as curvas, velhos, sem cinto de segurança, e como tem muitas crianças com idades entre quatro e seis anos, é ainda mais perigoso. O motorista também não sabe o trajeto, tanto que um aluno de cinco anos teve que ensinar o percurso para ele”, relatou Sônia.

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Outra moradora da localidade, Regiane Oliveira, que tem um filho de quatro anos, conta que não recebeu nenhum comunicado sobre a mudança da empresa que faria o transporte escolar no município. “Ontem (22), o transporte não veio e nós juntamos alguns pais e levamos as crianças para o colégio. Ligamos para Secretaria de Educação e eles afirmaram que foi contratada por licitação uma nova empresa e que eles teriam cinco dias para se adaptar. Hoje (23), o ônibus passou por volta de 5h40, sendo que o habitual é passar às 6h20, e os pais que têm carro foram atrás do veículo. Um pouco depois, encontramos o ônibus atravessado no meio da estrada. O transporte anterior era um micro-ônibus, com cinto de segurança e tinha câmera”, conta Regiane.

Morador tira ônibus do atoleiro

O morador Rogério Pagari, que tem um filho de 12 anos que estuda na localidade de Santa Maria, foi um dos pais que encontrou o ônibus atravessado na pista e resolveu ajudar. “Hoje (23) pela manhã, quando o ônibus subiu aqui para Alto Rio Fundo, nós já tínhamos avisado que não poderia subir um veículo grande, porque não tem lugar para manobrar e a estrada não o comportava. Nesta manhã, o ônibus demorou em voltar e eu fui atrás com o meu carro, quando cheguei em um determinado local vi o ônibus parado e não tinha lugar para manobrar”, contou o pai.

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Ele disse que é motorista de carreta e então conversou com o motorista do ônibus. “Eu falei que era melhor ele voltar fazendo uma manobra de ré, foi quando ele me disse que não sabia dar ré nesse tipo de veículo, pois ele dirigia, anteriormente, uma Kombi. Eu disse que nunca iria deixar meu filho de 12 anos e os filhos dos meus amigos entrarem em um ônibus desse. Depois chegou outro pai que se propôs a dar ré no veículo e eu o auxiliei”, relata.

falta transporte escolar em marechal floriano 5Depois disso, o pai do aluno levou o ônibus até um local onde dava para fazer a manobra. “Por conta da lama, que poderia atolar o ônibus, ele teve que parar e decidimos não avançar com o veículo. Foi quando o motorista resolveu dar ré novamente a acabou atolando o veículo. Nós da comunidade, sem ajuda da prefeitura, nos reunimos e com um trator de um amigo, que mora próximo ao local, conseguimos tirar o veículo. Isso já era 8h30, quando eles mandaram outro ônibus, e nós nem mandamos as crianças para a escola porque elas não iriam poder entrar por conta do horário”, explicou Rogério.

Rogério também contou que, ao conversar com o motorista, o mesmo disse estar muito preocupado com a situação. “Inclusive eu fiquei até com pena do motorista, que disse estar bem chateado por não estar conseguindo pegar os alunos no tempo hábil para levá-los ao colégio. Ele disse que na segunda-feira (22), os motoristas ficaram na sede do município com os ônibus na oficina para revisão, enquanto eles poderiam estar conhecendo as estradas, porque ninguém conhece a região aqui”, lembrou Rogério.

Cooperativa alega irregularidades e Trans Lopes se defende

Segundo o presidente da Cooperativa de Transporte das Montanhas (Cooper Montanhas), Cleocélio Bazilio Buback, empresa que foi derrotada no processo de licitação, a entidade já está buscando providências judiciais em relação ao caso. “Estamos sendo orientados por um advogado e já pedimos uma cópia de todo o processo de licitação na Prefeitura e vamos também procurar o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Fizemos uma pesquisa e vimos que a empresa que ganhou a licitação só tinha um carro em seu nome e no processo ela apresenta algumas notas dizendo que prestou serviço no ano de 2016, mas o balanço está zerado. Vimos também que na licitação do Estado ela foi dada como inabilitada e depois entraram com um recurso e habilitaram a empresa novamente”, disse Cleocélio.

A reportagem do Montanhas Capixabas entrou em contato com o proprietário da Trans Lopes Eireli, Claudinei Vieira Lopes, que afirmou que o transporte estará trabalhando de forma normalizada até a próxima sexta-feira (26).

“Com dois dias, 85% do transporte está sendo executado e sexta-feira estará 100% sendo executado. Então, às vezes está sendo criado um motim através da empresa que estava prestando o serviço, que tem ido a alguns colégios criar alguns motins entre alunos e tentado denegrir a imagem da nossa empresa. Isso é processo natural que está acontecendo de adaptação e isso se revolve”, garantiu.

Segundo Claudinei, a antiga empresa prestadora do serviço trabalhava irregular. “Eles não têm carro certo, e parte dos condutores dela trabalha para mim hoje. O município estava sendo superfaturado por essa empresa que inclusive está com uma ação no Tribunal de Contas de desvalorização dos lotes, dos itens. Com mais de 10 anos de serviços prestados, eles chegaram a esses valores”, declarou o proprietário da Trans Lopes.

Ainda, de acordo com Claudinei, em qualquer processo, esse tipo de adaptação acontece. “Qualquer empresa que vai entrar no município, vai pedir o prazo de cinco dias para executar o serviço e hoje nós só estamos com esta frota de 85% porque a empresa anterior ficou revoltada e pensou em abandonar o transporte na última segunda-feira (15)”, explicou Claudinei.

Claudinei comenta sobre a redução no custo que o município está fazendo com o transporte escolar e afirma que todos os carros da empresa possuem cinto de segurança. “A redução foi de R$ 800 mil por ano, que podem ser investidos na construção de creches e colégios. A Trans Lopes cumpriu todos os requisitos que pedia o edital de licitação. Está tudo regularizado. Hoje eu não tenho carro sem cinto de segurança não, isso é uma informação errada”, ressaltou Claudinei.

Empresa tem até quarta-feira para resolver os problemas

A reportagem do Montanhas Capixabas também entrou em contato com a secretária Municipal de Educação de Marechal Floriano, Edia Klippel Littig, que disse estar ciente da situação. Ela afirmou que a empresa tem até a próxima quarta-feira (31) para solucionar esses problemas.

“O município está fazendo uma economia de mais de R$ 690 mil com a contratação dessa empresa, no qual antes eram pagos mais de R$ 1,3 milhão por ano. Este ano vamos pagar cerca de 50% a menos que foi pago no ano passado. Admitimos diante dessa situação que estamos com problemas, mas aguardaremos até a quarta-feira (31) para que essa situação seja resolvida, pois caso isso não aconteça, a prefeitura irá encerrar o contrato com essa empresa e convocará a segunda colocada”, afirmou a secretária Edia Klippel.

De acordo com a secretária, na Sede do município o transporte está funcionando com mais de 85% de eficiência. “Vale destacar que quando foi feita a licitação, acordamos com a cooperativa para trabalhar até o final deste mês e eles aceitaram. Mas na última semana a cooperativa resolveu cancelar os serviços e a empresa vencedora teve que assumir os serviços sem ter se preparado, acreditamos que tudo será normalizado ainda essa semana”, disse.

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