Diretoria da Fhasdomar renuncia e Ministério Público indicará interventor para o hospital de Domingos Martins

Publicado em 25/05/2018 às 02:02

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Os membros de toda a diretoria da Fundação Hospitalar e de Assistência Social de Domingos Martins (Fhasdomar), mantedora do Hospital Dr. Arthur Gerhardt (HMAG), de Domingos Martins, decidiram, por unanimidade, renunciar seus respectivos cargos na última segunda-feira (21).

A decisão, que já foi protocolada, ainda será publicada de forma oficial pelo Ministério Público Estadual (MPES). No total, foram deixados os cargos da Diretoria Executiva, do Conselho Fiscal e do Conselho Curador de todas as funções da Fhasdomar.

Segundo a até então diretora-presidente da fundação, Gerusa Nazareth, o acordo que foi coletivo tem como objetivo preservar o hospital. “Nós tivemos uma reunião, que não estava premeditada, e tomamos essa decisão em razão de vários fatores que estavam acontecendo e também para preservar a instituição em si. Queremos o bem dele (hospital), lutamos por ele voluntariamente, enquanto que existem pessoas que nos julgam de haver desvio de dinheiro, como podemos ver nas redes sociais. Isso é muito doloroso e machuca muito”, lembra Gerusa.

Ela também conta qual serão os próximos passos após a saída de todos os membros. “Quando essa decisão for publicada, cabe ao Ministério Público tomar uma decisão e colocar uma pessoa para ser um interventor. Desta forma, será feita uma nova eleição na fundação, após a divulgação da prestação de contas”, destaca a diretora-presidente.  

Gerusa lembra que o atual mandato terminou em abril, mas como a prestação de contas não foi realizada, novas eleições não puderam ser executadas. “Nós cumprimos o nosso mandato de dois anos, e esse mandato, de acordo com o estatuto, terminaria no último mês de abril. Porém, nós não podemos fazer uma nova eleição até que se realize a prestação de contas, que está sobe auditoria externa. Nesse período a gente pediu, de forma unânime, a renúncia de todo o mandato”, ressalta ela.    

Gerusa conta que existem muitas pessoas promovendo situações que não favorecem a unidade hospitalar. “Existem pessoas forçando que essa eleição acontecesse em abril, de uma forma rápida. Nós não podemos passar por cima de leis, ainda mais sem as contas do mandato anterior não terem sido auditadas”, declarou ela.

Ela faz uma avaliação do trabalho executado pela diretoria e diz o que espera da nova diretoria. “Nós colhemos muitos frutos e conseguimos promover muitas coisas. Eu espero que o próximo presidente da fundação seja uma pessoa idônea, que pense no paciente, pensando no hospital como empresa. As pessoas não entendem o que fazemos dentro do hospital, só veem de fora e criticam muito. Espero que as pessoas procurem saber como funciona o hospital dentro dele e não só por fora”, considera Gerusa.

“Hospital precisa de ajuda”

Gerusa finaliza apresentando um panorama da atual situação do hospital e pede que todos ajudem a unidade. “O hospital precisa que as comunidades e os municípios vizinhos o ‘abracem’ mais. O município de Domingos Martins compra serviços médicos oferecidos pela unidade, mas nós recebemos entre 35% a 40% pessoas de Marechal Floriano, e a Prefeitura não compra nenhum serviço nosso”, destacou.

Ela também falou dos contratos com o governo estadual. “Muitos falam que recebemos dinheiro do Estado, mas desde agosto do último ano estamos sem contrato com o Estado e estamos tentando fechar. Recebemos pouco dos atendimentos por planos de saúde e particulares, devido à crise do momento. No atendimento via SUS estamos maravilhosamente bem, temos médicos excelentes”, informou.

Gerusa ainda disse que o que o hospital recebe de recursos federais, não pode ser destinado a qualquer coisa. “Com esse dinheiro, por exemplo, não podemos pagar uma ação judicial – que o hospital tem algumas. Nós recebemos muitos alimentos, mas também precisamos comprar medicamentos, que são caros. Precisamos repor aparelhos que quebram para as cirurgias, precisamos fazer a esterilização dos materiais, temos que repor máquinas. Tudo isso é caro. Somos obrigados a fazer tudo isso pelo Ministério da Saúde, e precisamos de dinheiro. Mesmo com tudo isso, muitas pessoas não conseguem entender a situação”, descreve Gerusa.     

Promotora deverá indicar interventor

Procurada pela reportagem, a primeira promotora de Justiça de Domingos Martins, Noranei Ingle, informou que foi requerida a intervenção da fundação. “O Ministério Público do Estado do Espírito Santo, através de sua Promotoria de Justiça em Domingos Martins, ajuizou ação requerendo a intervenção na Fundação Hospitalar de Domingos Martins, ante a renúncia de sua diretoria, conselho fiscal e curador, bem como em razão da grave situação financeira e administrativa pela qual passa o hospital”, finalizou a promotora.

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