Deputado autor de PL do Aborto diz não abrir mão dos pontos principais do texto
Publicado em 20/06/2024 às 10:28
Foto: Câmara dos deputados
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), autor do PL do Aborto , admitiu nesta quarta-feira (19) que o projeto pode sofrer alguns ajustes. Apesar disso, parlamentar fez questão de afirmar que não vai “abrir mão” da proposta principal do texto – a matéria equipara o estupro ao crime de homicídio simples.
“O projeto pode ser amadurecido. Contribuições para enfrentar os estupradores com mais pena, estamos dispostos a cumprir e [fazer] ajustes no texto. Nunca vi um projeto de lei entrar nesta Casa [Câmara] e sair na segunda Casa [Senado] igual entrou”, disse Sóstenes, em conversa com jornalistas nesta quarta-feira (19).
“Nós vamos ainda aprimorar todos os âmbitos que forem necessários. Mas não abriremos mão do cerne do projeto, que é defender a vida (sic) do pequeno bebê. Isso é prioridade para todos nós”, acrescentou o deputado, um dos representantes da bancada evangélica na Câmara.
Na noite da última terça-feira (18), o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), já havia adiantado que o PL será votado apenas no segundo semestre deste ano . A medida acontece após a reação negativa ao texto, que gerou mobilização nas redes sociais e protestos nas principais cidades do Brasil.
“Nós teremos mais alguns meses de debate até a votação, até a maturidade de todos. Tenho tanta confiança nesta Câmara dos Deputados, que é a legítima representante do povo, que assim como o regime de urgência foi votado sem a necessidade de votação nominal, chegaremos ao texto do mesmo jeito”, disse Sóstenes.
No evento com jornalistas, o pastor Silas Malafaia também reforçou que matéria sofrerá ajustes. “Não conheço nenhum projeto que entra aqui e é aprovado do jeito que entrou. Vai ter ajustes, vai ter debate”, disse o pastor, que também criticou as falas de Lula sobre o projeto .
“Eu fiquei vendo o Lula ontem dizer que o que nasce é um monstro. Monstro é esse estúpido, que não sabe o que está falando. Aquilo é um ser humano, que monstro, Presidente da República?”, acrescentou.
Proposta não tem aval de Pacheco
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mais uma vez criticou o PL do Aborto. Nesta terça-feira (18), o senador classificou a proposta como uma irracionalidade. Na semana passada, ele já havia dito que não iria pautar o texto.
“Evidente que uma mulher estuprada ou uma menina estuprada tem direito de não conceber aquela criança. Essa é a lógica penal. Quando se discute a possibilidade de equiparar o aborto a qualquer momento a um crime de homicídio, definido pela Lei Penal como ‘matar alguém’, isso é, de fato, uma irracionalidade. Isso não tem o menor cabimento, a menor lógica, a menor razoabilidade”, disse.
OAB diz que texto é inconstitucional
A Ordem dos Advogados do Brasil também tratou de analisar o texto. Na última segunda-feira, o órgão disse que a proposta de “inconstitucional, inconvencional e ilegal”.
O presidente da OAB também confirmou que iria conversar com Lira para barrar o projeto na Câmara.
“A criminalização pretendida configura gravíssima violação aos direitos humanos de mulheres e meninas duramente conquistados ao longo da história, atentando flagrantemente contra a valores do estado democrático de direito e violando preceitos preconizados pela Constituição da República de 1988 e pelos Tratados e Convenções internacionais de Direitos Humanos ratificados pelo Estado brasileiro”, diz o parecer da OAB.
Fonte: Portal IG