Delator afirma que PCC comprou imóveis de luxo na capital e no litoral de São Paulo

Publicado em 21/08/2024 às 13:47

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brasil 21-08 - ft rep youtube - Antônio Vinícius Lopes Gritzbach

Foto: Reprodução/Youtube

Narcotraficantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) compraram dezenas de imóveis de luxo  em São Paulo e no litoral paulista, segundo o documento entregue pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). As informações são do jornalista Josmar Jozino, do Uol.

Antônio Vinícius já havia detalhado aos promotores, em delação premiada , que a facção criminosa havia participado do agenciamento de jogadores do Corinthians e de outros clubes.

O delator disse ao Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), subordinado ao MP-SP, que Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, comprou uma cobertura no valor de R$ 15 milhões no Tatuapé, bairro onde foi morto.

Antônio Vinícius é acusado de ser o mandante do assassinato de Cara Preta em dezembro de 2021, e vai a júri popular. Ele responde ao processo em liberdade, afirma ser inocente e disse que irá contar tudo o que sabe sobre a célula do PCC no Tatuapé.

R$ 15 milhões em espécie

De acordo com o delator, Cara Preta pagou R$ 15 milhões em espécie pela cobertura na sede da construtora responsável pelo empreendimento, em um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas do PCC. Além disso, o imóvel foi colocado em nome de Ademir Pereira de Andrade.

Cara Preta também morou no Edifício Josephine, na unidade 311, que custou R$ 3,1 milhões. A escritura foi lavrada em nome de uma mulher, usada como “laranja”. Segundo o delator, o narcotraficante teria realizado diversas negociações imobiliárias no valor de R$ 180 milhões.

Antônio Vinícius afirmou ter intermediado a venda de dois imóveis no valor de R$ 5,1 mi e R$ 2,2 mi em Riviera de São Lourenço, em Bertioga, para Cláudio Marcos de Almeida, o Django, sócio de Cara Preta. Ele também foi morto em uma guerra interna do PCC, em janeiro de 2022.

Segundo o delator, os imóveis foram registrados no nome do tio dele, Douglas Silva Relva, e do primo Douglas Lopes Relva. O empresário confirmou que os valores eram de origem ilícita.

Residencial mais alto de São Paulo

Já Silvio Luiz Ferreira, conhecido como “Cebola”, é acusado de ter comprado em nome do advogado uma unidade no Edifício Camille e outro no Figueiras Altos do Tatuapé, o residencial mais alto de São Paulo, com 50 andares. Cebola é sócio de Django e de Cara Preta.

Os três são apontados como os maiores acionistas da empresa de ônibus investigada por envolvimento em lavagem de dinheiro do PCC, a UPBus. Além disso, são acusados de comandar o tráfico de drogas na Favela Caixa D’água, na região de Ermelino Matarazzo.

Na delação, o empresário adicionou que Rafael Maeda Pires, conhecido como “Japa”, agenciou jogadores de times grandes do futebol paulista até maio de 2023, quando foi encontrado morto no Tatuapé.

Desvio de R$ 100 milhões

Japa foi investigado por suposta envolvimento na trama da prisão de Antônio Vinícius pelo assassinato de Cara Preta e Sem Sangue. O empresário teria mandado matar Cara Preta porque recebeu da vítima R$ 100 milhões para investir em criptomoeda, desviou o dinheiro e o golpe foi descoberto.

De acordo com as investigações, Japa foi encontrado morto com dois ferimentos na cabeça em um Corolla preto blindado no subsolo do edifício comercial Castelhana Offices, no Tatuapé. Ele havia ido se encontrar com Ademir Pereira de Andrade.

A Polícia investiga um possível induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio – ou seja, que Japa tenha sido obrigado a se matar por ordem do “tribunal do crime” do PCC, caso contrário seria assassinado.

Apesar dessa versão, há também a hipótese de Japa ter sido morto, inclusive com a participação de policiais civis. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga essa linha.

Tribunal do crime

Após a morte de Cara Preta, o “tribunal do crime” do PCC quis investigar a morte do narcotraficante. Japa e Django foram recrutados pela facção criminosa para “presidir o júri”.

Antônio Vinícius contou que só não foi morto graças à intervenção de Django que, por agir em defesa do empresário e não ter impedido a morte de Cara Preta, foi enforcado jogado sob o Viaduto da Vila Matilde, zona leste de São Paulo, em 23 de janeiro de 2022.

A suspeita da polícia é que Japa teria ordenado matar Django e que poderia ter sido induzido pelo PCC a cometer suicídio, ou assassinado como ‘queima de arquivo’.

As delações não pouparam a Polícia Civil. O empresário contou à promotoria de Justiça que houve casos de corrupção envolvendo agentes do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e do 24º Distrito (Ermelino Matarazzo).

Apesar da delação, Antônio Vinícius foi denunciado pelo Gaeco por associação criminosa e lavagem de dinheiro. Douglas Silva, o tio dele, e Douglas Lopes, o primo, além de Ademir Pereira de Andrade, foram denunciados por lavagem de dinheiro.

Fonte: Portal IG

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