Censo revela que mais de três mil pessoas residem em favelas nas montanhas capixabas
Publicado em 02/12/2024 às 08:14
Texto: Bruno Caetano / Fotos: Freepik
O Censo 2022 revelou que mais de três mil capixabas vivem em favelas e comunidades urbanas nas montanhas capixabas, um fenômeno que antes era mais característico da Grande Vitória, mas que agora também afeta cidades do interior. Quatro municípios das montanhas capixabas aparecem no panorama do Censo por apresentarem essas comunidades: Afonso Cláudio, Marechal Floriano, Castelo e Conceição do Castelo.
Em Afonso Cláudio, por exemplo, bairros como Campo 21, Colina do Cruzeiro, Jandira Alves Giesta e Vila Nova abrigam um total de 1.850 pessoas em comunidades urbanas, enquanto Marechal Floriano, com 311 moradores no Centro, também faz parte desse cenário.
Castelo possui a comunidade Garage, com 370 residentes, enquanto em Conceição do Castelo, a comunidade Arthur Soares conta com 541 moradores. Esses números indicam que, mesmo em municípios com características rurais e menos populosos, as favelas e comunidades urbanas são uma realidade crescente.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define essas áreas como locais em que se predominam domicílios com diferentes graus de insegurança jurídica, além da escassez ou inadequação de serviços essenciais, como iluminação elétrica, abastecimento de água, esgoto sanitário e coleta de lixo regular.
A infraestrutura é, na maioria, improvisada pela própria comunidade, sem atender aos parâmetros estabelecidos pelos órgãos públicos. Além disso, essas áreas costumam estar localizadas em regiões com restrição à ocupação, como margens de rodovias, ferrovias, linhas de transmissão de energia, ou em zonas de risco e protegidas.
ESTADO – Embora o número de favelas no Espírito Santo seja menor que em outros estados do Sudeste, a proporção da população capixaba que vive nessas áreas é a maior da região, representando 15,6% dos moradores, ou seja, 15.609 habitantes a cada 100 mil pessoas. Esse índice supera o de Rio de Janeiro (13,3%), São Paulo (8,2%) e Minas Gerais (3,6%). Essa disparidade revela a alta concentração de moradores em condições de vulnerabilidade social, mesmo em um estado com uma população menor.
O Censo 2022 também marcou o retorno ao uso dos termos “favela” e “comunidade urbana” pelo IBGE, após 50 anos de terminologias alternativas. Esses termos são usados para descrever áreas com características como insegurança jurídica, precariedade nos serviços públicos e infraestrutura informal. A mudança visa reconhecer a realidade vivida pelos moradores dessas comunidades, refletindo melhor a sua condição e os desafios enfrentados no dia a dia.
Em relação ao perfil racial das pessoas que habitam essas comunidades, 61% se identificam como pretos ou pardos, uma porcentagem bem acima da média nacional. Esse dado reforça a desigualdade social enfrentada por esses grupos, especialmente em áreas vulneráveis. Além disso, os indígenas representam 11,6% dos moradores de favelas no estado, um índice superior à média nacional, o qual é de 10%.
População residente em favelas e comunidades urbanas nas montanhas
Afonso Cláudio: 1.850 moradores (Bairros: Campo 21, Colina do Cruzeiro, Jandira Alves Giesta, Vila Nova)
Marechal Floriano: 311 moradores (Bairro: Centro)
Castelo: 370 moradores (Bairro: Garage)
Conceição do Castelo: 541 moradores (Bairro: Arthur Soares)