Coluna Pomerana
Caspar David Friedrich, o maior pintor pomerano
Publicado em 10/04/2019 às 16:48
Poucos foram os pintores que reproduziram diferentes recantos da Pomerânia em telas, seja da costa báltica, seja do interior (Hinterpommern). Quero destacar um desses, que foi, sem dúvida, um dos mais importantes. Certamente as dificuldades pelas quais passou na sua vida pessoal são comparáveis às de grande parte da população pomerana.
Caspar David Friedrich, nasceu em Greifswald, no dia 5 de setembro de 1774, na época sob domínio sueco. Filho de Adolf Gottlieb, um comerciante bem-sucedido, foi educado dentro de preceitos luteranos. Já aos sete anos de idade perdeu a mãe, Sophie Dorothea Bechly. Nos anos seguintes ainda sofreu a perda de quatro irmãos, tendo sido marcado sobretudo, pela morte de um deles, Johann Christoffer, ao vê-lo afundar, em uma abertura em um lago congelado, sem poder presta-lhe qualquer auxílio.
Aos 16 anos de idade recebeu as suas primeiras aulas de desenho na Universidade de Greifswald, na Pomerânia. Já quatro anos mais tarde, em 1794 seu Pai o inscreveu na Academia de Artes de Kopenhagen (Dinamarca), onde iniciou seus estudos acadêmicos fazendo cópias de moldes em gesso. Quatro anos depois a família se mudou para Dresden, onde, graças ao seu talento, passou a desenhar folhetos.
Todos esses fatos, além da rígida educação religiosa pela qual passou, marcaram muito a sua vida. Isso também explica a melancolia que o acompanhou por toda a vida, característica essa também identificada nas suas pinturas.
Seus primeiros trabalhos foram em aquarela. Já aos trinta anos de idade passou a trabalhar com tinta a óleo. As suas diversas viagens em busca de inspiração, tanto ao interior da Pomerânia, como ao litoral do Báltico, o familiarizaram com as mais variadas paisagens e que passaram a se constituir no seu tema favorito. A atmosfera nostálgica identificada nas suas telas, com brumas e árvores secas passaram a ser muito comuns.
Em 18 de julho de 1806 o pintor se mudou para o povoado de Samtens, junto ao Mar Báltico onde produziu muitas das suas mais famosas obras. O nome de Samtens parece ser de origem eslava (wenden). Desse secular povoado, com sua igreja, sua ferraria e suas terras de pequenos fazendeiros saíam diversas pequenas estradas na direção a outros aldeamentos rurais, além de uma outra estrada que levava ao povoado de Bergen. Alguns registros antigos de cobradores de impostos mencionam o povoado de Samtens, cujo nome, se traduzido, significaria povoado solitário. Há também registros antigos de arquivos encontrados no Castelo de Stettin que apontam a praia de Sellin, na ilha de Rügen, como local de descanso da nobreza da época, durante o verão europeu.
Em 1808, depois de fazer um curso de pintura a óleo, recebeu dos condes de Thun e Honestein, a incumbência de pintar a tela A Cruz na Montanha, uma de suas obras mais conhecidas. A ousadia do artista em relacionar a paisagem com sentimento religioso e, embora tenha sido sua primeira grande obra teve grande repercussão, mas também lhe rendeu muitas críticas. Sempre procurando conhecer novas paisagens para se inspirar, visitou regiões montanhosas, o que resultou na produção de diversas obras sobre esse tema.
Em 1816 tornou-se membro da Academia de Dresden, o que também lhe garantiu uma pensão anual.
Em 1818, já com 42 anos de idade, casou com Caroline Bommer. Embora o casamento não tenha mudado a sua personalidade, a figura feminina começou a se fazer presente em suas obras. Um bom exemplo desta época é a tela Os Penhascos de Rügen, pintado após a sua viagem de núpcias.
Em junho de 1835, um acidente vascular cerebral o deixou parcialmente paralítico e, apesar de uma recuperação parcial a sua habilidade em pintar ficou consideravelmente comprometida. Por volta de 1838, já estava completamente incapacitado para a pintura e sua situação financeira foi ficando precária. Suas obras não mais eram valorizadas e, para sobreviver precisou contar com o apoio de amigos.
Em 7 de maio de 1840, quase esquecido pelo mundo da arte veio a falecer em Dresden.
Apenas na década de 1970, em exposições nas cidades de Hamburgo e Londres os críticos o reconheceram como um dos ícones de romantismo alemão e como um dos melhores paisagistas de todos os tempos e outor de obras de importância internacional.