Cacau Lorenzoni diz que receita de manter obras e investimentos em plena crise é a cautela e ajuste de contas
Publicado em 28/05/2019 às 18:59
O cenário nacional se arrasta em crise econômica, além de política. No Espírito Santo a instabilidade na economia vai tomando contornos de estagnação. A despeito disso, a Prefeitura de Marechal Floriano segue com as contas públicas em dia e ainda mantém uma capacidade de investimento, que pode ser percebida em várias obras por todo o seu território.
Para o prefeito Cacau Lorenzoni, a receita disso tem sido a cautela e o ajuste das contas públicas que sua gestão iniciou no começo do mandato em 2017. Nesta entrevista ao Montanhas Capixabas, Lorenzoni dá mais detalhes do ajuste e comenta a economia nacional e estadual. Ele destaca que o município ainda tem pernas para investir, mas pondera que o momento exige de muita atenção e cautela para garantir que as contas públicas permaneçam em dia.
Montanhas Capixabas – Prefeito, uma prioridade deste seu mandato foi o ajuste das contas públicas de Marechal Floriano. Como está a situação?
Cacau Lorenzoni – Estamos com dois anos e meio de mandato e quando assumimos as contas públicas estavam muito problemáticas, e focamos no ajuste. Posso dizer que já conseguimos acertar cerca de 70% das contas, e agora estamos trabalhando para ajustar os 30% que faltam, racionalizando gastos e economizando. Até o final do mandato queremos deixar isso resolvido. Isso vem sendo possível graças ao empenho de toda a administração municipal.
“Não é brincadeira. A economia estava projetada para crescer 2,5% ao ano e agora a previsão é 1%, e nem se sabe se vai crescer isso”
Esse ajuste então segue como prioridade?
Sim, ainda precisamos reajustar mais. Os próprios governos, federal e estadual, estão falando em cortes na economia e no orçamento. A economia está estagnada, não está crescendo e com isso gera déficit orçamentário. O gestor tem que tomar muito cuidado ao manusear os recursos públicos para chegar ao final do mês sem permanecer contas a pagar. Não é brincadeira.
A economia estava projetada para crescer 2,5% ao ano e agora a previsão é 1%, e nem se sabe se vai crescer isso. Estamos estagnados, a taxa de desemprego é muito grande tanto no país, como no Estado e municípios. Tudo isso reflete em queda na arrecadação.
É o caso de Marechal também?
Certamente. Em Marechal Floriano a arrecadação está estagnada há um ano e meio, isso gera desconfiança, insegurança para investimentos. É preciso se adequar ao momento. A própria CNM (Confederação Nacional dos Municípios) orienta muito cuidado daqui para frente, pois a economia continuará a cair.
O que significa essa desconfiança, insegurança para investir?
Hoje ninguém quer mais fazer despesas permanentes, o maior perigo hoje na Administração Pública – com essa economia, com o PIB (Produto Interno Bruto) baixíssimo – é fazer despesas permanentes, que é ter que pagar todo mês uma certa despesa fixa, o custeio. No atual momento econômico está todo mundo com o pé no freio, com medo do que pode vir.
“Prefiro ser centrado e ter no final do mês minhas contas todas pagas”
Mas ate agora a sua Administração vem conseguindo manter as contas em dias com fornecedores, com os servidores e ainda tem fôlego para investir em novas obras. Isso é efeito do ajuste que citou?
Exatamente. Com o ajuste que estamos fazendo ainda temos capacidade de investimento, mas não sabemos até quando, com a economia em queda. Hoje ainda estamos com nossa capacidade de investimento boa.
Estamos calçando várias ruas, fazendo creche, reformando posto de saúde, fazendo posto de saúde novo, praças novas, melhorando o sistema de saúde com pediatras, com pequenas cirurgias, com pronto atendimento 24 horas. Então estamos atravessando essa crise com uma boa sustentabilidade, com os recursos que economizamos desde o início do mandato.
“Estamos calçando ruas, fazendo creche, reformando e fazendo posto de saúde, praças novas, melhorando o sistema de saúde”
Então cautela é a palavra de ordem para os próximos meses?
Estamos ainda com capacidade de investimento, o gestor hoje tem que ter muito cuidado para não fazer despesa permanente por conta da crise, com a arrecadação baixa tem que se pisar no freio diferente de quando se tem a arrecadação em alta e se acelera. Isso depende de cada gestor. Tem quem goste de pagar para ver, eu não, prefiro ser centrado e ter no final do mês minhas contas todas pagas. Essa cautela e ajuste explicam nossa atual capacidade de investimento.