Brasil vai crescer menos que 2,1% em 2022, diz presidente do Banco Central
Publicado em 30/11/2021 às 14:51
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que a instituição vai diminuir sua projeção de crescimento para 2022, mas que não será tão baixa quanto a do mercado. A atual mediana do relatório Focus, que reúne as expectativas de mercado, é de alta de 0,58% no PIB no próximo ano.
A última projeção do BC é de crescimento de 2,1%, que consta no Relatório de Inflação divulgado em setembro. O próximo documento será divulgado em dezembro.
“O Banco Central tinha um último número no relatório de inflação de setembro, vamos ter um número em duas semanas, vai ser mais baixo que 2,1%, mas não estamos tão baixo quanto essa mediana do Focus. Entendemos que tem alguns componentes que nos fazem crer que vai ser um pouco melhor do que isso”, disse Campos Neto em um evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Na visão do BC, há fatores que devem diminuir sua previsão de crescimento, como a incerteza fiscal mais elevada e a perspectiva de aumento de juros, mas há prognósticos favoráveis para agropecuária e indústria extrativa, além de uma expectativa de normalização da oferta de insumos.
No mesmo evento, Campos Neto ressaltou, como já vinha fazendo, que há um questionamento dos investidores sobre qual é o crescimento estrutural que o país pode entregar nos próximos anos. Segundo ele, o dinheiro no mundo hoje procura disciplina fiscal com crescimento estrutural.
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“Como é que a gente faz com que exista essas condições, essa credibilidade, para que o crescimento estrutural seja mais alto? Acho que é um tema de continuação de reformas, um tema de continuação fiscal que mostra que existe um arcabouço fiscal que a gente vai seguir e que tenha credibilidade”, disse.
Moeda digital
O presidente do BC ainda ressaltou que o desenvolvimento do Real digital está bastante avançado e deve ter um piloto pronto no segundo semestre de 2022.
“Vamos começar a testar. Problemas que vínhamos tendo que corriam a base de crédito dos bancos em termos de balanço, a gente já imagina uma solução que vai fazer com que isso não aconteça. A gente tá bastante avançado na escolha de tecnologias”, disse.
O Real Digital será uma versão virtual da moeda que já existe e deve permitir algumas inovações em seu uso, como em contratos inteligentes, na Internet das Coisas (Internet of Things, IoT) e em compras internacionais, como mostrou O GLOBO.