Análise do MDS fornece informações para a inclusão de pessoas em situação de rua
Publicado em 11/12/2024 às 14:36
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Em agosto de 2024, o Cadastro Único registrou 298.071 famílias em situação de rua, somando 308.277 pessoas em um universo de 94.587.894 inscritos, distribuídos entre 40.811.422 famílias. Esses dados foram divulgados nesta quarta-feira (11) durante o lançamento da 37ª edição do Caderno de Estudos, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
O estudo aponta um aumento significativo na população em situação de rua, que em 2018 era de 116.799 pessoas cadastradas. Entre os fatores identificados estão a falta de dados padronizados e consistentes, dificultando a inclusão dessa população em políticas públicas externas, como as econômicas e climáticas.
O ministro Wellington Dias destacou que o diagnóstico busca aprimorar as políticas públicas. “Hoje, além de lançar este importante caderno, apresentamos também o avanço no trabalho iniciado em janeiro do ano passado, culminando no Plano Ruas Visíveis”, afirmou.
A produção e gestão de dados são pilares dessa política pública, desenvolvida pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre a população em situação de rua, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O caderno abrange dez temas, desde questões conceituais até desafios para caracterizar essa população, além de abordar políticas públicas em andamento e sua integração com programas como o Bolsa Família.
Desigualdades
O estudo também evidencia a diversidade dentro da população em situação de rua, incluindo mulheres, idosos, crianças, adolescentes, pessoas LGBTQIA+, além de indivíduos com deficiência. Dados do Cadastro Único mostram diferenças significativas, como as maiores chances de jovens, analfabetos, negros e indígenas dormirem nas ruas, enquanto brancos são mais frequentemente encontrados em abrigos. “A rua é mais racializada que os albergues, embora a maioria em ambas as situações seja negra”, aponta o relatório.
Para a ministra Macaé Evaristo, os dados reforçam a necessidade de políticas mais eficazes. “A população em situação de rua não é um fenômeno apenas brasileiro. Ele reflete questões raciais e disputas éticas e étnicas geradas pelo racismo”, ressaltou.
Apesar do avanço na análise, o estudo destaca a necessidade de ampliar a base de dados, já que o Cadastro Único não abrange toda a população brasileira. Como conclusão, sugere-se a realização de um censo nacional e a integração de dados administrativos para fundamentar políticas públicas mais efetivas.
Fonte: Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil