Administrador é pré-candidato a prefeito em Domingos Martins
Publicado em 02/09/2020 às 13:20
Pré-candidato a prefeito de Domingos Martins, Fernando Figueiredo de Araujo é um novo nome na política municipal. Ele é casado com a professora Sonia Bermond, do distrito de Ponto Alto. Fernando contou que a família Figueiredo é de Afonso Cláudio. Seu avô, da família Gomes Figueiredo, migrou para o Rio de Janeiro. O sobrenome Araújo, assim como o Figueiredo, é de origem portuguesa. Seu bisavô era professor e padre em Coimbra, quando se apaixonou por uma brasileira e migrou para o Brasil.
Fernando nasceu no Rio de Janeiro, mas depois de formado, se mudou para Domingos Martins. Em 1986, em uma festa de Corpus Christi, se encantou com a cidade. Morou em Ponto Alto, 14 anos em Tijuco Preto e desde 2011 mora em Pedra Azul, distrito de Aracê. Em entrevista ao ao Portal Montanhas Capixabas e ao jornal O Noticiário, Fernando conta um pouco sobre o que o motivou a disponibilizar seu nome como pré-candidato e seus pensamentos para o futuro do município.
Montanhas Capixabas – O que te motivou a colocar seu nome como pré-candidato a prefeito em Domingos Martins?
Fernando Figueiredo de Araujo – A minha motivação vem da vontade de utilizar a política como instrumento de transformação social. Vejo que Domingos Martins precisa de uma oxigenação política e quero, através de minha formação e conhecimento técnico, contribuir com o desenvolvimento do município.
Fundamos em 2003 a Associação de Moradores e Produtores de Tijuco Preto. Por meio dela, conseguimos vários benefícios para a comunidade. Fui presidente, de 2006 a 2008, da Associação Centro Serrana de Apicultores. Na época, além da reforma da instituição, conseguimos o Selo de Inspeção Municipal (SIM) para o mel produzido, além de rótulos e embalagens, proporcionando a comercialização segura dos produtos.
O município precisa de um gestor que queira modificar a maneira como se administra, e é necessário implementar ideias inovadoras que possam fazer uma cidade mais atraente no sentido de investimentos públicos, tanto na área urbana como no interior. Estamos seguindo o mesmo modelo de administração há trinta anos e é preciso mudanças.
Tenho formação centrista para a ideologia política, fui presidente do PV, entre 2006 a 2008, e hoje estou à frente do PDT, desde 2015. Ambos os partidos são de centro. Meu posicionamento é um Estado na medida certa, principalmente na saúde, na educação e na proteção do indivíduo, e o incentivo à iniciativa privada para promover todo tipo de desenvolvimento.
O senhor é produtor de mel na região. O que te incentivou a iniciar na atividade?
Uma vez em Ubu, localidade de Anchieta, fui convidado a retirar um enxame de abelhas em um barranco, juntamente com Márcio Neves, de Paraju e Marcelino Amorim, de Tijuco Preto. A partir daí, eles começaram a se interessar pela apicultura e eu sempre fui um aprendiz. Hoje, tenho uma fábrica artesanal de cera alveolada, em Pedra Azul, e forneço o produto para todos os apicultores da região. Já são 34 anos na atividade e eu já cheguei a ter, em parceria, 150 caixas de abelha.
Como é conciliar a produção agrícola com a sua atuação na Petrobras?
Na apicultura, nunca se trabalha sozinho, sempre tivemos parcerias, principalmente na produção de mel. Minha atuação na apicultura se faz mais presente com a produção artesanal da cera alveolada, ou seja, o que compõe o famoso favo de mel. Como minha escala na Petrobras sempre foi 14 dias na plataforma e 21 em casa, tenho tempo para atuar na fábrica de cera. Caso seja eleito para administrar o município, pegarei uma licença não remunerada. da Petrobras para me dedicar em tempo integral ao município.
Na sua opinião, o que poderia ser feito para fortalecer o setor agrícola do município?
Nosso município tem um enorme potencial agrícola, prova disso é a diversificação da produção de alimentos como café, grãos, hortifrutigranjeiros e tantos outros, sendo o mais importante setor da nossa economia. É preciso debater, juntamente com o agronegócio, soluções para impulsionar o mercado desse setor, abrindo as portas do município para novas opções de comercialização da produção, inclusive a exportação, considerando a alta qualidade dos produtos.
Ter um ensino técnico voltado ao agronegócio e uma escola técnica agrícola é um sonho de muitas famílias. Há também ações que poderão contribuir muito com o interior, como a construção de três fábricas de blocos de PAVI-S, em Aracê, Ponto Alto e na região de Chapéu. Com essas fábricas é possível pavimentar muitas estradas rurais, onde hoje o acesso é ruim. É possível buscar parceria estadual para viabilizar essas fábricas.
Estradas de boa qualidade ajudam a escoar a produção agrícola, contribui com o transporte escolar e com o turismo, além de reduzir as manutenções dos veículos. Os produtores também reclamam da burocratização de muitos procedimentos, e isso é um entrave ao setor, tendo em vista a demora em emitir licenças ambientais e dificuldades como o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), para a comercialização de banana e citros.
As prefeituras precisam cada vez mais assumir as licenças ambientais e sanitárias para agilizar esses processos. Alguns procedimentos simples que nem necessitam de visitas demoram muito tempo para serem liberados, atrasando todo o processo de produção de mercadorias. É preciso levar para o interior as mesmas condições da cidade, no que se refere à educação, saúde, tecnologias e acesso aos serviços. Temos que incentivar a permanência dos jovens no campo, pois mesmo durante a pandemia, o agronegócio cresceu e vai continuar crescendo.
O turismo tem crescido muito no município. Na sua visão, o setor é importante para o desenvolvimento do município?
O turismo é um dos alicerces da economia em Domingos Martins. Além das festas tradicionais, é preciso incentivar o turismo esportivo, o religioso e o cultural. O município precisa de um centro de eventos para dar um formato melhor às festas e atender aos turistas e moradores. A aglomeração que acontece em volta da praça principal de Campinho precisa ser repensada. É preciso buscar formas de ajustar os eventos para evitar os engarrafamentos e transtornos para moradores e turistas.
A mobilidade urbana é um incômodo para o morador do centro, como a falta de estacionamento e o fechamento de ruas em alguns períodos de eventos, o que dificulta o dia a dia da cidade. Com um centro de eventos, o número de turistas poderá aumentar e os transtornos serão reduzidos. Outra ideia é tentar viabilizar, através de parcerias, a instalação da rodoviária de Campinho, na chegada da cidade. É preciso incentivar um turismo que dê um maior ganho para todo o comércio, mantendo a qualidade de vida para os moradores, sem barulho excessivo, e quem sabe resgatando até uma parte daquela Domingos Martins mais bucólica.
Por que não pensar em buscar uma melhor localização para o campo de futebol e utilizar aquele espaço tanto para um centro de eventos, como também para um estacionamento? Havendo essa possibilidade legal, os turistas e moradores serão atendidos.
Além disso, é preciso incentivar a acessibilidade e estrutura para que o turista se sinta atraído para conhecer o interior do município e as rotas do agroturismo, unindo os dois setores que crescem a cada dia.
O turismo esportivo deve ter sua prioridade, da mesma forma que eventos como passeios ciclísticos, rafting, escaladas e eventos de competição, para atrair pessoas de outras cidades, além do turismo religioso que também deve ser incentivado, principalmente para as regiões do interior.
E falando na parte cultural, é preciso levar atividades da escola de música para o interior e valorizar os grupos de danças e a Casa da Cultura. Temos que identificar os talentos da cidade para valorizá-los.
A educação tem um papel fundamental no desenvolvimento de um município, e Domingos Martins tem diversas escolas urbanas rurais. Como é possível fortalecer ainda mais essa importante área?
A educação é o carro chefe para todo gestor público que pensa em administrar bem uma cidade. É o futuro de nossos filhos, netos e até bisnetos que está em jogo. Todo investimento na educação tem que ser otimizado. A educação em Domingos Martins é tida como referência em todo o Estado e até com premiações em nível nacional. É uma área que temos que reconhecer como de excelência, mas que ainda há muito a ser feito.
Há a dedicação de todos os profissionais da educação, como dos professores, pedagogos, serventes, merendeiras e dos profissionais do transporte escolar. É um conjunto de pessoas, que apesar das dificuldades, têm se desdobrado para cuidar e ensinar de uma maneira exemplar.
Na minha família, tenho três pessoas que atuam na educação. Minha esposa e uma filha são professoras e outra filha é estudante de pedagogia e auxiliar de creche. Há muitos pontos que podem melhorar. Devemos descobrir as vocações de cada aluno, para direcionar de uma forma mais efetiva a sua formação para profissões mais prazerosas.
Eu acredito que outro ponto de melhoria já seria no próprio processo seletivo. De uma maneira legal, de acordo com o Ministério Público e dentro da legislação, precisam os encontrar maneiras de direcionar os cargos aos profissionais de nossa cidade, valorizando o profissional que conhece de fato a nossa realidade.
Outro ponto a ser amplamente debatido é o transporte escolar. Os alunos precisam de um serviço seguro e eficaz, que só será alcançado se o poder público der condições para que isso aconteça, cuidando das estradas para diminuir a manutenção dos veículos e reavaliando o valor do repasse por quilômetro rodado.
Enfim, temos uma educação muito boa, devido aos profissionais, mas há vários pontos a serem repensados. Devemos pensar em implantar disciplinas com a “economia doméstica” e algo como oficinas para aprender o “faça você mesmo”. Algo pode ser aproveitado também da Pedagogia Waldorf, que procura integrar o desenvolvimento físico, espiritual, intelectual e artístico dos alunos.
O objetivo é desenvolver indivíduos livres, integrados, socialmente competentes e moralmente responsáveis. As escolas e professores devem possuir autonomia para determinar o currículo, a metodologia e a governança. Atividades extracurriculares como o turismo e empreendedorismo também devem ser pensadas.
Estamos vivendo um momento de pandemia em que a saúde pública está sendo colocada à prova. O senhor acha que os investimentos na saúde serão potencializados? O que poderia ser feito para contribuir ainda mais para a qualidade do serviço de saúde prestado à população?
Os investimentos devem ser realizados tanto no âmbito financeiro, quanto no pessoal. A começar pela indicação de secretários que devem possuir formação na área e que vivenciem as dificuldades do dia a dia nas respectivas pastas. Assim será possível dar soluções mais ágeis à população que necessita de um atendimento médico, cuidadoso e humanizado.
Essa pandemia deixou clara a determinação e coragem dos profissionais da saúde, ao mesmo tempo em que mostrou várias fragilidades na gestão da saúde pública, que devem ser trabalhadas a curto, médio e longo prazo. A atenção à saúde básica, os investimentos para a Estratégia de Saúde da Família (ESF), cuidado com o saneamento básico e a agilidade nos exames são pontos que precisamos debater com urgência. A saúde precisa estar preparada para dar retorno imediato às pessoas, até mesmo no acesso a medicamentos.
Esses são exemplos de ações que podem e devem ser priorizadas na gestão da saúde. Com a abertura prevista para 2021 da unidade da Rede Cuidar em Aracê, deverá haver uma redução do translado de pacientes para a Grande Vitória, já que teremos mais especialidades médicas e exames sendo feitos em nossa região, além de reduzir o tempo na fila de espera para realização de exames.