Nosso Direito
A melhor forma de arruinar a vida dos filhos e dos netos
Publicado em 28/07/2021 às 08:09
A vida como Defensor Público aqui no Pará tem reforçado muitas das minhas convicções, de formas diferentes.
Um dos assuntos que mais me angustia é a forma como os pais e avós cuidam dos seus filhos e netos, respectivamente.
Recentemente este assunto voltou à minha mente, ora em uma audiência, ora em atendimento que fiz a assistido na própria Defensoria.
No primeiro caso, substitui o amigo Defensor, que estava em itinerância em outra Comarca, em audiência criminal, em que o cidadão foi denunciado por tentativa de homicídio. Ao ouvir a vítima da suposta tentativa, sua mãe, ela, para livrar o filho da cadeia, já que ele se encontrava preso provisoriamente, inventou história perante o Juiz, mentira, posteriormente, confirmada pelo próprio processado em seu interrogatório. O membro do Ministério Público terminou por pedir a desclassificação da imputação para crime de lesão corporal. Não se sabe ao certo o que ocorreu, mas, indubitavelmente a mãe está contribuindo muito para o seu filho ter uma visão distorcida do mundo em que vive, ao ensiná-lo a defender mentiras.
Em outro caso, atendendo assistida e sua filha que agendaram horário para se informarem sobre suposto inventário a ser aberto, a senhora mais velha, mãe da outra mulher, me relatou que possui filho de cerca de 40 (quarenta) anos de idade, que, não trabalha e administra as contas da mãe, dizendo o que ela pode ou não fazer, e quem ela tem direito de receber em sua casa, sem prejuízo de lhe impedir de exercer a sua vontade emprestando dinheiro para uma das filhas construir a sua casa.
Outro caso que já tomei conhecimento foi de quarentão que precisa de ajuda dos seus pais para bancar a vida nababesca que leva sua genitora e filhos. É o caminho do fim do mundo!
Infelizmente a superproteção que as mães e os avós concedem aos seus filhos e netos, respectivamente, que ora vivem da herança em vida de seus ascendentes, ora de serem bancados por eles em seus caprichos, por certo produzirá uma geração de pessoas fracas e que não aceitam frustrações, pois estão acostumadas com o famoso “passar a mão” em suas cabeças.
Que cada um pense no que está fazendo com o seu filho e neto, pois devem existir mais “nãos” do que “sims” na criação de crianças e adolescentes, sob pena de serem arruinadas as vidas destes descendentes.
Jairo Maia Júnior é Defensor Público no Estado do Pará.