Febraban confirma ameaça do presidente da Caixa após manifesto da Fiesp

Publicado em 01/10/2021 às 06:50

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Resposta foi dada ao MPF, que abriu investigação para apurar se Pedro Guimarães usou seu cargo como dirigente do banco, para pressionar empresários
Antonio Cruz/Agência Brasil

Resposta foi dada ao MPF, que abriu investigação para apurar se Pedro Guimarães usou seu cargo como dirigente do banco, para pressionar empresários

Em resposta ao Ministério Público Federal (MPF), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) confirmou que o  presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, atuou para evitar a adesão da entidade a um manifesto que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) publicou no início de setembro pedindo harmonia entre os Poderes da República. Segundo a Febraban, Guimarães sugeriu que o banco público poderia se desfiliar da Febraban.

A Febraban informou que Guimarães, “em contatos informais”, antecipou sua posição contrária à adesão ao manifesto. De acordo com a resposta da institução ao MPF, Guimarães informou que, “caso ocorresse (a adesão ao manifesto), haveria a desfiliação da Caixa Econômica Federal do quadro associativo da Febraban, o que, no entanto, não restou formalizado junto a esta Federação”, segundo trecho da documentação enviada pela Febraban.

Em nota, a Febraban informou que “se limitou a responder a questionamentos do Ministério Público Federal, relatando o ocorrido”. Segundo a Febraban, não foi utilizada na sua resposta o termo “ameaça” para se referir a conduta de Guimarães.

As informações foram prestadas em investigação aberta pela Procuradoria da República no Distrito Federal em setembro para apurar se Guimarães usou sua posição no banco público para exercer pressão indevida contra empresários e lideranças da Fiesp e da Febraban contra o manifesto, que ele julgava ser crítico ao presidente Jair Bolsonaro.

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Além da Caixa, o Banco do Brasil também ameaçou deixar a Febraban caso a entidade assinasse o manifesto, como mostrou o colunista do GLOBO Lauro Jardim, em 28 de agosto. Ainda assim, os dirigentes da entidade, formada pelos principais bancos do país, mantiveram apoio ao documento.

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Como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, dias depois, o presidente da Caixa chegou a ameaçar os bancos privados de perder negócios com o governo se assinassem o manifesto da Fiesp. Guimarães telefonou para presidentes de pelo menos duas instituições financeiras e sugeriu que eles poderiam ser excluídos de negócios com o governo — como mandatos para representação de ofertas de títulos e ações de empresas públicas na Bolsa de Valores — caso assinassem o documento.

Ao decidir abrir a investigação, o MPF informou que as condutas do presidente da Caixa poderiam tolher “a liberdade de expressão de seus membros e ameaçando com medidas que violam o princípio da livre concorrência”.

Embora tenha sido negociado no fim de agosto, às vésperas do aumento da tensão entre os Poderes e do ato de apoio a Bolsonaro marcado para 7 de setembro, o manifesto “A Praça é dos Três Poderes” foi publicado em 10 de setembro. O texto teve assinatura de mais de 270 entidades, mas não contou com endosso da Febraban.

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